Localiza (RENT3) projeta capturar metade das sinergias da Unidas em 2023 

Empresa já observa ganhos operacionais nos primeiros meses após a fusão e que agora os frutos deverão se traduzir em lucro operacional 

Rikardy Tooge

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Mais de dois anos após anunciar sua fusão com a Unidas, a Localiza & Co (RENT3) começa a observar os primeiros retornos da consolidação da antiga concorrente. O aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para o negócio ocorreu apenas no final de junho deste ano. Com menos de seis meses do fechamento da operação, a Localiza agora projeta os ganhos operacionais com o deal.

A companhia estima que cerca de 50% das sinergias previstas com a fusão deverão ser capturadas já no ano que vem. “O poder de compra de veículos foi a sinergia mais evidente do negócio, mas há outros ganhos que não são tão notados. Um deles é que conseguimos acelerar nossas entregas aos clientes de frota. Ao cruzarmos o portfólio de carro das duas companhias, conseguimos agilizar a entrega dos veículos”, disse o CEO Bruno Lasansky, durante encontro com jornalistas após o Investor Day.

Neste semestre, prossegue o executivo, ocorreram as integrações dos negócios, processo que está na reta final. Uma das medidas impostas pelo Cade e que viabilizou a fusão entre as empresas foi a venda da marca Unidas para a Brookfield, que agora atua no mercado com o nome. O grupo canadense também é dono da locadora de pesados Ouro Verde.

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Aumento da alavancagem

A despeito do ganho operacional projetado com a fusão, a Localiza estima um cenário ainda complexo para a renovação de frota. Durante a pandemia, a empresa optou por sustentar o envelhecimento do portfólio de veículos em vez de comprá-los em uma condição de mercado desfavorável. A avaliação foi de que era um momento de dificuldade de entrega e preços mais altos diante da oferta restrita.

“Hoje nós entendemos que não há restrição de oferta. Vemos muito mais disponibilidade de veículos do que a necessidade. Então, temos um cenário mais favorável para trabalhar nossas premissas de obter mais eficiência nos custos”, avaliou Rodrigo Tavares, CFO da Localiza.

Unidade da Localiza: lucro operacional no foco da companhia (Foto: Divulgação)

Para 2023, o Tavares projeta um aumento marginal da alavancagem, que encerrou o terceiro trimestre deste ano em 2,8x a dívida líquida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês). O índice está dentro da média histórica da empresa e poderá chegar a 3 vezes no primeiro semestre do ano que vem – ainda em um patamar considerado saudável pela Localiza & Co.

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“Mas essa alavancagem tende a diminuir no segundo semestre de 2023, a partir do momento que a renovação se consolida e o lucro operacional ganha mais fôlego”, defendeu Rodrigo Tavares.

O CFO reforçou que a empresa continuará diligente nos custos de renovação de frota e lembrou que a Localiza possui R$ 40 bilhões em ativos. “Se conseguirmos 1% de eficiência, já são R$ 400 milhões de ganho e não podemos descuidar”.

Crescimento moderado

Na avalição da Localiza, para garantir a sustentabilidade do negócio a longo prazo, não será possível garantir um crescimento de dois dígitos nos próximos anos. “Não dá para dizer que vamos 15% ao ano [como vinha ocorrendo] nos próximos anos”, acrescenta Lasansky.

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“Plano de saúde” para carros e nova marca

Também durante o Investor Day, a Localiza & Co anunciou um novo serviço, chamado Localiza+, que funcionará como um “plano de saúde” para os automóveis de pessoas físicas. A ideia é oferecer a rede que atende os veículos da Localiza para os consumidores que possuem o carro próprio.

Nesta primeira fase, os clientes terão acesso a um plano que dá direito a revisões periódicas do veículo, ao estilo do que ocorre quando se compra um carro 0 km, com mensalidades que variam de R$ 49,90 a R$ 169,90. Cerca de dez mil oficinas espalhadas em 85 municípios do país já estão cadastradas.

Com um MVP (produto mínimo viável, em inglês) rodando há quatro meses, a Localiza já fechou 15 mil contratos na modalidade, alcançando o breakeven (ponto de equilíbrio do negócio). Agora, o objetivo é dar mais escala ao negócio nos próximos meses.

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“É um mercado de R$ 100 bilhões e estamos entrando nele. O potencial que temos de capturar uma fatia desse bolo vai depender da nossa capacidade de entender o cliente”, enfatizou Bruno Lasansky.

Outra novidade anunciada pela empresa foi a criação da marca Localiza & Co, com o objetivo de diferenciar o institucional da companhia de seus serviços B2B e B2C.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br