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Se o histórico recente da Bolsa brasileira, que vem sofrendo com a aversão a risco e fuga para a renda fixa, desanima alguns investidores que querem investir para ter renda passiva, especialistas presentes no Onde Investir 2025, evento promovido pelo InfoMoney entre 13 e 16 de janeiro, discordam e se mostram animados com as oportunidades do cenário atual.
O principal argumento dos profissionais do mercado é que as quedas recentes nas cotações de ações e fundos imobiliários (FIIs), ativos mais usados nas carteiras de renda passiva, abrem espaço para comprar papéis que eles consideram baratos. No ano passado, o Ibovespa (índice de referência do mercado brasileiro de ações) caiu 10,36% e o Ifix (referência dos FIIs) recuou 5,89%.
Promoção na Bolsa
Com isto em mente, Luiz Barsi Neto, sócio do escritório Barsi Investimentos, disse em um dos painéis do evento que “não há cenário melhor do que o atual para quem vive de renda passiva”. Seu argumento parte do princípio de que quanto mais papéis na carteira, mais dividendos o investidor recebe e as quedas, embora fundamentadas por fatores macroeconômicos, permitem comprar mais papéis com menos dinheiro.
Não perca a oportunidade!
Mas não basta ter ativos com preço menor. Os motivos das quedas precisam ser considerados. E, no cenário atual, eles também apontam para oportunidades na renda passiva.
Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, sustenta que os desafios macroeconômicos que o Brasil enfrenta causaram a atual depressão no mercado de renda variável, mas os fundamentos das empresas seguem “muito bons”.
Nesse contexto, a valorização das cotas seria, claro, bem-vinda, mas não deveria ser a preocupação central nas carteiras de dividendos por conta do dividend yield (DY) maior.
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Imagine que um investidor comprou uma ação a R$ 10 em janeiro do ano passado e recebeu R$ 2 em dividendos pela posição. O DY seria de 20%. Mas se o preço do mesmo papel caiu para R$ 5 e, em um ano, ele pagou os mesmos R$ 2 em dividendos, o retorno com os proventos subiria para 40%. Este é o motivo dos bons fundamentos ainda animarem especialistas.
Quais ações comprar?
Enquanto a Bolsa está barata, mas sem gatilhos que puxem valorizações robustas, e o Banco Central tenta esfriar a economia com juros altos para conter a inflação, “é melhor investir em ações via setores mais defensivos, em empresas que vão conseguir navegar esse cenário macroeconômico mais turbulento”, segundo Ferreira.
Portanto, para a XP, as oportunidades estão, principalmente, nos setores financeiro, elétrico, de saneamento e commodities, todos conhecidos por distribuírem dividendos robustos e frequentes.
Quais fundos imobiliários comprar?
André Bacci, ex-bancário que ganhou destaque entre investidores após abandonar o trabalho para viver exclusivamente com os dividendos de fundos imobiliários, também participou do Onde Investir 2025 e disse que está aproveitando a baixa do mercado para adicionar mais cotas à carteira.
Ele recomenda fundos de papel, que investem, principalmente, em CRIs e LCIs, como as melhores opções para o momento. Para quem está perto de se aposentar com a renda passiva, porém, os FIIs de tijolo devem ser priorizados para obter rendimentos que acompanham a inflação.
Mesmo com as diferenças na comparação com as ações, a estratégia nos FIIs também é separar o joio do trigo e encontrar as gestoras com bons ativos na carteira: “ainda há bons fundos, que estão negociando abaixo do valor patrimonial e pagando bons dividendos”, segundo Ana Paula Milanez, sócia e assessora de investimentos da Guelt Investimentos.
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Já Tiago Reis, presidente do Conselho do Grupo Suno, alerta para a falta de paciência de alguns investidores que compraram FIIs ou Fiagros e venderam assim que os papéis “deram uma chacoalhada porque não estão preparados para a volatilidade”. Para ele, isto significa “deixar dinheiro na mesa”, algo que certamente não contribuirá com o sonho de viver de renda em 2025.