Copom, feriado e payroll ditarão a rumo do Ibovespa na próxima semana

Passado maio turbulento, analista começa a ver Bolsa em seu preço justo, mas agenda não dará trégua para dias mais calmos no mercado

Paula Barra

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SÃO PAULO – O rali de abril do Ibovespa parece que foi passageiro, como grandes gestores e analistas já vinham falando desde a virada do mês. Só para citar alguns nomes, Luis Stuhlberger, do famoso do Fundo Verde, e Marcelo Kayath, diretor responsável por renda variável para América Latina do Credit Suisse, apontaram na ocasião que os preços haviam fugido dos fundamentos e o Ibovespa estava “caro”. A resposta veio agora: com a queda de 6,17% em maio – no segundo pior mês da Bolsa em de 2015. Junto com ele, 20 ações registraram seu pior desempenho mensal no ano

Isso porque em abril o índice se beneficiou da maior entrada de estrangeiros na Bolsa em mais de dois anos e em maio esse fluxo já foi bem mais ameno. Além do que as grandes resposáveis pelo rali – Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3; VALE5) – perderam seu brilho, enquanto os bancos, que correspondem por boa parte do Ibovespa, desabaram após o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciar o aumento do CSLL (Contribuição sobre o Lucro Líquido), que impactará diretamente o lucro líquido das instituições financeiras e seguradoras.  

“Em maio não vimos um movimento tão vigoroso com as commodities, enquanto muitos agentes de mercado, assim como nós, começaram á projetar queda, o que acabou pesando nas ações de grande peso no índice”, disse Luis Gustavo Pereira, analista-chefe da Guide Investimentos. E, por isso, ele acredita ser difícil que os preços de Petrobras e Vale se sustentem forte no mês seguinte, a não ser por eventos não recorrentes, como venda de ativos da Petrobras ou novo fechamento de capacidade no mercado de minério, mas o que ele considera pouco por provável. 

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Para Pereira, a Bolsa nesse patamar está bem próxima de seu preço justo. “Nosso modelo aponta que o preço justo do Ibovespa é no patamar de 55.400 pontos e a Bolsa está bem perto disso (fechou essa sexta-feira a 52.760 pontos) e considerando que o cenário econômico não está dos melhores, em meio a um ciclo ainda de alta dos juros, acredito que esteja em um ponto interessante”, comentou. “Em maio vimos um mercado caro e essa correção foi importante”. 

Ele reforça, no entanto, que não acredita que o mercado esteja olhando a Bolsa como “barata” até porque as perspectivas para o lucro das empresas não são animadoras. “Estamos neutros”, frisou. 

E o que esperar para a próxima semana?

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A agenda tumultuada não deve dar trégua na próxima semana, apesar do feriado na quinta-feira (4) que deixará a Bovespa fechada. 

Na segunda-feira, o mercado ficará atento aos dados norte-americanos, com PCE, ISM Industrial e o discurso do vice-presidente do Federal Reserve, Stanley Fischer. Nesta semana, Fischer disse que as taxas de juros dos Estados Unidos podem subir ainda esse ano, mas que irá analisar antes o cenário com cuidado. Hoje, os EUA revisaram o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre, que encolheu 0,7% frente ao trimestre anterior, em termos anualizados. A primeiras estimativa para o trimestre divulgada em abril, indicava expansão de 0,2%. O dado ainda será revisado uma segunda vez, em junho. 

Por aqui, o foco no primeiro dia útil da semana fica com o relatório Focus e o PMI Industrial. 

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A terça-feira será mais enfraquecida de indicadores, voltando a ganhar força na quarta-feira, com o ADP e Livro Bege nos Estados Unidos, que também darão sinalizações ao mercado sobre o quando o Fed poderá começar a subir os juros. Dados que serão analisados com atenção. Por aqui, o foco fica com o desfecho da reunião do Copom (Comite de Política Monetária). O Credit Suisse espera que o Banco Central eleve a Selic de 13,25% para 13,75% ao ano, decisão que seria compatível com os comentários mais recentes de membros do Copom, que sinalizam a necessidade de elevação adicional dos juros, visando reduzir a inflação para 4,5% (centro da meta) em 2016.

A quinta-feira não terá negociação no Brasil, com os investidores podendo acompanhar a movimentação dos ADRs de empresas brasileiras negociadas na Bolsa de Nova York, com a agenda retomando na sexta-feira, com a divulgação do importante Relatório de Emprego nos EUA. 

Segundo José Faria Júnior, diretor de câmbio da Wagner Investimentos, esses eventos, além de votações no Congresso e acordo na Grécia, são de extrema importância para o mercado e ajudaram a definir o novo patamar de equilíbrio do dólar, que disparou para R$ 3,19 nesta sexta-feira. 

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