Ação da Hapvida (HAPV3) cai 5% após resultado, com caminho mais longo para normalização; sinergias com NotreDame seguem no radar

Maior preocupação reside na possibilidade do tíquete médio demorar para se recuperar, afetando as margens, mas visão para ação segue positiva

Lara Rizério André Cabette Fábio

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A Hapvida (HAPV3) e a Notre Dame Intermédica reportaram o último resultado trimestral como empresas independentes – já que a fusão entre as duas foi concluída em fevereiro e as ações da GNDI deixaram de ser negociadas – na última quarta-feira (23), com números que não agradaram o mercado, já sendo sentidos no desempenho das ações HAPV3. Às 10h50 (horário de Brasília) desta quinta-feira (23), os ativos caíam 7,10%, a R$ 11,12.

A XP aponta que o destaque positivo dos resultados de ambas as empresas foi a contínua – ainda que lenta – redução da sinistralidade caixa, atingindo 64,9% para a Hapvida e 76,1% para a NotreDame.

Por outro lado, ainda avaliaram que as adições líquidas trimestrais de planos de saúde foram desanimadoras. Enquanto isso, o lucro líquido ajustado da Hapvida foi de R$ 374 milhões – auxiliado por um grande benefício fiscal – e o lucro líquido ajustado da GNDI foi de R$ 49 milhões – prejudicado por um alto endividamento líquido.

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A receita aumentou 14% na base anual (em linha com a estimativa da casa), principalmente devido a um aumento de 14% anual no número de planos de saúde, juntamente com uma queda de 1,2% anual no tíquete médio.

Os beneficiários de planos de saúde totalizaram 4.278 mil no ano de 2021, com adições líquidas de 534 mil no ano (447 mil de aquisições) e 14 mil no trimestre. “O principal detrator do tíquete médio foi a carteira de planos individuais (queda de 3,2% na base anual), impactada pelo reajuste negativo de 8,2% de preços determinado pela ANS em meados de 2021”, apontam os analistas.

A sinistralidade caixa aumentou 5,4 pontos percentuais (p.p.), para 64,9%, principalmente devido (i) às contaminações pela variante ômicron e pelo Influenza durante a temporada de festas, com impacto de 0,6 p.p. impacto na sinistralidade caixa, e (ii) maior sinistralidade das empresas adquiridas (entre 78% e 87%), com impacto de 3,1 p.p. na sinistralidade caixa. Já a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, ou Ebitda, sobre receita líquida) ajustada comprimiu 3,8 pontos na base anual, para 15,2%, ficando 1,3 ponto. abaixo da estimativa da casa.

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Para o Itaú BBA, o resultado também foi pouco inspirador, resultando que as adições líquidas ficaram aquém das expectativas do banco, apresentando tendências muito semelhantes às observadas no trimestre anterior.

Na vertical Hapvida, o churn (taxa de cancelamento) das operações recém-adquiridas em Belo Horizonte (Promed, com prejuízo líquido de 6 mil beneficiários e Premium com prejuízo líquido de 9 mil) reduziu as adições líquidas da operação, que ficaram consideravelmente abaixo das expectativas.

Na vertical do Notre Dame, as adições líquidas aceleraram no trimestre, bastante em linha com as estimativas BBA, resultando em um faturamento em linha com o esperado pelo banco.

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O Credit Suisse avalia ainda que a Hapvida tem um caminho mais longo para a normalidade, uma vez que a companhia apresentou um crescimento orgânico muito fraco.

Os resultados confirmam a hipótese de que, além de integrar as operações adquiridas, há pressões adicionais sobre folhas de pagamento e materiais, consistentes com o atual cenário macroeconômico. Tanto as despesas comerciais quanto as despesas gerais e administrativas ficaram acima dos níveis históricos, reduzindo a margem Ebitda, enquanto o lucro líquido foi beneficiado de menores alíquotas efetivas de impostos (amortização de aquisições).

Analistas acreditam que o principal impulsionador da Hapvida seja o crescimento orgânico, que foi modesto durante a pandemia. Por outro lado, avaliam, a situação econômica desfavorável pode beneficiar a nova companhia, a partir da fusão Hapvida-NotreDame, dado o tíquete mais baixo.

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Pela MLR (taxa de sinistralidade), eles acreditam que as pressões econômicas podem aumentar o tempo para o retorno aos patamares históricos, contrariando a hipótese de rápida recuperação pós-pandemia.

Na mesma linha, o BBI aponta que, embora acreditem que a maioria dos fatores por trás dos dados piores são transitórios (seguindo as sinergias, recuperação de tíquete de planos individuais, e fim do Covid-19), agora está mais preocupado, avaliando que o tíquete pode se recuperar mais lentamente do que o esperado, devido à concorrência e às condições macro, retardando a melhoria da margem Ebitda.

Contudo, no geral, os analistas seguem com recomendação positiva para a ação HAPV3.

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Itaú BBA, Credit Suisse, XP e Bradesco BBI possuem recomendação de compra ou equivalente (como outperform, ou desempenho acima da média do mercado) para a ação, com preços-alvo respectivos de R$ 18 (potencial de alta de 50% em relação ao último fechamento), R$ 16,70 (upside de 39,40%), R$ 19 (upside de 59%) e R$ 17 (upside de 42%).

A XP destaca que o assunto mais relevante para o preço das ações da Hapvida daqui em diante é o processo de integração da GNDI. Já o BBI aponta manter a recomendação devido ao valuation atrativo e fortes fundamentos de crescimento.

Reajustes e sinergias no radar

Em teleconferência para a apresentação de resultados, Irlau Machado Filho, presidente da NotreDame, em processo de integração com a Hapvida, disse que a previsão é que a ANS (Agência Nacional de Saúde) ajuste em 15% a 18% os planos individuais entre abril e início de maio, e que este patamar deve ser seguido para planos corporativos, em que a empresa atua. Ele disse que haverá remapeamento de custos para as novas empresas adquiridas.

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Sobre a fusão, Machado afirmou que a empresa já iniciou o processo de articulação de um produto único nacional. Ele apontou que, em função da divisão geográfica, cada empresa tinha percentuais de carteiras de grandes clientes que não eram atendidos nacionalmente, mas divididos com outras companhias. Com a fusão, grandes clientes de uma região, como Nordeste, poderão também ser atendidos em outras, como Sul e Sudeste.

O presidente da NotreDame afirmou que os custos da empresa foram impactados pelo dissídio no último trimestre. No entanto, a combinação com a Hapvida oferece a oportunidade de reduzir custos com a verticalização de operações, já que a empresa se torna capaz de oferecer serviços em mais praças sem recorrer a terceiros. A competitividade também aumenta por conta de um controle maior, afirmou. Segundo o executivo, agora é momento de recompor custos.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.