Multimercados voltam a brilhar com ganhos de até 45%; veja os maiores rendimentos

Muitos gestores foram bem este ano e carteiras podem ser opção para ano mais volátil

Angelo Pavini

Ativos mencionados na matéria

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Os fundos multimercados conseguiram sair do marasmo neste ano e voltaram a apresentar bons resultados em 2025, contando com estratégias vencedoras em ações, câmbio e renda fixa e navegando na forte volatilidade aqui e no exterior. Mesmo assim, terminaram o ano com fortes resgates, de R$ 61,7 bilhões até novembro, o quarto ano seguido de saídas.

Agora, porém, a perspectiva é que esses fundos voltem a ter mais espaço nas carteiras dos investidores, diante de um cenário de maior instabilidade esperado para 2026. “A volatilidade no exterior por conta dos juros nos Estados Unidos e mudanças no Federal Reserve e pelo cenário eleitoral no Brasil se fará presente em 2026”, diz Rafael “Rafi” Figueiredo, estrategista de Ações do Research da XP Investimentos. “Não é ruim, mas é um ponto importante para o investidor operar com atenção, e pode até oferecer oportunidades.”

No próximo ano, deve haver um fluxo melhor de captação para os fundos de maior risco, como ações e multimercados, mas isso deve acontecer de forma gradual, conforme a redução dos juros começar a ser percebida pelo investidor, diz Antônio Sanches analista do Research da Rico Investimentos. Ele ressalta a importância de o investidor usar os multimercados como ferramenta para diversificação. “Esses fundos têm uma importância ainda maior, dada a quantidade de estratégias que você pode encontrar em cada carteira, uma diversificação que favorece que o investidor consiga maior retorno e uma menor volatilidade”, diz.

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Levantamento feito pelo Infomoney com dados da Economática mostra que os multimercados com patrimônio superior a R$ 500 milhões apresentam ganhos bem acima dos 15% da taxa básica Selic no ano até 10 de dezembro, chegando a 45% graças a estratégias diferenciadas, como o Equity Hedge da SPX, que faz arbitragens com ações. São destaque também os fundos de crédito privado, que surfaram nas oportunidades criadas pelos juros altos. Desses fundos, 30 conseguiram ganhos acima de 20% no ano. Na tabela abaixo, estão os 15 maiores rendimentos.

NomeGestorPatrimônio
R$/mil
Retorno
no ano
Volatilidade (% ano)
SPX Hornet Equity Hedge MasterSPXCapital2.531.82145,037,67
Gazin FI Mult Cred PrivPetra Capital1.451.02337,251,54
Frade III Cred Priv Vista Real Estate521.73033,617,06
Itaú Artax Ultra MultItau Asset596.91629,666,27
FIF Mult. LT Cred PrivadoBTG Pactual1.288.82129,4914,35
Hdf FIF MultOpportunity894.34928,1312,55
Itaú Vql FIF MultItau Asset945.64427,426,70
Dahlia Total Return MasterDahlia Capital1.167.95327,0511,74
Valbuena Cred Priv.BTG Pactual5.330.62926,269,14
Genoa Capital Sagres Master Genoa Capital856.69926,145,77
Parcitas Hedge MasterParcitas Invest.722.71824,638,35
Itaú Janeiro MultItau Asset3.926.99924,023,95
Mar Absoluto MasterMar Asset Manag.2.023.84123,9211,41
Itaú Vértice MultimesasItau Asset1.819.93022,865,50
Valute Mult Cred PrivIntrabank Asset594.62222,3111,31
Fonte: Economática/Infomoney. Dados no ano até 10 de dezembro. Maiores rentabilidade entre fundos com mais de R$500 milhões de patrimônio.

 Já entre os 15 fundos com maior patrimônio, as rentabilidades são mais modestas, em muitos casos abaixo do CDI, e com baixa volatilidade, também com várias carteiras voltados para crédito privado. A volatilidade é um ponto importante para o investidor analisar nos multimercados. Um fundo com índice de volatilidade anual de 9% pode perder ou ganhar 9% em um ano.  

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NomeGestorPatrimônio
R$/mil
Retorno no ano
(%)
Volatilidade ano
Salus Fundo de InvestLume Investimentos13.606.02410,604,14
Capstone Macro Master Capstone11.640.18115,376,17
Nhdp FIF MultOpportunity Gestora10.795.02915,958,60
Absolute Vertex MasterAbsolute Gestão de Investimentos10.331.92911,534,75
Itaú SinfoniaItau Asset8.693.33714,670,40
BB Milênio 2BB Asset8.183.08313,630,10
Itaú Active Fix Dual Cred PrivItau Asset7.594.43815,090,47
Spx Raptor MasterSpx Capital7.580.4798,229,61
Genoa Capital Vestas MasterGenoa Capital6.982.92214,267,07
Kapitalo K10 MasterKapitalo Ciclo6.272.72021,007,13
Verde MasterVerde Asset5.759.14116,423,56
Qp Conservador RF Cred PrivSomma Invest.5.675.82412,690,32
Spx Nimitz MasterSpx Capital5.652.89010,444,83
FIF Mult. LTBTG Pactual Gestao5.330.62926,269,14
BB Top Juros e MoedasBB Asset5.079.42911,481,96
Fonte: Economática/Infomoney. Dados no ano até 10 de dezembro. Maiores fundos em patrimônio.

