Ouro foi um bom investimento em 2005, com ganho 20% em dólares

Analistas atribuem a valorização, em especial, à estratégia dos hedge funds, e vêem possível nova alta em 2006

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SÃO PAULO – O ouro deve encerrar 2005 sendo negociado próximo a US$ 515,00 a onça na Bolsa de Londres, o que representaria uma valorização significativa ao longo do ano, de cerca de 20%.

De acordo com especialistas do mercado de commodities, a recente trajetória positiva do ouro nas principais bolsas internacionais apóia-se, sobretudo, na política de diversificação adotada pelos hedge funds, na tentativa de impulsionar suas respectivas rentabilidades.

Neste sentido, é interessante observar que a valorização em questão não é uma exclusividade do ouro, mas sim uma tendência geral dos metais. A platina, por exemplo, atingiu o seu maior valor em uma década no último dia 7 de dezembro.

Análise de Ações com Warren Buffett

Proteção contra inflação

Obviamente, a estratégia de diversificação adotada por hedge funds, não o único catalisador para a valorização da commodity em 2005. A clássica associação do metal à reserva de valor também tem atraído investidores, como uma medida de proteção diante das recentes pressões inflacionárias e da fragilidade do dólar.

Analistas comentam que este fator tem influência significativa sobre a cotação do metal. Para se ter uma idéia, o ouro atingiu o seu recorde histórico em janeiro de 1980, próximo a US$ 870 a onça, depois do choque do petróleo e da recessão dos anos 70.

Fatores geopolíticos

Ademais, outro aspecto relacionado à valorização do metal ao longo do ano foi o fato de que intranqüilidades geopolíticas e incertezas na esfera macroeconômica vêm dando forças às especulações de que Rússia, Argentina e África do Sul estariam dispostos a aumentar suas reservas em ouro.

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Mais ainda, segundo analistas, os países ricos do Oriente Médio estariam destinando parte de seus lucros provenientes do petróleo às aplicações em ouro, além de que bancos centrais asiáticos estariam diversificando suas reservas, diminuindo sua exposição em Treasuries e migrando para o metal.

Oferta e demanda

Em contrapartida, colocando em segundo plano os movimentos especulativos, o banco de investimentos norte-americano JP Morgan atribuiu a alta da commodity a fatores estruturais relacionados à interação básica entre oferta e demanda.

De acordo com a equipe de analistas da instituição, a escalada da commodity está associada à limitação da oferta de novas minas e ao aumento da demanda de joalheiras e fabricantes do metal.

Perspectivas para 2006

Depois da forte alta acumulada pelo ouro em 2005, os analistas do Bear Stearns e do JP Morgan revisaram para cima suas projeções para a commodity nos próximos anos.

Entretanto, é importante destacar que a sustentabilidade da trajetória de valorização do metal não é consenso no mercado, com parte dos analistas alertando para um possível movimento de realização de lucros no próximo ano.