5 notícias que explicam por que março voltou a ser o mês dos vendedores na Bolsa

Índice cai em 4 dos 5 pregões da semana que foi marcada por grandes acontecimentos como os bombardeios da Arábia Saudita no Iêmen, PIBs e manutenção do rating brasileiro

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou a semana em queda de 3,60% e praticamente consolidou as perdas para o mês de março, que chegou a ter um alívio depois da reunião do Fomc (Federal Open Market Comittee), que trouxe uma perspectiva de juros aumentando de maneira mais gradual e suave nos Estados Unidos. Já os últimos cinco dias foram de pessimismo aqui e lá fora com bombardeios no Iêmen, PIBs (Produto Interno Bruto), fala do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini e derrocada do minério. Tudo isso pesou tanto que nem a manutenção do rating brasileiro pela S&P trouxe algum alívio. 

Veja os cinco acontecimentos que marcaram a semana na Bolsa:

1. PIB(s)
Esta sexta-feira (27) já começou agitada com a divulgação dos PIBs brasileiro e dos Estados Unidos. No nosso caso, a soma dos bens e serviços produzidos no último trimestre de 2014 foi 0,3% mais alta do que a do trimestre anterior e 0,2% menor do que a do quarto trimestre de 2013.

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No ano, o resultado foi um avanço de 0,1%, o que superou as expectativas dos analistas, mas com ressalvas. A gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimentos, Patricia Pereira, avalia que as mudanças na metodologia do cálculo do PIB pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) acabaram tendo um impacto significativo nos números divulgados. Além disso, destrinchando os dados, percebe-se que mais uma vez o agronegócio “salvou” o resultado e que a indústria, um setor de maior produtividade, sofreu um novo revés anual. “Não muda o cenário geral de desaceleração da economia”, afirma. 

No caso do PIB dos EUA, o crescimento no quarto trimestre de 2014 foi de 2,2%, na comparação anual. Foi o mesmo resultado da segunda prévia, que também indicava uma alta de 2,2%. O crescimento foi, portanto, abaixo dos 5% registrados no trimestre anterior. A expectativa do mercado era de que o avanço fosse de 2,4%.

2. Minério em queda livre
Os acionistas da Vale (VALE3; VALE5) tiveram poucos motivos para comemorar esta semana. Os preços do minério de ferro no mercado físico da China atingiram nova mínima recorde nesta sexta-feira com preocupações de que grandes mineradoras globais vão continuar a elevar a produção em um mercado bem abastecido. O presidente da Rio Tinto, segunda maior mineradora de ferro do mundo, disse na quinta-feira que é “tola” a sugestão da rival menor Fortescue Metals de que as mineradoras deveriam limitar a produção da matéria-prima do aço para elevar os preços. Na China, várias siderúrgicas podem ir à falência com a situação econômica do País, o que pode levar o minério a chegar até US$ 45 a tonelada. 

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3. Oriente Médio
Se a economia está fraca e as commodities não ajudam, quem traz ainda mais pessimismo é a situação geopolítica atual. O barril de pólvora do Oriente Médio estourou nos mercados de capitais depois que a Arábia Saudita bombardeou o Iêmen. O objetivo anunciado da operação militar é defender o governo dos rebeldes huthis. Situado em uma região de passagem de navios entre a Europa e o Golfo Pérsico, os temores de que o fornecimento da commodity ficasse prejudicado pelo conflito fez com que os preços do barril disparassem e os investidores entrassem em alerta, fugindo do risco nos mercados. Com isso, os títulos da dívida norte-americana, considerados os mais seguros do mundo subiram e os índices acionários ao redor do globo despencaram. 

4. Tombini e swaps
O avanço do dólar ganhou um novo motivo para continuar depois que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, discursou no Senado para falar sobre política monetária e deu indicações de que o programa de leilões de swaps diários poderia acabar. Dito e feito. O BC anunciou oficialmente que os swaps não passam de 31 de março, ou seja, o governo não vai mais interferir no câmbio, que deve subir até alcançar seu ponto de equilíbrio, que é algo ainda controverso entre analistas. 

5. S&P
A agência classificadora de risco, S&P, manteve o rating dos títulos brasileiros em BBB- como um voto de confiança ao ajuste fiscal promovido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Nem mesmo o clima político tenso com demissão do ministro da Educação, Cid Gomes, por pressão do PMDB, manifestações contra o governo e Datafolha mostrando a rejeição da presidente em 62% fizeram com que a agência decidisse cortar a nota. 

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