Os 7 pecados ‘mortais’ na hora de investir, segundo o WSJ

O excesso de confiança é um dos pecados que o investidor deve evitar para garantir desempenho melhor

Leonardo Pires Uller

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SÃO PAULO – Já se passaram cinco anos desde a última crise econômica nos EUA e os investidores aprenderam muita coisa com isso desde então. Aprenderam mesmo? Questiona o The Wall Street Journal.

“Quando se trata de dinheiro, estamos operando como se estivéssemos na selva, tendo que lidar com predadores como tigres”, diz Brad Klontz, psicólogo clínico e professor associado de planejamento financeiro na Kansas State University. “Nós temos um cérebro de homem das cavernas.”

O The Wall Street Journal levantou então os sete pecados capitais de investimento e como se proteger contra eles.

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Luxúria: Perseguir o desempenho recente
A crença dos investidores é de que o desempenho recente vai ditar o desempenho futuro. Tal tendência é conhecida como “viés de recência” na psicologia e é uma das maiores armadilhas para os investidores, dizem os especialistas.

“As pessoas tendem a comprar algo que teve um bom momento recentemente”, diz Terrance Odean, professor de finanças da Haas School of Business da Universidade da Califórnia, em Berkeley. “Elas perseguem o desempenho.”

Foi o que aconteceu perto de 2008, quando as pessoas investiram em imóveis acreditando que o aumento de preços nunca os deixaria na mão.

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Para combater esse comportamento, consultores financeiros dizem que é importante que os investidores estudem o histórico dos preços e desempenho dos investimentos mais populares. Cartas com histórico de desempenho, por exemplo, podem mostrar a ascensão e queda desse ivestimento ao longo das décadas.

Em vez de olhar apenas para os preços ao longo dos últimos meses, olhar para o longo prazo é importante. O ouro, por exemplo, viu seu preço valorizar bastante desde 2001, mas, olhando em um horizonte mais distante, mal manteve o ritmo com a inflação.

Embora seja mais fácil dizer do que fazer, os investidores têm de se esforçar para tentar não prestar tanta atenção nas notícias diárias e anúncios que divulgam o mais recente investimento ‘da moda’.

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Orgulho: Ser confiante demais
Eric Glohr, 54 anos, novo no mercado na época, planejava comprar ações da Microsoft em sua oferta pública inicial em 1986 a US$ 21 por papel. Mas no primeiro dia de negociação, o preço das ações subiu para mais de US$ 27.

O investidor decidiu então esperar até que ela caísse para investir. Ele esperou por anos enquanto os papéis só subiram até que ele finalmente percebeu que nunca cairiam para o menor preço que ele havia previsto.

“Eu estava preocupado com algumas centenas de dólares e acabei deixando de ganhar perto de um milhão de dólares”, afirma.

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Investidores, especialmente os novatos no jogo, muitas vezes acreditam que sabem muito mais do que eles realmente sabem fazer acerca de um investimento particular, dizem os psicólogos e consultores financeiros.

A melhor maneira para os investidores reduzirem seu excesso de confiança é ter certeza de que eles têm uma pessoa imparcial com quem se consultar e que está disponível para passar por cima de todas as ideias de investimento. Pode ser um consultor financeiro, ou então um amigo ou parente que não é diretamente afetado por qualquer decisão tomada.

Preguiça: Não observar os custos
Os investidores muitas vezes não dão a devida atenção aos detalhes. “Considere a sua vontade de investir em caros fundos mútuos que não possuem boa performance”, diz James Choi, professor de finanças da Yale School of Management.

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Muitas vezes, deslumbrados por um nome do gestor do fundo ou o desempenho recente, os investidores não conseguem olhar para as despesas desse fundo antes de entrar. Ao invés de comprar um fundo de índice mais barato, que imita um índice de mercado amplo, com uma taxa de despesas na casa de 0,05%, alguns vão preferir um fundo um gerido por um selecionador de ações profissional que cobra uma taxa muito mais elevada, afirma o professor.

“As despesas são muito mais previsíveis do que o desempenho futuro, porque há muita aleatoriedade no desempenho passado”, diz Choi.

Inveja: Querer entrar no clube
O que é melhor que um grande negócio? Um grande negócio que esteja disponível exclusivamente para você.

Na corrida para os papéis do Facebook, em sua oferta pública inicial em maio de 2012, consultores financeiros dizem que receberam chamadas de clientes que queriam entrar antes de sua estreia. O fato de que havia um número limitado de ações disponíveis para os investidores de varejo só aumentou o ‘frenesi’.

É pela mesma razão que os investidores estavam tão dispostos a acreditar no esquema de Bernard Madoff, dizem os especialistas. Eles faziam parte de um pequeno grupo fazendo um monte de dinheiro, já que Madoff supostamente só aceitava um número limitado de clientes.

“Muito disso tem a ver com a sensação de exclusividade”, diz Meir Statman, professor de finanças da Universidade de Santa Clara, especializado em finanças comportamentais. O desejo de fazer parte de uma oferta exclusiva leva muitas vezes as pessoas a jogar o dinheiro em um investimento que não se enquadra nos objetivos gerais de sua carteira.

Ira: Dificuldade em aceitar o fracasso
Pessoas odeiam perder dinheiro. Aversão à perda, como é chamada pelos psicólogos, não é difícil de detectar. Investidores mantiveram ações de tecnologia quando elas despencaram durante o início dos anos 2000, como fizeram para ações do setor financeiro durante a crise, e como continuam a querer fazer hoje.

Esse tipo de pensamento pode ser perigoso para os investidores. Se eles lamentam a decisão, podem vender muito cedo, mas se eles não aceitarem sua perda e acabarem indo além dos “custos irrecuperáveis” de um investimento, podem ter segurado os papéis por muito tempo, dizem os psicólogos.

Em vez de apenas pesquisar as finanças de uma determinada empresa, os investidores precisam entender o ambiente econômico tanto quanto possível, dizem os consultores financeiros e especialistas.

Se uma companhia é dependente de um trabalho de mercado, por exemplo, para um bom desempenho, os investidores precisam entender completamente as perspectivas para os setores e planejar seus investimentos de acordo. Muitas vezes as pessoas vão basear a sua decisão de comprar ou vender apenas com a força de uma empresa.

Gula: Viver para o presente
Encarando os fatos: há uma série de atividades mais interessantes do que o monitoramento do portfólio e uma série de tentações para gastar dinheiro hoje em dia. Mas a tendência dos investidores em direção a apatia é prejudicial, especialmente quando se trata da popuança para a aposentadoria.

57% dos trabalhadores norte-americanos, pesquisados pelo Employee Benefit Research Institute no início deste ano informaram ter poupado menos de US$ 25.000 no total, sem contar a sua casa ou planos de aposentadoria de benefício definido. A falta de preparação que levou os especialistas a considerar isso uma crise.

Muitas vezes, os trabalhadores não poupam cedo o suficiente porque eles vêem a aposentadoria como um evento distante, levando a apatia no sentido de colocar dinheiro fora, dizem consultores financeiros e psicólogos.

Ganância: Seguir o rebanho
Quando o mercado de ações despencou durante a crise financeira de 2008, muitos investidores fugiram, alguns abandonando suas carteiras inteiras e colocando o dinheiro em caixa.

Para combater o medo que inevitavelmente vem com um declínio do mercado ou outros eventos adversos, consultores financeiros dizem que é crucial que os investidores tenham um portfólio sólido independentemente dos acontecimentos de curto prazo. O plano deve descrever participações alvo dos investidores em títulos, ações e outros investimentos, e basear-se em seus objetivos de aposentadoria.