Eletrobras, Energisa e EDP arrematam lotes de leilão de transmissão

Governo prevê R$ 18,2 bilhões em investimentos

Equipe InfoMoney

Publicidade

A Eletrobras (ELET3) arrematou quatro dos 15 lotes que foram licitados no leilão de transmissão desta quinta-feira (28), incluindo o projeto com o segundo maior valor de investimentos oferecido no certame.

Os ativos adquiridos pela Eletrobras marcam um importante movimento de expansão dos negócios na transmissão de energia, com a empresa voltando com força ao segmento depois de sua privatização, em 2022.

Esse foi o primeiro leilão, desde a privatização, que a empresa ofereceu lances competitivos, suficientes para vencer grande parte das disputas.

Continua depois da publicidade

A Eletrobras saiu vencedora no lote 5, que prevê R$ 2,65 bilhões em investimentos para construção de 1.116 quilômetros de linhas de transmissão entre os Estados de Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Piauí, além de subestações com capacidade de transformação de 3.900 mega-volt-ampères (MVA). A oferta vencedora foi de um deságio de 31,14%, por R$ 302 milhões de receita anual permitida (RAP).

O lote 1 foi arretado pela Eletrobras ao ofertar uma receita anual permitida (RAP) de R$ 162,38 milhões, o que representa um deságio de 42,93% ante o valor máximo estabelecido pelo regulador.

A disputa pelo ativo contou com ofertas de outros quatro proponentes: Energisa, Engie Brasil Energia, um consórcio entre Alupar e Equatorial e a espanhola Cymi. O lote 1 prevê a construção de 538 quilômetros de linhas de transmissão entre Ceará e Piauí, com R$ 1,77 bilhão em investimentos estimados.

Continua depois da publicidade

A Eletrobras também venceu a disputa pelo lote 9, ao ofertar uma RAP de R$ 11,637 milhões, desconto de 59,39% ante o valor máximo. O lote 9 prevê a implantação de subestação com capacidade de transformação de 300 mega-volt-ampères (MVA) e trechos de linhas de transmissão em Santa Catarina, com R$ 190,61 milhões em investimentos estimados.

A empresa levou ainda lote 3, para construção de linhas e subestações no Ceará, com R$ 983,4 milhões em investimentos.

Leilão: Energisa e EDP

Enquanto isso, a Energisa (ENGI3) arrematou o lote 12 de transmissão de energia, ao ofertar uma receita anual permitida (RAP) de R$ 112,5 milhões, o que representa um deságio de 29,99% ante o valor máximo estabelecido pelo regulador.

Continua depois da publicidade

A disputa pelo lote 12 foi a viva voz, com participação também de um consórcio composto por Alupar e Equatorial Energia.

O lote 12 prevê a construção de 394 quilômetros de linhas de transmissão entre Maranhão e Piauí, com R$ 932,52 milhões em investimentos estimados.

A EDP (ENBR3) arrematou até agora dois lotes do leilão de transmissão de energia realizado pelo governo brasileiro.

Continua depois da publicidade

A empresa de origem portuguesa venceu a disputa pelo lote 2, um dos maiores ofertados no certame, ao oferecer R$ 135 milhões de receita anual permitida (RAP), o equivalente a um deságio de 45,97% ante o valor máximo estabelecido.

O lote 2 prevê a construção de 537 quilômetros de linhas de transmissão no Piauí, com R$ 1,54 bilhão em investimentos estimados.

Além desse, a EDP ganhou o lote 7, com deságio de 41,05%, por R$ 51 milhões de RAP. O projeto envolve a construção de 390 quilômetros de linhas de transmissão entre os Estados da Bahia, Tocantins e Piauí e subestações com capacidade de transformação de 300 mega-volt-ampères (MVA), com R$ 528,67 milhões em investimentos estimados.

Continua depois da publicidade

Também levaram lotes a Alupar, além dos grupos Brasiluz, Cox Brasil e o consórcio Paraná (Mega Energy, Enermais e Interalli).

Maior lote

O fundo Warehouse administrado pelo BTG Pactual ganhou a disputa pelo maior empreendimento do certame, o lote 6, que prevê a construção de 951 quilômetros de linhas de transmissão entre os Estados da Bahia e Minas Gerais. O projeto deve exigir aportes de R$ 3,4 bilhões, com prazo para implantação de 66 meses.

O veículo do BTG também arrematou o lote 14, para construção de linhas de transmissão na Bahia, com R 2,1 bilhões em investimentos estimados, e o lote 4, projeto entre Rio Grande do Norte e Alagoas, com previsão de R$ 990,51 milhões em aportes.

A aposta firme do BTG no leilão, oferecendo descontos de no mínimo 30% pela receita dos projetos, mostra a atratividade do setor de transmissão de energia a investidores de perfil financeiro, que costumam buscar esses empreendimentos para garantir rendimentos estáveis no longo prazo.

Investimentos bilionários

O certame desta quinta-feira, que foi o primeiro deste ano para o setor de transmissão, ofertou ao todo 15 lotes, que devem exigir investimentos somados de R$ 18,2 bilhões.

O leilão encerra uma sequência de três grandes licitações realizadas desde o ano passado visando reforçar a capacidade de escoamento de energia renovável gerada principalmente na região Nordeste para centros de carga do Sudeste e Sul.

Este foi o segundo maior leilão de transmissão em volume de investimentos já realizado pelo Brasil, atrás apenas do de dezembro do ano passado, quando foi licitada a construção de um bipolo em corrente contínua.

A agência reguladora Aneel já tem programado mais um certame para este ano, previsto para setembro, quando deverão ser ofertados cinco lotes de linhas de transmissão, no total de 848 quilômetros, e 1.750 megavolt-ampères (MVA) em novas transformações. Somados, os projetos devem somar R$ 4,06 bilhões em aportes.

Mais leilões

Em entrevista após o leilão, executivos da Eletrobras e da EDP Brasil disseram estar se preparando para participar dos próximos, mesmo tendo conquistado projetos com investimentos bilionários nesta quinta-feira.

O vice-presidente de estratégia e desenvolvimento de negócios da Eletrobras, Élio Wolff, disse que a companhia vai continuar participando “com responsabilidade” e que estudar os certames do segmento é uma “atividade contínua”.

Já o CEO da EDP Brasil, João Marques da Cruz, afirmou que a companhia seguirá avaliando lotes oferecidos nas próximas licitações e manterá sua estratégia de rotação de ativos de transmissão, vendendo parte de sua carteira para levantar capital para ganhar e construir novos projetos do zero.

(Com Reuters)