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Do “não” ao Google à Magnopus: as escolhas que definiram Marcelo Lacerda e a internet

Fundador do Terra, abre os bastidores e as decisões que moldaram a internet no Brasil

Carolina Paes

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No início dos anos 2000, quando o Google (GOOGL) ainda era uma startup quase desconhecida, Marcelo Lacerda participou de uma reunião que marcaria sua trajetória. “Eles nos ofereceram a chance de investir 5% no Google. E eu achei que não fazia sentido nenhum”, afirma. Na época, segundo ele, o modelo de negócio não era claro e a equipe, ainda muito jovem, que tudo soava improvável.

“A gota d´água para mim foi quando Sergey Brin disse que no IPO iria limitar a compra a 80 dólares por investidor, para ser justo. Fora isso ele disse ainda que iria fotografar todas as ruas do mundo. Pensei: esse menino vai ser atropelado”, conta em tom bem humorado. “E ele fez essa desgraça e acho que ele fotografou as ruas do mundo”, comenta aos risos.

A decisão que virou lenda, hoje faz parte da coleção de inúmeras histórias vividas por Marcelo Lacerda, pioneiro da internet e da tecnologia brasileira. Lacerda é cofundador da Nutek, criador do Terra e atual Chairman da Magnopus, empresa responsável por projetos globais como O Rei Leão (2019) e experiências imersivas para grandes corporações mundiais.

O empresário participou do programa Do Zero ao Topo e revisitou quatro décadas de rupturas tecnológicas e decisões improváveis. Ele foi um dos convidados do O Zero Ao Topo Xperience, um encontro imersivo que conecta empreendedores a histórias reais, desafios e visões transformadoras. A iniciativa do InfoMoney é uma parceria com XP Educação (XPE), XP Empresas e Galapos.

A criação do Terra

Lacerda costuma descrever, com muito bom humor, seu início como empreendedor. Antes mesmo da web existir, ele já desenvolvia software. Sua primeira empresa, a Nutek, nasceu em 1987 como um sistema de correio eletrônico. “Nós somos os jurássicos da internet. Ela nem existia, de fato, quando começamos”, diz.

Nos anos 90, ele participou da elaboração dos primeiros manuais da internet e viveu o caos da privatização das telecomunicações. O grande salto veio com o Terra Networks. “Nosso modelo de negócios foi trazer grupos de mídia como afiliados. Não foi tecnologia, e sim, estratégia.”

Com crescimento acelerado, a Telefónica comprou o controle em 1999. Poucos meses depois, o Terra abriu capital na Nasdaq. “Lançamos a ação a 13 dólares. Em março, estava a 135. A gente não podia passar perto de uma calculadora.”

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Mas nem tudo foi só brilho. A aquisição do Lycos, por US$ 3 bilhões e a dispensa do google, virou um dos momentos mais difíceis. “A equipe já estava rica. O Ceo do Terra caiu por causa dessa aquisição, que foi ideia minha. E a partir daí, as coisas foram só dando errado. Fomos perdendo equipe e o Lycos derreteu nas nossas mãos”, relembra.

Leia também: Do Zero ao Topo Experience: Quando empresários se unem para transformar o futuro dos seus negócios

Magnopus e o encontro que mudou tudo

Hoje, Lacerda segue à frente da Magnopus, uma deep tech sediada em Los Angeles que desenvolve soluções avançadas de computação gráfica e realidade imersiva para nomes como Disney, Google, Meta, Amazon e até a NASA. Uma empresa de tecnologia americana, mas com capital majoritariamente brasileiro e atuando em um mercado que pode chegar a bilhões de dólares nos próximos anos. Uma empresa que nasceu de um encontro inesperado.

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“A gente estava num jantar e me disseram assim: aquele rapaz ali ganhou um Oscar. Fui lá e falei: ‘Você vai ter que me contar essa história’. Acabou o jantar, mas ele gostou da conversa”, brinca.

O encontro virou sociedade. Hoje, a empresa cria tecnologias imersivas usadas por Hollywood e grandes corporações. “O Rei Leão de 2019 foi filmado inteiro dentro do software que criamos. Era como entrar no Serengeti com óculos de realidade virtual.”

IA e o futuro digital

Sobre inteligência artificial, Lacerda é sincero e direto. “Estamos reinventando os humanos. A IA não é uma invenção tecnológica, mas como se fosse uma ampliação da cognição humana. Assim como foi a linguagem há 200 mil anos.”

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Para ele, a questão central não é criar máquinas mais poderosas, mas evitar um salto de desigualdade intelectual. “Corremos o risco de ter um pequeno grupo que entende como o mundo funciona e uma maioria que sabe cada vez menos.”

Para o futuro, ele aposta em educação, criatividade e formação em ciência da computação. Lacerda lidera, ao lado de outras famílias, a criação do ITEC (um instituto de computação com investimento filantrópico de R$ 400 milhões no Rio Grande do Sul.
“O Brasil não tem uma deep tech global. Mas tem talento para ter. Queremos formar a próxima geração de nerds criativos. Se o Brasil tiver uma Magnificent Seven um dia, espero que saia de lá.”, conclui.

Para saber mais detalhes da trajetória empreendedora de Marcelo Lacerda e da internet brasileira, veja o episódio completo no Do Zero ao Topo. O programa está disponível em vídeo no YouTube e em sua versão de podcast nas principais plataformas de streaming como ApplePodcasts, Spotify, Deezer, Spreaker, Castbox e Amazon Music.

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Leia mais: Como a ‘Crise do Salmão’ quase acabou com um negócio milionário

Sobre o Do Zero ao Topo

O podcast Do Zero ao Topo é uma produção do InfoMoney e traz, a cada semana, a história de mulheres e homens de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias usadas na construção do negócio.