O ano de 2025 foi marcado por saques dos fundos multimercados, mas também pelo renascimento desse tipo de estratégia, diz Guilherme Zaczac, responsável por Alternativos Líquidos para o Brasil no UBS Global Wealth Management. “Tivemos alguns bons gestores performando muito bem e entendendo que essas mudanças de tamanho da indústria trouxeram boas oportunidades”, diz. O bom desempenho não foi generalizado, mas os que fizeram boas leituras de cenário doméstico e internacional foram bem-sucedidos.

Zaczac cita o gestor Bruno Coutinho, da Mar Investimentos, com retornos bastante consistentes, de 23% a 27% até novembro, obtidos com teses locais, antecipando movimentos da eleição de 2026, vendo preços interessantes de ações e ganhando com a valorização do real diante do dólar e com os cortes de juros do Federal Reserve. Outro fundo bem-sucedido foi o K10, da Kapitalo, do gestor Bruno Cordeiro, que conseguiu mitigar a volatilidade no mercado de commodities e trouxe 20% de retorno.

Já a SPX, uma das maiores gestoras independentes do país, apesar do ganho extraordinário de seu Equity Hedge, teve um ano desafiador em seus multimercados macro, o Raptor e o Nimithz. Apesar da recuperação recente, ainda estão abaixo do CDI no ano. “Mas estão plantando sementes para o ano que vem, com apostas na eleição e uma visão estratégica do exterior bem interessante” diz Zaczac. Ele destaca a visão de mundo do fundador da SPX, o gestor Rogério Xavier”, diz.

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O Verde, de Luís Stuhlberger, da Verde Asset, também um dos multimercados mais tradicionais do mercado, se destacou pela consistência, com ganho 3 pontos porcentuais acima do CDI em 36 meses e volatilidade bem mais controlada. “Stuhlberger segue construindo retorno consiste, sem nenhum mês negativo até novembro”, destaca Zaczac.

Outro gestor tradicional, a Ibiúna, com dois ex-diretores do Banco Central, Rodrigo Azevedo e Mário Torós, também sofreu neste início de ano, com seu Ibiúna Hedge também abaixo do CDI, com 11,84% até dia 10, mas vem se recuperando desde agosto. “Eles entendem o jeito de pensar dos Banco Centrais e isso dá uma vantagem no momento de mudança de ciclo de juros global esperado para o ano que vem”, diz Zaczac.

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Ele destaca outro ex-diretor do BC Bruno Serra, hoje na Itaú Asset, responsável pelo multimercado Itaú Janeiro. “Ele faz parte da nova safra de ex-diretores gestores, com um retorno bastante consistente, em torno de 20% no ano, e volatilidade baixa, bastante cauteloso”, diz.

2026

Sobre as sugestões de multimercados para 2026, Zaczac diz que gosta da visão de Coutinho, da Mar Asset Management, apesar de uma volatilidade maior de suas estratégias. “Não é para todos os investidores, mas ele busca tendências e abraça o risco de forma consistente e é um candidato interessante quando penso no futuro dessa indústria”, diz.

Outra aposta é a SPX, apesar do desempenho mais fraco este ano. “Nunca aposte contra Rogério Xavier, ele tem a vantagem de não estar sentado na Faria Lima, opera de Londres, de maneira menos passional”, diz.

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Segundo especialistas, o Verde, de Stuhlberger, também tem de fazer parte da carteira. Outros nomes podem ser o K10, da Kapitalo, a Genoa, a Radar ou a Vestar, de André Raduan, ex-Itaú. “Eles têm um viés mais de trading, de dia a dia, não vão olhar grandes teses, mas vão proteger dos ciclos do mercado”, diz Zaczac.

O ponto principal é que o juro vai se reduzir e a vantagem competitiva dos títulos de crédito isentos de imposto vai diminuir um pouco na margem, diz Mário Schalch, sócio e gestor de Multimercados da Neo Investimentos, gestora há mais de 20 anos no mercado. E, com os fundos rendendo bem este ano, o setor tem todas as condições para melhorar, talvez não como há quatro anos, mas atraindo mais investidores em um momento que os mercados de risco se tornarão mais atrativos e a diversificação trará mais ganhos em multimercados. “Será um sinal positivo para uma indústria que nos últimos dois anos encolheu em quase dois terços”, diz.