Como investir em ouro: veja o que considerar e quais as opções disponíveis no mercado

Investir em ouro pode ser vantajoso, mas exige atenção: o preço oscila, há custos e o retorno depende do momento e da estratégia

Carla Carvalho

Ativos mencionados na matéria

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O ouro sempre teve fama de refúgio em tempos difíceis, e não está sendo diferente em 2025. O metal ultrapassou os US$ 4.300 por onça em outubro, e ganhou espaço nas carteiras de quem busca segurança diante das incertezas do cenário global.

E é exatamente isso o que está acontecendo de tempos para cá, pois o ouro costuma brilhar quando o mercado está cheio de preocupações: juros, inflação, dólar, crises lá fora e por aí vai. A sua principal função na carteira é a de proteção, e não de multiplicar o dinheiro no curto prazo.

Mesmo assim, ele oscila fortemente, já que sua cotação é em dólar. Isso significa que variações cambiais ou mudanças nas expectativas sobre os juros nos EUA mexem diretamente no preço. Quando o mercado acredita em cortes de juros, o metal tende a subir; quando espera taxas mais altas, ele perde fôlego.

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Em entrevista à Forbes Brasil, o analista da ActivTrades Ricardo Evangelista disse que um Fed mais inclinado a cortar juros e tensões comerciais podem sustentar a valorização do metal, a ponto de ele considerar ser possível o ouro bater US$ 5.000 “no médio prazo”.

Outro impulso vem dos bancos centrais e dos grandes fundos, que voltaram a comprar o metal em peso. O analista Ignacio Mieres, da XTB Latam, explica que a incerteza fiscal das principais economias levaram investidores a buscar ativos reais. À Bloomberg, na visão dele, o ouro vem reafirmando seu papel como reserva de valor.

Por tudo isso, dá para perceber que investir em ouro, apesar do potencial de ganho, demanda muita atenção. O preço sobe e desce, há custos e impostos envolvidos e o resultado depende muito do momento e da forma do investimento.

O que considerar antes de investir em ouro

O primeiro passo é começar pelo objetivo. Se a sua preocupação é proteger o poder de compra ao longo do tempo e diversificar a carteira, o ouro pode fazer sentido, mas se a ideia é ganhar rápido, a chance de frustração aumenta.

O professor Cássio Bressaria, doutor em Economia e presidente da ANPEC, resumiu o tema no portal A União: em momentos de incerteza, as pessoas procuram ativos mais seguros, e o ouro entra como alternativa. Mas ele também faz um alerta: o pequeno investidor precisa saber quando vai precisar do dinheiro, pois se for no curto prazo, talvez faça mais sentido um título conservador do que uma aposta no metal.

O segundo passo é entender que o metal não é infalível nem previsível. Assim como ela pode andar de lado por meses (ou anos), também pode cair mesmo com notícias boas e subir quando ninguém espera. Ter essa noção ajuda a decidir como investir em ouro de forma mais consciente, ajustando as proporções e as expectativas.

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Por fim, é preciso olhar para a liquidez e custos de cada modalidade que veremos a seguir.

Formas de investir em ouro

Os caminhos principais de como investir em ouro vão do mais tradicional, que envolve o metal em mãos, ao mais moderno, feito com poucos cliques pelo celular. E as modalidades contemplam formas simples e mais sofisticadas. A escolha depende do perfil, conhecimento e objetivos de cada um.

Ouro físico

É o formato mais antigo e mais “emocional” para muitas pessoas: barras ou moedas dão a sensação de segurança por ter o metal de verdade.

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Ao comprar o ouro físico, o investidor tem a posse direta do metal sem depender de intermediários ou plataformas digitais para guardá-lo. Mas essa autonomia demanda cuidados, pois é preciso armazená-lo com segurança, seja em cofres, bancos ou empresas de custódia.

Ouro na bolsa 

Quem prefere agilidade e já conhece a bolsa pode investir em ouro nesse ambiente. 

Aqui, entram ETFs de ouro (como GOLD11, AURO11 e GLDX11), BDRs de ETFs (como ABGD39 e BIAU39) contratos futuros e ações de empresas do setor. Essas são as formas mais populares entre as pessoas que já têm conta em corretora e buscam simplicidade.

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Investir em ouro pela bolsa oferece liquidez (especialmente para ETFs), permitindo comprar e vender os ativos até no mesmo dia pelo home broker. E não há custos de armazenamento, já que os ativos são financeiros e não físicos. 

Por outro lado, os ETFs têm taxa de administração, e é preciso lembrar que o desempenho desses investimentos depende do dólar. Quando a moeda americana cai, o valor do ouro em reais também pode diminuir.

No caso das ações, o resultado do investimento depende não só do preço do ouro, mas também dos resultados das empresas. Logo, é importante saber analisar indicadores e conhecer a saúde financeira das companhias para optar por essa forma de investimento em ouro.

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Fundos de investimento com ouro

Há também fundos multimercado com ouro em sua composição e fundos que investem exclusivamente no ativo. 

Esse modelo é bastante prático, pois permite diversificação automática, e o acompanhamento é simples, pelo app do banco ou corretora. Por outro lado, as taxas normalmente são mais altas do que nos ETFs, e muitos fundos multimercado que têm ouro investem também em outros ativos de risco (moedas e derivativos) para aumentar o potencial de rentabilidade.

O que saber antes de investir em ouro

Veja abaixo os principais pontos resumidos para entender como investir em ouro. Mas antes de tudo, é importante definir por que ter o ativo na carteira, e quando isso representa do seu patrimônio.

💡 TemaO que saber
🟡 Por que o ouro está em altaO metal superou US$ 4.300 por onça em 2025, impulsionado por juros altos, tensões globais e compras de bancos centrais.
💰 Função na carteiraServe como proteção e reserva de valor, equilibrando riscos em momentos de incerteza — não é investimento para ganho rápido.
📉 Principais riscosO preço depende do dólar e das expectativas sobre juros nos EUA, podendo oscilar bastante.
🎯 Antes de investirDefina objetivo e prazo, conheça os custos e impostos e verifique a liquidez de cada modalidade. Ajuste as expectativas.
🪙 Como investirOuro físico: segurança e posse direta, mas menos prático.
ETFs e BDRs: mais fáceis de negociar, sujeitos ao câmbio.
Fundos: gestão profissional, porém taxas maiores.
Ações de mineradoras: exposição indireta ao ouro, com potencial de ganho maior, mas mais voláteis e arriscadas.
👤 Perfil indicadoQuem busca diversificação e proteção no longo prazo, sem esperar retornos imediatos.