Como a WEG pretende manter o seu ritmo de crescimento após resultado surpreender

A companhia aposta em transmissão e distribuição para manter crescimento no exterior

Camille Bocanegra

Publicidade

Após surpreender positivamente o mercado com números melhores que o esperado e apresentar alta de 6,98% nos papéis na sessão de quarta-feira, a WEG (WEGE3) destacou que tem planos para continuar seu ritmo de crescimento em teleconferência com o mercado, ocorrida na última quinta-feira (22)

Em relação aos resultados, se o terceiro trimestre de 2023 da fabricante de motores elétricos foi marcado por números mais fracos que o esperado, no quarto período do ano passado os dados da companhia impressionaram com crescimento da receita operacional líquida em 7,3% e avanço de 17,3% no lucro antes de juros, impostos, depreciações, amortizações (Ebitda, na sigla em inglês). A receita resulta das sólidas expansões de capacidade realizadas pela companhia tanto nacional quanto internacionalmente.

Duas letras explicam, entre outros fatores, o bom desempenho: T&D (transmissão e distribuição). O desempenho é explicado tanto pelo aumento de volumes quanto de preço também. Na teleconferência para comentar o balanço divulgado, a administração reforçou a continuidade do bom desempenho de vendas de equipamentos de ciclo longo do segmento, somado aos números de equipamentos de energia eólica também, no Brasil. A perspectiva é construtiva para 2024, considerando o robusto backlog de ciclo longo praticado atualmente pela WEG.

Continua depois da publicidade

Lá fora, o destaque também é GTD (geração, transmissão e distribuição de energia). O negócio tem apresentando demanda cada vez mais elevada nos EUA, que deve ser crescente, de acordo com o diretor administrativo da companhia, André Rodrigues. O executivo destacou o setor de T&D como um dos motivos para movimento de aquisição empreendido pela companhia nos últimos anos, tanto no Brasil quanto na América do Norte e Europa. “A dinâmica de mercado de T&D continuará positiva e por isso estamos fazendo esses investimentos”, considera Salgueiro. 

“A receita tem seguido as expectativas da empresa; resulta de sólidas expansões de capacidade realizadas tanto nacional quanto internacionalmente. A WEG espera que essa tendência positiva continue por alguns anos”, analisa o Itaú BBA.

Em relação ao plano de investimentos, a companhia não tem perspectivas de alteração em 2024 do já anunciado valor de R$ 1,9 bilhão, mesmo considerando incorporação de novo negócio. Nos planos da WEG para este ano, estão o aumento da capacidade doméstica para T&D, visando exportações e de motores industriais, pacotes de baterias e motores comerciais e eletrodomésticos. Para o exterior, a companhia planeja aumento da capacidade externa para T&D e tintas na América do Norte e foca em motores de baixa voltagem e turbinas eólicas na Índia.

Continua depois da publicidade

Um ponto de preocupação para analistas na teleconferência com a administração foi a normalização das margens. A WEG destacou que a margem Ebitda pode cair para patamares próximos aos observados em 2020 a 22. Contudo, no quarto trimestre de 2023, a margem da companhia se manteve em bom nível, com crescimento de 1,9% na comparação anual (em 21,4%).

O JPMorgan ressaltou que a WEG deve apresentar acomodação nas margens, mas que devem permanecer acima dos níveis históricos. O aumento é atribuído à estabilização de preços nas matérias-primas, melhoria na composição, com menor contribuição para projetos solares, e uma estratégia mais voltada para o ciclo longo e T&D (pontos fortes da companhia no período). O banco estrangeiro atualizou suas estimativas para a WEG após os dados do quarto trimestre de 2023, ainda classificada como overweight (exposição acima da média, similar à compra) com preço-alvo de R$ 47,00 e avalia que a WEG negocia a 18,8 vezes o valor da empresa sobre o Ebitda (EV/Ebitda, na sigla em inglês) para fim de 2024. Os concorrentes do setor negociam a múltiplos mais baixo, com média de 15 vezes a relação entre EV sobre Ebitda.

“Continuamos com uma recomendação de overweight (OW) na WEG devido a: i) sua capacidade de crescimento a longo prazo, tanto organicamente quanto inorganicamente – as receitas estrangeiras no 4º trimestre foram 14% maiores em relação ao ano anterior em termos de dólares americanos; ii) Perspectiva positiva para T&D (Transmissão e Distribuição) na América do Norte, o que deve sustentar um crescimento de dois dígitos ao longo de vários anos, especialmente após a adição da Regal (55% das receitas geradas nas Américas); e iii) reavaliação do valuation”, sustenta o JPMorgan.

Continua depois da publicidade

A reavaliação de avaliação poderia ser causada pela que a incorporação da Regal aos resultados da WEG, o que é esperado para o 2º trimestre de 2024. A alteração poderia refletir uma aceleração no crescimento das receitas de volta aos níveis de dois dígitos. A expectativa do banco é de crescimento de 17% em relação ao ano anterior no 2º trimestre, em comparação com 7% no 1º trimestre e 24% ao longo do 2º semestre de 2024 em relação ao ano anterior.

A cautela de alguns analistas, como Bradesco BBI e Itaú BBA, com o nome é motivada pela avaliação da ação e a possibilidade de convergência das margens. A divisão de análise do Itaú classifica o nome como market perform (performance de mercado, equivalente à neutro), com preço-alvo estabelecido em R$ 38,50 para fim de 2024. O BBA admite, no entanto, que ainda não há perspectiva de redução de margens no período.

“Embora o ciclo positivo para T&D deva continuar nos próximos trimestres, esperamos que a margem EBITDA da WEG chegue a convergir para cerca de 19%. Este fator, juntamente com: (i) a incorporação das operações adquiridas e (ii) a nova regra de preço de transferência que pode reduzir pela metade o benefício líquido da WEG, pode resultar em uma queda de -9% no lucro líquido na comparação anual em nossa estimativa”, pontua BBI.

Continua depois da publicidade

Ainda que veja que os resultados apresentados no trimestre foram sólidos, o banco considera a WEG como neutra, com preço-alvo de R$ 38,00, por apresentar avaliação elevada de 31 vezes o preço sobre o lucro (P/L) para final de 2024. A avaliação é considerada 20% acima da média histórica para a companhia.