Trump manda conselheiro acalmar Wall Street após tarifas — mas tiro sai pela culatra

Segundo o Financial Times, Stephen Miran, conselheiro econômico de Trump, foi enviado para convencer grandes gestores após instabilidade causada por novas tarifas, mas deixou impressão ruim

Paulo Barros

Stephen Miran, indicado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para presidir o Conselho de Assessores Econômicos, testemunha durante uma audiência de confirmação do Comitê de Bancos, Habitação e Assuntos Urbanos do Senado, no Capitólio, em Washington, D.C., EUA, em 27 de fevereiro de 2025. REUTERS/Annabelle Gordon/Foto de arquivo
Stephen Miran, indicado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para presidir o Conselho de Assessores Econômicos, testemunha durante uma audiência de confirmação do Comitê de Bancos, Habitação e Assuntos Urbanos do Senado, no Capitólio, em Washington, D.C., EUA, em 27 de fevereiro de 2025. REUTERS/Annabelle Gordon/Foto de arquivo

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O principal assessor econômico de Donald Trump, Stephen Miran, falhou em tranquilizar grandes investidores durante uma reunião realizada na última sexta-feira (25), após a turbulência nos mercados causada pelo anúncio de novas tarifas, segundo reportagem do Financial Times.

O encontro ocorreu no edifício executivo Eisenhower, anexo à Casa Branca, e contou com cerca de 15 representantes de fundos hedge como Balyasny, Tudor Group, do bilionário Paul Tudor Jones, e Citadel, além de gestores como PGIM e BlackRock. A reunião foi organizada pelo Citigroup e coincidiu com o encontro de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Participantes relataram que os comentários de Miran sobre tarifas e mercado foram considerados “incoerentes” ou incompletos. “Quando ele começou a responder perguntas, tudo desandou”, disse uma fonte ao FT. Outro participante descreveu o assessor como “acima de sua capacidade”.

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Stephen Miran manteve a linha do governo de que as tarifas devem afetar mais os parceiros comerciais dos EUA do que os consumidores americanos. Ele afirmou que o objetivo principal das tarifas não é arrecadação.

Contatada pela publicação, a Casa Branca comentou que mantém contato regular com o setor privado e que todas as decisões têm como foco “o melhor interesse do povo americano”.

Apesar das críticas, um interlocutor demonstrou otimismo com a abordagem da administração Trump em relação à desregulamentação e cortes de impostos.

O mercado reagiu negativamente ao anúncio das chamadas “tarifas recíprocas” por parte de Trump. Segundo dados compilados pelo FT, os primeiros 100 dias de Trump na presidência registraram o pior desempenho da bolsa americana em 50 anos.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)