IRB Brasil (IRBR3) cai 9% após analistas do Citi apontarem necessidade de follow on

Resseguradora, além de ter passado por fraude contábil, sofre agora com falta de lucratividade e estrutura de capital ainda prejudicada

Vitor Azevedo

IRB Brasil (Foto/Reprodução: Youtube)

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As ações ordinárias do IRB Brasil (IRBR3) operaram em forte baixa ao longo desta quarta-feira (2) e fecharam em queda de 9,04%, em R$ 3,02. Foi a segunda maior queda do Ibovespa. O recuo vem após o banco americano Citi afirmar que uma nova ida da companhia à B3 para levantar capital não está descartada e que a situação ainda não está clara – tudo isso após seus analistas encontrarem com executivos da resseguradora.

“O caminho para a reestruturação do IRB é mais longo do que os investidores poderiam prever”, abre o banco em relatório divulgado ontem. “O diretor executivo (CFO) [Willy Otto Jordan Neto] notou que trazer a companhia de volta aos trilhos é algo mais desafiador do que o imaginado, pois o quadro encontrado por eles era fruto da falta de rentabilidade”, completaram.

O IRB Brasil enfrenta dificuldades desde 2020, quando a gestora Squadra apontou incongruências na contabilidade apresentada pela resseguradora, então sob a gestão de José Cardoso e Fernando Passos. Se a fraude contábil já era conhecida do mercado, a questão que chama atenção agora é a falta de lucratividade da companhia.

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“Agora que o balanço patrimonial e a estrutura de capital estão arrumados, eles terão tornar o IRB em uma companhia lucrativa”, afirmam os analistas do Citi Gabriel Gusan, Roberta Versiani, Karina Martins e Jörg Friedmann.

O IRB Brasil deve continuar buscando sua restruturação focando, principalmente, em mercados onde tem vantagens competitivas, caso do Brasil e da América Latina. Mas se o processo será bem sucedido ou não, é uma incerteza – e isso deve ter um impacto negativo no crescimento dos prêmios no curto prazo.

Os resultados de 2021 e de 2020, com prejuízos, ainda são impactos pela performance da gestão passada e mostraram até então  recuperação mais fraca daquilo que era esperado pelos atuais executivos – isso com eles já contabilizando efeitos climáticos e da pandemia.

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Prejuízos pesam sobre estrutura de capital do IRB

“Seguindo as perdas ocorridas em 2021, o IRB, mais uma vez, está em uma situação de solvência e de capital delicada. A companhia tem opções para melhorar sua estrutura, mas é necessário focar naquelas que realmente irão facilitar a situação, como aumento de capital, realocações e venda de portfólio”, diz o Citi.

No terceiro trimestre de 2021, a resseguradora registrou prejuízo de R$ 155,7 milhões, e no segundo, de R$ 206,9 milhões. Apenas entre janeiro e março a companhia conseguiu ter um saldo positivo, de R$ 51 milhões.

Por fim, o CFO do IRB Brasil apontou ainda que a maioria dos investidores da companhia são de varejo e que alguns vêm cobrando guidances positivos. Por hora, contudo, para ele isso não seria responsável, “dadas as incertezas sobre ainda presente à respeito da profunda reestruturação da companhia”.

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O Citi tem recomendação de venda para as ações ordinárias da IRB Brasil, com preço-alvo em R$ 3,70. O papel da resseguradora foi uma das principais quedas de janeiro, recuando 18,66% no mês.

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