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SÃO PAULO – Em pouco mais de um mês, as ações da Petrobras (PETR4) engataram uma forte – e inesperada – disparada na Bovespa, acumulando entre 16 de março e esta segunda-feira (20) uma valorização de 57,8%, saindo de R$ 8,30 para os atuais R$ 13,09. Mesmo diante de tantas polêmicas e escândalos que surgiram neste período, os investidores enxergaram nas cotações atuais do ativo uma relação “risco x retorno” bastante atrativa, sobretudo após os rumores sobre vendas de ativos para melhorar a saúde financeira da estatal e após a tão esperada confirmação da divulgação do balanço de 2014 para 22 de abril (próxima quarta-feira) após o fechamento do pregão.
Se no mercado de ações a disparada da Petrobras foi impressionante, o desempenho no “controverso” mercado de opções chega a ser inacreditável aos olhos de quem não está familiarizado. A pegar como exemplo a opção “PETRD11”, que dava o direito de comprar ações da petrolífera até hoje ao preço de R$ 11,16: esses contratos subiram mais de 2.000% entre o vencimento dos contratos de março e de abril.
Na prática: quem comprou R$ 100 deste contrato na 3ª segunda-feira de março embolsou R$ 1.925, caso ele tenha vendido esta opção no fechamento da última sexta-feira (17) (ver tabela abaixo).
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Ticker | Explicação | Cotação 16/03/15 |
Cotação 20/04/15 |
Variação | Quem aplicou R$ 100… |
PETRD10 |
Opção de comprar |
R$ 0,16 | R$ 3,08 | +1.825% | Ficou com R$ 1.925,00 |
PETRD11 | Opção de comprar PETR4 a R$ 11,16 |
R$ 0,09 | R$ 1,90 | +2.011% | Ficou com R$ 2.111,11 |
PETR4 | Ação preferencial da Petrobras |
R$ 8,46 | R$ 13,09 | +54,6% | Ficou com R$ 154,73 |
Mas antes de se empolgar e sair comprando opções da Petrorbas, conheça melhor esse mercado e entenda os riscos existentes:
1) O que é uma opção?
A opção é um derivativo negociado na Bolsa de Valores. E como qualquer derivativo, seu preço “deriva” da oscilação do ativo ao qual ela se lastreia – no caso de uma opção de ação, o contrato varia de acordo com as oscilações desta ação na Bovespa.
Quem compra uma opção está adquirindo o “direito” de comprar ou vender alguma ação; já quem vende a opção tem a obrigação de atender a exigência daquele que comprou o contrato. Ou seja: se você vendeu uma opção de compra e essa opção for exercida, você terá que vender essa ação ao detentor da opção pelo preço estabelecido; se você vendeu uma opção de venda e ela for exercida, você terá que comprar esta ação ao preço estabelecido.
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2) O que é uma opção de compra? E uma opção de venda?
Existem dois tipos de opções: de compra (call) e de venda (put). Quando um investidor compra uma “call”, ele está adquirindo o direito de comprar uma determinada ação a um preço já estabelecido (que é preço de exercício, ou “strike”) até um dia de vencimento já firmado. Para o investidor que compra uma “put”, ele está adquirindo o direito de vender uma ação até um dia determinado a um valor já estabelecido.
3) O que significam as letras e números de uma opção?
Tanto para “call” como para uma “put”, todas as informações sobre o ativo, o preço de exercício e o vencimento já estão explícitos no contrato. As 4 primeiras letras denominam qual ação é o alvo da opção; a 5ª letra define se é uma opção de compra ou de venda e qual o vencimento da mesma; já os números definem qual o preço estabelecido para exercer este direito.
Pegando por exemplo a “PETRD10“, citada acima:
> PETR: a opção refere-se à ação da Petrobras
> D: é uma opção de compra com vencimento em abril (ver tabela de vencimentos abaixo)
> 10: define o preço de exercício da opção (obs: nem sempre o número explícito no contrato é exatamente o “strike” exato de uma opção: no exemplo citado, o preço de exercício é R$ 10,16).
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4) Quando vence uma opção?
As opções de ações vencem toda 3ª segunda-feira do mês. Em meses em que há um feriado na 3ª segunda-feira, o vencimento é antecipado para a 2ª segunda-feira. Os meses de vencimento de uma call ou uma put são definidos por uma letra, conforme pode ser vista na tabela abaixo:
Mês de vencimento |
Call | Put |
Janeiro | A | M |
Fevereiro | B | N |
Março | C | O |
Abril | D | P |
Maio | E | Q |
Junho | F | R |
Julho | G | S |
Agosto | H | T |
Setembro | I | U |
Outubro | J | V |
Novembro | K | W |
Dezembro | L | X |
5) O que influencia no preço de uma opção?
Obviamente, o preço de uma opção varia de acordo com a distância da cotação atual da ação e seu “strike” – no caso de uma opção de compra: quanto menor for o strike em relação ao preço da ação, mais cara será esta opção.
Mas o preço de uma opção também considera outros dois quesitos importantes: tempo e volatilidade. Quanto maior o tempo de distância para o vencimento da opção, maiores as chances de em algum momento o contrato estar “dentro do dinheiro” – isto é, quando vale a pena exercer a opção. Da mesma forma, quanto mais volátil for o comportamento desta ação na Bovespa, maior é a possibilidade de que a opção fique dentro do dinheiro em determinado momento, o que acaba encarecendo o preço da opção.
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6) Quando posso negociar opções?
As opções podem ser negociadas durante o pregão regular da Bovespa (das 10h às 17h). Importante: você não pode negociar opções no dia que elas vão vencer. As opções com vencimento no mês vigente só podem ser negociadas até um dia antes do exercício.
Opções: centavos de ouro ou “cemitério de malandro”?
Agora que você já sabe melhor o que é o mercado de opções, vamos ver os riscos existentes neste mercado – e entender porque ele recebe esse apelido de “cemitério de malandro”.
Para não deixar a explicação tão longa, vamos tomar um exemplo prático com a já citada PETRD10: cada contrato desta opção dava o direito de comprar uma ação Petrobras PN a R$ 10,16 até 20 de abril. Então quanto mais acima de R$ 10,16 estivesse o preço de PETR4 na Bovespa, mais esta opção iria se valorizar. E foi exatamente isso que aconteceu nos últimos 30 dias, já que a ação da Petrobras saiu da faixa abaixo de R$ 10,16 para ficar bem acima do strike (veja o comportamento do preço desta opção no gráfico abaixo):
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No entanto, caso o investidor comprasse uma “call” cujo strike fosse de R$ 14, essa opção não seria exercida hoje e teria “virado pó” (expressão usada no mercado de opções para definir quando um contrato perde totalmente seu valor). O que isso significa na prática? Uma perda de 100% do capital investido!
Para quem levar em conta o exemplo citado na tabela: pode até questionar que “correr o risco de perder R$ 100 pode até ser satisfatório se você tiver a chance de ganhar mais de R$ 2.000 com a operação”. É aí que mora o perigo.
Boa parte das histórias de investidores que quebraram na Bolsa tem como pano de fundo o mercado de opções: o excesso de confiança e a vontade de ganhar muito dinheiro quase que instantaneamente levam investidores com menor conhecimento a colocarem quase todo seu capital disponível para investimentos em uma “jogada de ouro” no mercado de derivativos. Contudo, se o trade der errado, a sua perda será de 100% – em outras palavras: “game over”.
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