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Os argentinos votam no domingo em uma eleição que se transformou em um referendo sobre as profundas políticas de austeridade do presidente Javier Milei, ocorrendo após um resgate econômico liderado pelos Estados Unidos.
As medidas econômicas de “terapia de choque” do libertário Milei reduziram substancialmente a inflação e geraram um superávit fiscal, animando investidores e recebendo elogios do governo Trump. No entanto, os índices de aprovação de Milei caíram, possivelmente indicando que os argentinos estão cansados do custo do ajuste fiscal.

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Quando o presidente dos EUA, Donald Trump, se reuniu com Milei na Casa Branca na semana passada, dias após oferecer à Argentina uma ajuda de US$ 20 bilhões em swap cambial, afirmou que um apoio adicional dos EUA dependerá do sucesso do partido de Milei nas eleições de meio de mandato.
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O que está em jogo na votação?
Metade da Câmara dos Deputados da Argentina, ou seja, 127 cadeiras, e um terço do Senado, 24 cadeiras, estarão em disputa em 26 de outubro. O movimento peronista de oposição detém a maior minoria em ambas as casas e tem cerca de metade de suas cadeiras na câmara baixa para reeleição. O partido relativamente novo de Milei, A Liberdade Avança, possui apenas 37 deputados e 6 senadores.
As disputas mais importantes ocorrerão na província de Buenos Aires, onde um grande número de cadeiras está em jogo. Analistas políticos afirmam que, se o partido de Milei conquistar mais de 35% dos votos, será um sinal positivo de apoio crescente, considerando os 30% que ele obteve no primeiro turno da eleição presidencial de 2023. Aproximar-se dos 40% seria considerado “uma eleição muito boa”, segundo Marcelo Garcia, diretor para as Américas da consultoria Horizon Engage.
O que está em jogo?
Um resultado expressivo aumentaria substancialmente a presença do partido de Milei em ambas as casas legislativas, permitindo que o presidente continue suas reformas econômicas. Milei anunciou recentemente que pretende implementar reformas trabalhistas para aumentar a força de trabalho formal e novos cortes de impostos nacionais, ainda sem detalhes.
“Se 2025 indicar que Milei está em declínio, os investidores começarão a se preparar para uma opção mais de centro ou centro-esquerda para 2027”, disse Garcia.
Os investidores estarão atentos para ver se Milei conseguirá votos suficientes para impedir que a oposição derrube seus vetos no Congresso. Nos últimos dois meses, o Congresso derrubou vetos de Milei a projetos que aumentavam o financiamento para universidades públicas, assistência médica pediátrica e pessoas com deficiência.
O partido de Milei precisará de cerca de um terço dos votos em ambas as casas para impedir futuras derrubadas de vetos, o que provavelmente exigirá formar alianças. Milei tem se aliado com o PRO, partido centrista liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri. O apoio dos aliados dependerá do desempenho do partido na eleição, segundo o economista Lorenzo Sigaut Gravina.
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Qual a probabilidade de sucesso de Milei?
O índice de aprovação de Milei caiu para menos de 40%, o nível mais baixo desde o início do governo. Além das preocupações com a austeridade, ele foi afetado por alegações de corrupção envolvendo pessoas próximas, incluindo sua irmã e chefe de gabinete, Karina Milei, acusada em uma investigação judicial de envolvimento em esquema de suborno, que ele classificou como campanha de difamação política. Um candidato do partido na província de Buenos Aires renunciou em meio a alegações de corrupção, mas já era tarde para retirar seu nome da chapa.
Apesar dos ventos contrários, o consultor político Facundo Cruz afirmou que o partido de Milei tem presença muito maior nacionalmente do que nas eleições legislativas de 2023. “Ele inevitavelmente aumentará suas cadeiras. A questão é: até que ponto?”