Rede D’Or (RDOR3): SulAmérica é ‘culpada’ por resultados pouco empolgantes no 4º tri?

Analistas consideraram que números de segmento de seguros vieram piores que o esperado e foram detratores no balanço

Camille Bocanegra

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A Rede D’Or (RDOR3) apresentou seu balanço do quarto trimestre de 2023 na noite de terça-feira (27). Para a maioria das análises, os números se apresentam como mistos, com destaque negativo para o desempenho de SulAmérica. A divisão ainda não “pegou tração”, nas palavras do Morgan Stanley.

Apesar de a taxa de sinistralidade tenha sido considerada como gerenciável, o banco estrangeiro considerou que a sazonalidade não impactou positivamente os sinistros. Tradicionalmente, o último período do ano apresenta menor utilização dos serviços. O número de beneficiários foi considerado estável, na análise, mas o Morgan ressaltou o aumento do ticket médio como compensação.

“Estamos otimistas quanto à capacidade da empresa de continuar garantindo ajustes de preços de contrato mais altos. Além disso, esperamos que a reformulação do produto e medidas rigorosas de controle de custos contribuam para reduzir o índice de sinistralidade em 2024”, considera a análise.

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A XP também entendeu os números como neutros, destacando que o negócio de hospitais teve aumento de 9,3% na receita pelo aumento do ticket médio. A frente de seguros, ao contrário de outras análises, foi vista como melhor, pela expansão da receita e de iniciativas de redução de custos e despesas. Em resumo, a corretora entendeu que o balanço apresentou melhor resultado financeiro, por despesas financeiras menores que o esperado, mas o capital de giro segue pressionado.

Para o Itaú BBA, os resultados foram levemente negativos, com segmentos hospitalares e de oncologia em linha com expectativas mas divisão de seguros abaixo do estimado. A taxa de sinistralidade foi vista como mais suave que a sazonalidade histórica e as despesas com amortizações e arrendamentos apresentou redução considerável. Esse último ponto foi responsável pelos dados de lucro líquido em linha com o estimado, uma vez que, sem a linha, haveria um “desvio significativo de nossas projeções”, de acordo com o BBA. Por isso, o banco estima que a reação do mercado seria negativa em relação ao balanço. A recomendação para o nome é neutra, com preço alvo estimado em R$ 34,00 para o fim de 2024.

Visão da teleconferência

Na teleconferência de comentário dos resultados, o CEO da Rede D’Or, Paulo Moll, destacou a melhora sequencial apresentada trimestre a trimestre.

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“Olhando já agora esse início de 2024, a gente vê mais uma vez uma melhora sequencial, a gente continua vendo, por conta das diversas iniciativas aqui da companhia de renegociações, de controle de sinistro, de combate a fraudes. Vale destacar também um trabalho muito importante feito na redução da despesa administrativa, trazendo de mais de 7% de custo administrativo em relação aos prêmios para abaixo de 5% para a nossa entrega em 2023”, pontua o CEO.

A CEO da SulAmérica Saúde e Odonto, Raquel Reis, também destacou a consistência do resultado e o curso de melhora gradual. A executiva ressaltou que a sinistralidade segue entre as atenções da companhia, assim como a adequação dos produtos oferecidos.

“Esse continua sendo um ano de ajuste de sinistralidade”, afirma Raquel. Sobre reajustes em 2024, a executiva considerou que será ainda uma mudança importante, de 2 dígitos, mas menor do que o visto em 2023.

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Um dos esforços relacionados à sinistralidade é a redução de presença despesas relacionadas ao reembolso, que de dois dígitos caiu para um dígito “alto”, na casa de 9%. O reembolso chamado modular tem dominado os produtos da companhia, chamada pela executiva de “plataforma inteligente”. Na prática, significa que o reembolso será limitado de acordo com a posição na pirâmide de produtos.

Para planos presentes na base, o reembolso é praticamente restrito à consultas de emergência. “As pessoas estão escolhendo mais produtos com coparticipação, o que gera uma utilização muito mais consciente”, indica a executiva.