BRF (BRFS3) negocia venda de divisão de alimentos para pets por R$ 2 bi, diz Bloomberg: qual impacto para ações?

Analistas veem notícia como positiva levando em conta o atual cenário da empresa, mas não resolve a situação de queima de caixa

Lara Rizério

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Em meio a diversas revisões para baixo nos números da BRF (BRFS3) para o quarto trimestre de 2022 (4T22), outra notícia agitou o final do pregão para a companhia, dona da Sadia e Perdigão.

Segundo a Bloomberg, citando fontes, a BRF está em negociações para vender sua divisão de alimentos para animais de estimação (pets) por R$ 2 bilhões.

De acordo com à notícia, a empresa está vendendo o ativo como parte de uma reestruturação interna para reduzir sua
alavancagem enquanto preserva o negócio principal.

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A BRF adquiriu esses negócios (Mogiana e Mercosul) no 3T21 por um valor de R$ 1,35 bilhão, como parte do seu plano de longo prazo, entre 2020-2030.

O Itaú vê o potencial de venda como positivo, dado que seria feito com um prêmio sobre os múltiplos EV/Ebitda (ou valor da empresa sobre o lucro antes juros, impostos, depreciações e amortizações) da BRF e daria suporte à desalavancagem da companhia.

“De acordo com nossos cálculos, se a operação for concluída nos referidos termos, a avaliação de venda do ativo seria de
aproximadamente 8 vezes o EV/Ebitda, gerando um prêmio de cerca de 60% sobre o atual EV/Ebitda da BRF”, avalia o BBA. As estimativas da casa assumem uma faixa de Ebitda de R$ 200 milhões -R$ 300 milhões para a divisão.

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Apesar de ser um passo para a desalavancagem, ainda não seria o suficiente para retornar aos níveis ótimos da companhia. A venda reduziria a projeção do BBA para a dívida líquida da companhia para R$ 16,5 bilhões (incluindo leasing passivo) e reduziria a estimativa de dívida líquida/Ebitda para o ano em 0,3 vez, de 3,6 vezes para 3,3 vezes.

“Embora isso não seja suficiente para mudar significativamente a geração de caixa para a empresa, acreditamos que seja mais do que bem-vindo, pois coloca a BRF em uma melhor posição para investir em seu core business [negócio principal] e manter a competitividade no atual cenário macroeconômico difícil para a empresa”, afirma.

Também para o JPMorgan, se confirmado, o desinvestimento ajudará a empresa a se concentrar nas operações principais. A captação de caixa dará à empresa um impulso de curto prazo, mas não resolve a situação de queima de caixa que os analistas veem para o ano (e eventualmente para 2024 também).

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A recomendação do BBA e do JPMorgan é equivalente à neutra para o ativo, com preços-alvo respectivos de R$ 9 (upside de 39%) e R$ 10 (upside de 55%). Em 2023, as ações caem 21,86%.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.