Tesouro Direto: com análise mais negativa dos dados do IPCA-15, taxas dos títulos públicos operam sem direção única na tarde desta 5ª

Papéis prefixados apresentam alta nos juros, enquanto os de inflação operam com recuo nos retornos

Bruna Furlani

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A sessão desta quinta-feira (23) é de agenda cheia em termos de indicadores econômicos. O dia começou com a apresentação dos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que avançou 0,78% em dezembro, abaixo dos 1,17% de novembro. Com isso, o indicador terminou o ano com alta de 10,42%, a maior desde 2015.

Os números vieram praticamente em linha com o esperado por economistas consultados pela Refinitiv, que aguardavam uma alta de 0,8% frente a novembro, e de 10,45% na comparação anual.

No entanto, a leitura feita por agentes financeiros é que não há motivos para comemorar. Segundo eles, boa parte da desaceleração do IPCA-15 vista em dezembro é proveniente da Black Friday, além do que o percentual de itens com aumento de preços subiu.

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Diante de uma inflação que deve seguir mais pressionada no curto prazo, o mercado acredita que o BC vai continuar com a postura de que será preciso realizar altas maiores de juros para garantir a convergência da inflação à meta.

Ainda na cena local, destaque para os dados de vagas formais abertas em novembro deste ano, que vieram acima do esperado pelo mercado.

Nesse contexto, os títulos públicos negociados no Tesouro Direto operam com movimento misto na tarde desta quinta-feira, revertendo a queda vista no começo do dia. Papéis prefixados apresentam alta, enquanto os de inflação operam em queda.

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Às 15h20, a remuneração oferecida pelo título prefixado com vencimento em 2024 subia de 10,62%, no início do dia, para 10,78%. Um dia antes, o juro pago era de 10,67% ao ano. No mesmo horário, o Tesouro Prefixado com juros semestrais e vencimento em 2031 oferecia retorno de 10,63% ao ano, acima dos 10,58% da sessão anterior.

Entre os papéis de inflação, na segunda atualização da tarde, o juro real oferecido pelo Tesouro IPCA +2026 era de 4,98% ao ano, contra 5,00% na sessão anterior.  Da mesma forma, o retorno real pago pelo papel com vencimento em 2035 e 2045 era de 5,10% ao ano, abaixo dos 5,13% vistos ontem (22).

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quinta-feira (23): 

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Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

IPCA-15 e Caged

Um dos destaques da agenda econômica está nos dados da prévia da inflação oficial. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais uma vez, o maior impacto (0,50 p.p.) e a maior variação (2,31%) para o IPCA-15 vieram do grupo de transportes, que encerrou o ano com alta acumulada de 21,35%.

O resultado foi influenciado principalmente pela alta nos preços dos combustíveis (3,40%) e, em particular, da gasolina (3,28%), que contribuiu com o maior impacto individual (0,21 p.p.) no índice do mês.

Ao comentar o resultado da prévia da inflação pelas redes sociais, analistas da Renascença DTVM destacaram que, apesar de o índice ter ficado abaixo das expectativas e de ter desacelerado nos últimos 12 meses, alguns elementos reforçam que isso não é motivo de comemoração.

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Segundo eles, houve um aumento significativo no índice de difusão do IPCA-15, que mostra o percentual de itens com aumento de preços. Na passagem de novembro para dezembro, esse índice saltou de 65,7% para 68,9% – atingindo o mesmo patamar de setembro e mostrando uma quantidade elevada de produtos que tiveram alta de preços em dezembro, afirmaram os executivos da casa.

Outro ponto é que boa parte da perda de força da inflação em dezembro foi proveniente da Black Friday. Para os especialistas da Renascença DTVM, os preços tendem a subir novamente nas próximas leituras após a data.

Também na agenda econômica, o Ministério do Trabalho e da Previdência informou hoje que o país gerou 324.112 empregos com carteira assinada em novembro. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

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O resultado é fruto de 1.755.694 contratações e de 1.448.654 demissões no mês passado. O mercado financeiro já esperava um novo avanço no emprego no mês, mas o resultado veio bem acima do teto das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast.

As estimativas eram de abertura líquida de 130.429 a 268.315 vagas em novembro, com mediana positiva de 216.500 postos de trabalho.

Já no acumulado de 2021, o saldo de postos de trabalho formais é de 2.992.898 empregos, que é decorrente de 19.136.617 admissões e de 16.143.719 desligamentos.

Enquanto isso, na agenda política, o mercado monitora com atenção os vários pedidos de entrega de cargos de chefia de funcionários da Receita Federal e questionamentos de outros órgãos em protesto ao reajuste previsto apenas para policiais no Orçamento de 2022.

De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), a liberação dos R$ 1,7 bilhão previstos para o reajuste dos policiais só foi possível por meio de cortes nas verbas da Receita Federal no ano que vem.

Cena internacional

No radar externo, atenção aos dados econômicos vindos dos Estados Unidos. O índice de preços dos gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) avançou 0,6% em novembro na comparação mensal e 5,7% na base anual, de acordo com dados publicados nesta quinta-feira (23) pelo Departamento do Comércio. O núcleo subiu acima do esperado.

Já os números de pedido de auxílio-desemprego no país se mantiveram estáveis em 205 mil na semana concluída em 18 de dezembro, em linha com o projetado pelos economistas consultados pela Refinitiv.

“O resumo é que mesmo com a inflação rodando alta e os novos casos da variante ômicron, a economia americana continua crescendo em ritmo bastante elevado, impulsionando o S&P 500 para sua máxima histórica”, disseram analistas da XP em relatório.

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