Política monetária deve garantir que inflação não se torne duradoura, diz presidente do BoE

Em discurso na London School of Economics, Andrew Bailey afirmou que o efeito dos aumentos de taxas de juros ainda não foi sentido pelo mercado financeiro

Estadão Conteúdo

Sede do Banco da Inglaterra (BoE)
Sede do Banco da Inglaterra (BoE)

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O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, disse que, atualmente, a política monetária do país tem como principal objetivo “garantir que a inflação que veio do exterior não se torne duradoura internamente”. E ainda enfatizou que “se sinais de pressões inflacionárias persistentes se tornarem mais evidentes, mais aperto monetário será necessário”.

Em discurso proferido na London School of Economics, Bailey também afirmou que o efeito dos aumentos de taxas de juros pelo BoE ainda não foi sentido “por completo pelo mercado financeiro”.

O presidente do BoE espera que a inflação no Reino Unido caía “acentuadamente ao longo deste ano, começando “em dois meses ou mais a partir de agora”, devido ao fato de que muito dos efeitos negativos provocados pela guerra entre Rússia e Ucrânia já estão “diminuindo”, principalmente no caso de preços de energia.

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Bailey detalhou que a guerra foi o possível principal agente para o crescimento da atual inflação global, referindo-se aos aumentos em preços de energia e alimentos, por exemplo.

Aprendizado com o caso dos bancos

O presidente do Banco da Inglaterra afirmou que a instituição tem “muito a aprender com o caso do Silicon Valley Bank (SVB) e o do Credit Suisse”, ao dizer que o BC inglês está acompanhando os desdobramentos de cada um dos episódios.

Ao mesmo tempo, Bailey também buscou trazer maior segurança em sua fala e disse que “o sistema bancário do Reino Unido é resiliente em capital e liquidez”.

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Ele se absteve de comentar mais aprofundadamente sobre o colapso do SVB e as decisões do governo da Suíça em relação ao Credit Suisse. “Isso daria uma outra palestra e vou poupar vocês disso”, concluiu.

Inatividade econômica

O presidente do BoE comentou ainda que a maior parte do aumento da inatividade econômica no país “não se deve a condições econômicas mais fracas ou a um mercado de trabalho mais frágil”, referindo-se à demanda, porém a uma mudança na oferta de trabalho, particularmente entre trabalhadores mais velhos.

No discurso proferido na London School of Economics, Bailey afirmou que muitos desses trabalhadores, “após acumularem uma quantidade suficiente de dinheiro para se manterem, optam por se aposentar mais cedo”, o que por consequência diminui o suprimento de força de trabalho para o mercado.

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Apesar disso, o presidente do BoE acredita que isso não é o suficiente para aumentar as taxas de juros para além do que tem sido normal ultimamente, visto que a “economia e o emprego ainda tem se mostrado resilientes”, apesar do crescimento nominal dos salários estar abaixo do esperado.