Goldman Sachs eleva Direcional (DIRR3) a compra e corta EzTec (EZTC3) a venda ao ver foco em “ROEs” para 2024; ações reagem

Analistas veem caminhos distintos para as duas companhias em termos de rentabilidade

Equipe InfoMoney

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O Goldman Sachs revisou o setor de construção, elevando a recomendação de Direcional (DIRR3) de neutra para compra e cortando a de EzTec (EZTC3) de neutra para venda, pois acredita que o foco do investidor em 2024 se voltará para a rentabilidade. Com isso, às 10h10 (horário de Brasília) desta quarta-feira (13), as ações DIRR3 subiam 3,14% (R$ 20,67) e as EZTC3 caíam 3,41% (R$ 17,87).

O banco aponta que 2023 foi um ano em que as construtoras brasileiras superaram o Ibovespa em graus variados, desde Cyrela (CYRE3; +54% versus o índice) no segmento de mais alta renda até MRV (MRVE3; +6%) no segmento de mais baixa renda.

As vendas gerais continuaram a crescer, as margens brutas continuaram a se recuperar, os balanços foram fortalecidos (como foi o caso da MRV e da Direcional com follow-ons em meados do ano) e para a baixa renda as perspectivas para o Minha Casa Minha Vida (MCMV) melhoraram devido ao aumento da disponibilidade de crédito.

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“À medida que vários (embora não todos) riscos materiais diminuem para o setor, acreditamos que a rentabilidade será um foco principal em 2024. Analisamos profundamente os impulsionadores do ROE[retorno sobre o patrimônio, ou rentabilidade) no futuro”, apontam os analistas.

Assim, o banco atualizou Direcional para compra, que junto com a Cyrela avaliada como compra deve ver as ações serem reavaliadas à medida que os ROEs continuam crescendo em direção a máximos históricos (14% e 22% em 2024, respectivamente). No extremo oposto, EzTec foi cortada para venda uma vez que o banco espera que os ROEs fiquem estáveis sequencialmente em mínimos históricos de 4%.

“Permanecemos com classificação neutra para as ações da MRV que, embora observem a recuperação dos ROEs das mínimas recentes (-3% em 2022 a 7% em 2024), permanecerão abaixo das médias históricas. Com relação aos preços-alvo, Cyrela e Direcional com classificação de compra implicam em cerca de 25% e 30% de retorno potencial, enquanto Eztec com classificação de venda implica retorno estável e MRV com classificação neutra em 15% de alta”, apontam os analistas. O banco tem preço-alvo de R$ 26 para DIRR3, de R$ 11 para MRVE3, de R$ 28 para CYRE3 e de R$ 18 para EZTC3.

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Os analistas apontam que um debate importante em torno da Direcional é quanto mais upside existe para as ações. Em uma base de 5 anos, as ações da Direcional apresentam o melhor desempenho da cobertura do Goldman de construtoras residenciais no Brasil, com um aumento de 150% em relação ao restante da cobertura variando de +46% (Cyrela) e -19% (MRV).

As ações hoje são negociadas a 1,4 vez o preço sobre o valor patrimonial esperado para 2024, perto de um desvio padrão completo acima da média histórica, levando os investidores a acreditar que as ações da Direcional estão caras ou totalmente valorizadas.

“Acreditamos, no entanto, que as ações da Direcional podem ser reavaliadas dadas as perspectivas de melhoria do ROE, já que a empresa pode ver o ROE aumentando de cerca de 20% em 2023 para 22,5% em 2024, o maior em nossa cobertura”, aponta.

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Já os ROEs da EzTec são os mais baixos em sua cobertura, uma tendência que o banco vê que persistirá, impulsionada por margens brutas desafiadoras que são mais baixas em relação ao histórico, que estão pesando nas margens líquidas. Além disso, há níveis crescentes de estoque impulsionados tanto pelo braço residencial quanto por seu braço comercial, que estão pesando no giro de ativos e uma estratégia de balanço que favorece a compra de terrenos com dinheiro em vez de através de swaps como os pares, o que pesa na alavancagem financeira.

“Quantificando as nossas expectativas, o ROE da EzTec provavelmente permanecerá próximo de 4% no curto prazo, um declínio material em relação ao pico recente de 10% em 2020 e muito abaixo da média pré-Covid de 15% (numa base recorrente). Acreditamos que as expectativas consensuais de um ROE de 9% em 2024 permanecem demasiado elevadas e prevemos um enfraquecimento das ações, uma vez que a empresa não consegue proporcionar um crescimento do ROE, ao contrário dos seus pares”, aponta.

Os analistas avaliam que poderiam estar errados em um cenário de monetização mais rápida do que o esperado da Esther Tower ou do banco de terrenos, que poderiam impulsionar a rotatividade de ativos e aumentar o ROE, entre outros fatores.