Temperaturas recordes em 2024 aceleram perda de gelo e elevam nível do mar, diz ONU

Estimativas preliminares colocam o atual aumento médio de longo prazo entre 1,34 e 1,41°C acima da média de 1850-1900, aproximando-se do limite de Paris, de 1,5 acima

Maria Luiza Dourado

Iceberg flutua em torno do gelo perto de Nuuk, Groenlândia
 9/2/2025   REUTERS/Sarah Meyssonnier
Iceberg flutua em torno do gelo perto de Nuuk, Groenlândia 9/2/2025 REUTERS/Sarah Meyssonnier

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Por David Stanway

CINGAPURA (Reuters) – Os níveis recordes de gases de efeito estufa ajudaram a elevar as temperaturas a um recorde histórico em 2024, acelerando a perda de geleiras e gelo marinho, aumentando o nível do mar e aproximando o mundo de um limiar importante de aquecimento, informou o órgão meteorológico da ONU nesta quarta-feira.

As temperaturas médias anuais ficaram 1,55 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais no ano passado, superando o recorde anterior de 2023 em 0,1ºC, informou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) em seu relatório climático anual.

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Os países concordaram, no Acordo de Paris de 2015, em se esforçar para limitar os aumentos de temperatura a 1,5ºC acima da média de 1850-1900.

Estimativas preliminares colocam o atual aumento médio de longo prazo entre 1,34 e 1,41°C, aproximando-se do limite de Paris, mas ainda não o ultrapassando, disse a OMM.

“Um aspecto a ser destacado com muita clareza é que um único ano acima de 1,5 grau não significa que o nível mencionado no Acordo de Paris tenha sido formalmente ultrapassado”, disse John Kennedy, coordenador científico da OMM e principal autor do relatório.

Mas as faixas de incerteza nos dados significam que isso não pode ser descartado, afirmou ele em entrevista.

O relatório informa que outros fatores também podem ter impulsionado o aumento da temperatura global no ano passado, incluindo mudanças no ciclo solar, uma erupção vulcânica maciça e uma diminuição nos aerossóis de resfriamento.

Embora um pequeno número de regiões tenha visto as temperaturas caírem, o clima extremo causou estragos em todo o mundo, com secas causando escassez de alimentos e inundações e incêndios florestais forçando o deslocamento de 800.000 pessoas, o maior número desde que os registros começaram em 2008.

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O calor dos oceanos também atingiu o nível mais alto já registrado e a taxa de aquecimento está se acelerando, com o aumento das concentrações de CO2 nos oceanos também elevando os níveis de acidificação.

As geleiras e o gelo marinho continuaram a derreter em um ritmo acelerado, o que, por sua vez, elevou o nível do mar a um novo patamar. De 2015 a 2024, o nível do mar aumentou em uma média de 4,7 milímetros por ano, em comparação com 2,1 mm de 1993 a 2002, segundo dados da OMM.

Kennedy também alertou sobre as implicações de longo prazo do derretimento do gelo nas regiões do Ártico e da Antártida.

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“As mudanças nessas regiões podem afetar o tipo de circulação geral dos oceanos, que afeta o clima em todo o mundo”, disse ele. “O que acontece nos polos não necessariamente permanece nos polos.”

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.