Bolsonaro: “14 mil dólares é quase nada perto do que eu tenho no banco”

“Você acha que 14 mil dólares é muita coisa?”, disse o ex-presidente em entrevista. “Eu tenho um bom recurso no banco."

Paulo Barros

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira (21) que os US$ 14 mil (mais de R$ 77 mil) apreendidos pela Polícia Federal em sua residência são irrelevantes diante dos recursos que possui em conta bancária. A declaração foi dada em entrevista à jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, e ocorre dias após operação da PF no inquérito que investiga suposta influência sobre o presidente americano Donald Trump para interferir no Judiciário brasileiro.

“Você acha que 14 mil dólares é muita coisa?”, disse Bolsonaro. “Eu tenho um bom recurso no banco. No momento, tive lá R$ 17 milhões lá atrás, do Pix, né, caiu bastante. Despesas… e tem um bom recurso. Então, perto do que eu tenho no banco em dinheiro que tá no banco, não é quase nada esses US$ 14 mil.”

Na mesma entrevista, Bolsonaro comentou sobre um pen drive encontrado no banheiro de sua casa, e afirmou ter ouvido que o dispositivo continha “música gospel e foto de família”.

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O ex-presidente também voltou a negar qualquer ligação com a tarifa de 50% imposta por Donald Trump a produtos brasileiros. Ele afirmou não ter contatos com autoridades americanas para tentar reverter a medida. “Isso é lá do governo Trump. Não tem nada a ver com a gente. Querem colar na gente os 50%. Mentira”, disse.

As declarações marcam um recuo em relação à fala feita na semana passada, quando Bolsonaro afirmou, em coletiva no Senado, que estaria disposto a ir aos EUA para negociar com Trump — desde que Lula autorizasse e a PF devolvesse seu passaporte. No entanto, desde então, passou a ser alvo de medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, incluindo a apreensão do documento e o uso de tornozeleira eletrônica.

Bolsonaro também desautorizou o filho, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a representar o governo brasileiro nas tratativas sobre o tarifaço. “Ele não pode falar em nome do governo do Brasil”, afirmou, contrariando fala anterior em que disse que Eduardo liderava as negociações nos EUA.

Conforme decisão de Moraes, Bolsonaro está proibido de conceder entrevistas que sejam transmitidas nas redes sociais. A entrevista para Sadi foi veiculada no site G1.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)