Justiça determina bloqueio de R$ 7,8 mi de William Bigode, ex-Palmeiras, em caso de suposto golpe

Jogador nega envolvimento com empresa investigada pelo MP do Acre por operar um esquema de pirâmide com criptomoedas

Lucas Gabriel Marins

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O caso do suposto golpe milionário com criptomoedas envolvendo jogadores e ex-jogadores do Palmeiras teve mais um episódio nesta semana.

Na quarta-feira (12), o juiz Christopher Alexander Roisin, da 14ª Vara Cível de São Paulo, determinou o bloqueio de R$ 7,8 milhões do jogador Willian Gomes de Siqueira (Willian Bigode) e de suas sócias Loisy Marla Coelho Pires de Siqueira e Camila Moreira de Biasi Fava. A Justiça, no entanto, conseguiu encontrar apenas R$ 1,7 milhão.

“Bloqueio parcialmente frutífero (R$ 1.720.897,99), ficam os valores arrestados. Aguarde-se o decurso de prazo para contestação”, escreveu o magistrado.

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O pedido de bloqueio foi feito pela defesa do jogador Mayke Rocha Oliveira dentro de um processo movido contra os acusados. Na ação, Oliveira diz que investiu em uma suposta pirâmide financeira associada a criptoativos por indicação da empresa WLJC Consultoria e Gestão Empresarial, que pertence aos réus, e teria perdido pouco mais de R$ 7 milhões (contando o investimento e a promessa de lucro).

O suposto esquema criminoso com ativos digitais citado por Oliveira é a Xland Investment, investigada pelo Ministério Público do Acre (MPAC). Em inquérito civil instaurado no final de 2022, o órgão diz que o negócio tem “características comumente associadas aos chamados esquemas de pirâmide”.

A Xland, que também é ré no processo, afirma trabalhar com locação de criptomoedas, e promete pagar 5% de juros ao mês para investidores. O modelo de negócio é semelhante ao de outros golpes, como o da GAS Consultoria, do “Faraó do Bitcoin“, e da Rental Coins, do “Sheik das Criptomoedas“. Ambos foram presos.

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Contatada, a defesa de William Bigode afirmou que discorda da decisão, apontando que o ex-jogador do Palmeiras e seus sócios não têm reponsabilidade sobre os prejuízos causados pela Xland. Os advogados entrarão com recurso contra a medida judicial, considerada por eles como “precária e prematura, tendo em vista que o prazo de defesa sequer foi iniciado”.

Em março, a defesa de Bigode disse em nota que seu cliente também teria sido lesado pelo suposto esquema.

“Willian também se sente vítima da Xland, já que, somando os rendimentos com o capital aportado, teve um prejuízo de aproximadamente R$ 17,5 milhões com a Xland, uma vez que solicitou o resgate dos valores em novembro de 2022 a até hoje não recebeu qualquer quantia”.

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Scarpa X Bigode

Além de Oliveira, o jogador Gustavo Scarpa também moveu processo contra Bigode, seus sócios e sua empresa, além da Xland. Na ação, ele alega ter perdido R$ 6,3 milhões. Em março, a Justiça de São Paulo concedeu bloqueio de R$ 5,3 milhões dos sócios e da empresa, mas a liminar foi derrubada na sequência. Foi mantida a busca de ativos de mesmo valor na Xland. A Justiça, no entanto, encontrou apenas R$ 674,89.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa da Xland. A empresa também não se manifestou nos autos dos processos.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney