O Amargo do Campari: como a misoginia do “Calvo” virou um pesadelo de 18 mil views por menção para a marca

A prisão de Thiago Schutz, o "Calvo do Campari", por violência doméstica, fez com que a Reputação Online da marca chegasse a 3.9, provando que a crise de imagem se espalha com a mesma velocidade com que o ódio é pregado

Márcio Apolinário

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A crise de reputação corporativa tem um novo e amargo case de estudo: o “Calvo do Campari”. Thiago Schutz, o autoproclamado “coach de masculinidade” e ícone do movimento Red Pill, foi preso em flagrante por agressão e tentativa de estupro contra a namorada.

O que seria apenas uma notícia policial se transformou em um pesadelo de branding para a Campari, que, mesmo sem nunca ter patrocinado o agressor, viu seu nome ser arrastado para o centro de um debate sobre misoginia e violência.

Os dados do Claritor são um retrato digital do desastre. A Reputação Online da marca Campari (Mar Aberto) está em um patamar de 3.9 (em um ranking que vai até 10), um sinal claro de que a associação com o caso contaminou a percepção pública.

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A crise que viraliza a 18 mil views por menção

A crise não é apenas volumosa, ela é viral. O monitoramento mostra que o sentimento negativo domina a conversa, e é ele que se espalha com maior velocidade e engajamento:

A crise se espalha por diversas frentes, mostrando a capilaridade do problema:

O preço da associação indesejada

A Campari já havia se manifestado em 2023, repudiando as falas misóginas de Schutz. No entanto, a força do apelido “Calvo do Campari” – que surgiu de um vídeo em que ele recusa uma cerveja, dizendo que só bebe Campari – se mostrou mais poderosa do que qualquer nota de repúdio.

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A prisão transformou a associação em uma condenação pública. Personalidades e veículos de grande alcance usaram o nome completo do “Calvo” para noticiar o crime, cravando a marca no imaginário da violência:

O caso é um alerta ácido para o mundo do branding: a marca perde o controle da narrativa quando seu nome se torna um epíteto para um agressor. A Campari, que vende um estilo de vida sofisticado e amargo, agora lida com um amargo muito mais real: o de ter seu nome ligado a um discurso de ódio que culminou em violência.

A crise mostra que, no mundo digital, a reputação não é construída apenas por patrocínios, mas também por associações orgânicas e, neste caso, tóxicas. O desafio da Campari agora é imenso: como desinfetar seu nome de um “calvo” que, mesmo sem contrato, se tornou o rosto da crise mais viral da marca.

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Márcio Apolinário

Márcio Apolinário é o criador do Claritor, uma plataforma modular de inteligência reputacional que transforma dados digitais em insights estratégicos e planos de ação concretos. Com passagens por veículos de imprensa como iG e Metro Jornal, e empresas como Grupo Santander e Pernambucanas, em seus mais de 20 anos de experiência em comunicação, análise de mídia e reputação, Márcio se dedica a desvendar as complexidades do ambiente online para ajudar personalidades e organizações a proteger e impulsionar sua imagem.