Teto do G7 para petróleo russo pode subir: como as negociações impactam a commodity?

Analistas avaliam que um teto mais alto que o anteriormente cogitado, para US$ 65 a US$ 70 o barril, pode levar a preços globais mais baixos

Equipe InfoMoney

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Com a proximidade da chegada de dezembro, têm ganhado força as notícias de que o G7 está analisando um limite de preços para o petróleo russo transportado por via marítima de US$ 65 a US$ 70 o barril, a serem aplicados a partir do dia 5 do mês que vem. Os governos da União Europeia ainda não chegaram a um acordo e as negociações devem continuar.

Esse teto de preços seria substancialmente maior do que a de US$ 40 a 60 o barril discutido no início deste ano, que deveria cobrir apenas  o custo de produção.

Contudo, conforme destacou a Ritterbusch & Associates em nota, “uma questão é a necessidade de estabelecer um limite de preço que não iniba as exportações russas a ponto de ocorrer um pico dramático de preço para alimentar os incêndios inflacionários.”

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O analista de commodities do Commonwealth Bank, Vivek Dhar, destacou em relatório que essa faixa mais alta reduziria o risco de interrupção do fornecimento global.

“Se a UE concordar com um teto de preço do petróleo de US$ 65 a US$ 70 nesta semana, vemos riscos negativos para nossa previsão de preço do petróleo de US$ 95 o barril neste trimestre”, disse Dhar.

Na mesma linha, os analistas do Goldman Sachs apontam que um teto de preço ideal deve levar em conta o risco de retaliação russa, uma vez que também deve ser considerada a influência do país nos preços globais.

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Se um teto de preço muito baixo for estabelecido, a Rússia seria incentivada a evadir o teto e comercializar seu petróleo a preços globais (com um certo desconto), mantendo suas exportações por uma frota de navios “às sombras” que seria independente dos serviços financeiros e de transporte do G7, mas que resultaria em preços globais mais altos (uma vez que o país não atenderia a demanda do G7).

Um limite mais alto pode manter os preços mais baixos no final, aponta o Goldman, citando que este é um “jogo” em que o G7 deve antecipar a resposta da Rússia à sua decisão de limite de preços.

Usando algumas suposições conservadoras sobre os descontos de petróleo da Rússia e a estrutura de preços do Brent, os analistas do banco avaliaram que um limite de preço de US$ 70 pode ser suficiente para impedir a retaliação russa.

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“As propostas atualizadas do G7 parecem mais apropriadas, minimizando as receitas russas e, ao mesmo tempo, limitando o risco de retaliação”, avalia o banco. No entanto, aponta, se efetivada, a notícia eleva o risco de retaliação de outros exportadores globais, para quem o preço máximo pode abrir um precedente preocupante.

Já nesta manhã, o Kremlin afirmou que a Rússia não planeja fornecer petróleo e gás a países que apoiam um teto de preço para o petróleo russo, mas o país tomará uma decisão final assim que analisar todos os números.

“Por agora, mantemos a posição do presidente (Vladimir) Putin de que não forneceremos petróleo e gás aos países que estabelecerem (o limite) e aderirem ao limite”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em call diária com repórteres.