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SÃO PAULO – O câmbio neste ano está marcado pela extrema liquidez e volatilidade, devido às perspectivas do mercado de diminuição de estímulos norte-americanos na política monetária, chamados de QE3 (quantitative easing), que visa aumentar a quantidade de dinheiro em circulação na economia.
O anúncio que todos temem ainda não veio, mas a cada sinal de que o fim do programa irá ocorrer, a aversão a risco toma as bolsas de valores mundiais e o dólar dispara perante outras moedas, principalmente de países emergentes, com destaque para o Real. No entanto, quando o chairman do Fed (Federal Reserve – banco central norte-americano), Ben Bernanke, faz um pronunciamento e não anuncia o que todos estavam temendo, a apetite por risco toma conta e o dólar se deprecia frente às outras moedas, causando assim a volatilidade no mercado cambial.
Com isso, o dólar se supervalorizou de janeiro até o fim de agosto, quando atingiu o seu pico de R$ 2,45, no dia 21. A partir dessa data até o dia 24 de setembro, a moeda só depreciou frente ao real e voltou a valer R$ 2,20, subindo novamente nos últimos dois dias e chegando a R$ 2,24.
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De acordo com Adriano Moreno, analista da Futura Investimentos, “o câmbio que vai decidir as ações que vão subir e cair daqui pra frente”, afinal, isso já vem sendo mostrado nos últimos meses, com empresas que compram suas matérias-primas em real e exportam seus produtos em dólar tendo uma alta expressiva de suas ações, enquanto as que importam matérias-primas em dólar e vendem seus produtos em real estão vendo seus ativos despencarem. “Estamos vendo a economia lá fora melhorar e o dólar valorizar perante o real. Por conta disso, alguns países emergentes estão com contas fragilizadas, inclusive o Brasil”, afirmou.
As novas tendências
Segundo o especialista, estamos vivendo no Brasil uma rotação nova, de 2008 para cá, e, portanto, temas ligados à economia interna são as novas tendências, mas, para ele, é importante ficarmos atentos com a escalada do dólar, que já está deixando as empresas exportadoras muito atrativas. “O setor de Varejo e de Bancos merecem nossa atenção, assim como empresas exportadoras, cada uma pelo seu motivo”, disse.
Ainda de acordo com Moreno, a variável do câmbio está trazendo uma nova perspectiva no mercado brasileiro. “Empresas ligadas a uma dinâmica exportadora são muito beneficiadas com isso. Enquanto, o setor siderúrgico, que sofre muito com importação, passa a ganhar competitividade”, afirmou. “O câmbio que vai decidir o que vai andar e o que não vai andar daqui para frente”, finalizou.