Argentina: peso oficial tem queda histórica, dólar blue fecha estável e Bolsa encerra dia em queda após anúncios do novo governo

Durante a campanha eleitoral, presidente Javier Milei prometeu eliminar os rígidos controles de capital do país

Equipe InfoMoney

Imagem de nota de 100 dólares com foto do presidente da Argentina, Javier Milei - 16/11/2023. (Reuters/Matias Baglietto)

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O peso oficial da Argentina sofreu uma desvalorização de 54,24% no início do pregão desta quarta-feira (13), após o governo ultraliberal de Javier Milei anunciar um forte aperto fiscal para combater a inflação anual descontrolada.

O primeiro registro eletrônico ficou em 801 unidades por dólar às 10h02 (horário de Brasília), contra um fechamento anterior de 366,55 unidades. Já no fechamento desta quarta, o dólar foi a 820 pesos, levando a uma desvalorização de 55,30% do peso.

Já o dólar blue, ou paralelo, depois de uma escalada inicial que o levou para 1.150 pesos, perdeu força e fechou esta quarta praticamente estável, a 1.040 na compra e 1.070 pesos para venda.

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Enquanto isso, o índice de ações S&P Merval, após chegar a subir quase 7%, perdeu fôlego e fechou em queda de 0,65%, aos 1.003.483 pontos.

Os argentinos estão enfrentando uma inflação de cerca de 200% ao ano, com perda abrupta do poder de compra em seus salários, além de pobreza de mais de 40% e reservas líquidas negativas nas contas do banco central em meio à estagflação.

O ministro da Economia, Luis Caputo, delineou na terça-feira uma série de medidas ortodoxas estabelecidas pelo novo presidente Javier Milei para lidar com a grave crise financeira, incluindo cortes drásticos nos gastos e uma desvalorização do peso para aumentar a competitividade.

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“O dólar a 800 pesos é o valor mais alto desde o fim da conversibilidade”, quando a paridade do peso era de um para um em relação ao dólar, na década de 1990, disse o analista Salvador Vitelli à Reuters, observando que a desvalorização “é um pouco maior do que o mercado esperava”.

O banco central da Argentina vai manter sua taxa de juros de referência em 133% ao ano, informou o banco em um comunicado, e irá impor uma nova “paridade móvel” para enfraquecer o peso em 2% ao mês após a forte desvalorização.

“A Argentina precisa promover uma taxa de câmbio flexível e confiável. Manter a flutuação cambial em um contexto de inflação crescente resultará novamente em uma taxa de câmbio supervalorizada em pouco tempo. Isso prepararia a Argentina para outra grande – e potencialmente desordenada – desvalorização no futuro”, projetou a consultoria Capital Economics.

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O governo também disse que cortará os subsídios ao transporte e à energia e reduzirá as obras públicas a fim de eliminar o déficit fiscal para reduzir o risco-país, enquanto trabalha em um plano de reformas estruturais a ser enviado para sessões extraordinárias do Congresso Nacional.

“Isso nos leva a uma expectativa de déficit zero (…) Fica eliminada a emissão monetária para financiar o Tesouro”, disse o porta-voz da presidência, Manuel Adorni, em uma coletiva de imprensa.

“Precisamos de credibilidade, que não pode ser alcançada gastando mais do que temos”, acrescentou.

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Durante a campanha eleitoral, Milei prometeu eliminar os rígidos controles de capital do país, com várias taxas de câmbio, que foram implementados para proteger as escassas reservas do banco central.

(com Reuters)