Polícia da Bahia mira rede de postos suspeitos e aponta elo financeiro com o PCC

Operação prendeu sete pessoas, apreendeu bens e pediu bloqueio de R$ 6,5 bilhões

Marina Verenicz

Foto: Reprodução Polícia Civil da Bahia
Foto: Reprodução Polícia Civil da Bahia

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A Polícia Civil da Bahia deflagrou nesta quinta-feira (16) uma operação contra um esquema que, segundo os investigadores, usava postos de gasolina como fachada para lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis.

A ação, que se expandiu para São Paulo e Rio de Janeiro, resultou na prisão de sete pessoas e em apreensões de armas, veículos de alto valor e equipamentos empregados na adulteração de combustíveis.

As apurações, conduzidas pelo Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco), identificaram uma rede de cerca de 200 postos vinculados ao grupo.

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Com base em documentos e movimentações financeiras coletadas ao longo das investigações, a polícia solicitou o bloqueio de R$ 6,5 bilhões em bens, imóveis e valores dos suspeitos. A cifra, na avaliação das autoridades, demonstra a dimensão econômica da operação.

Investigadores apontam que a estrutura teria conexões com organização criminosa originária de São Paulo, num traço que remete às investigações anteriores batizadas de Operação Carbono Oculto.

Em agosto, a apuração sobre fraudes no setor de combustíveis revelou importações milionárias de nafta, hidrocarbonetos e diesel — estimadas em torno de R$ 10 bilhões entre 2020 e 2024 — e identificou postos usados como ponto de lavagem de recursos.

A operação atual, segundo fontes policiais, aprofunda a linha de investigação que liga esquemas no mercado de combustíveis a grupos especializados em mineração de receitas ilícitas.

Os mandados cumpridos incluíram prisões e buscas em residências, estabelecimentos empresariais e locais associados aos investigados. Uma das detenções ocorreu em um hotel na cidade de Lençóis. Além das apreensões materiais, as autoridades recolheram documentos e registros contábeis e operacionais para subsidiar a investigação criminal e fiscal.

Participam da ação cerca de 170 policiais civis, com apoio técnico e operacional da Secretaria da Fazenda da Bahia (Sefaz-BA) e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O trabalho busca não só identificar a cadeia de comando e beneficiários do esquema, mas também mapear a rota dos insumos importados e os mecanismos de ocultação de patrimônio.