Tesouro Direto: retorno máximo de prefixado chega a 11,6% ao ano e volta a patamares vistos um mês antes

Investidores monitoram aprovação da PEC dos Precatórios na CCJ do Senado e declarações do presidente do Fed sobre política monetária

Bruna Furlani

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A sessão desta terça-feira (30) é de agenda cheia no campo político. Após adiamentos e acordos, a PEC dos Precatórios foi aprovada agora à tarde na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, por 16 votos a 10.

O texto é considerado peça fundamental para permitir o pagamento do Auxílio Brasil em parcelas de R$ 400 e segue agora para a análise do plenário do Senado Federal.

Na cena externa, investidores repercutem fala de Jerome Powell, presidente do banco central americano, que disse que a autoridade monetária pode discutir a aceleração do programa de redução de compra de títulos na próxima reunião de política monetária do banco.

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Atenção também para as declarações negativas de dirigentes da Moderna de que as mutações da Ômicron, nova variante do coronavírus, sugerem que é preciso ter novas vacinas para combater a doença.

No Tesouro Direto, os títulos públicos negociados na plataforma seguem com queda nas taxas na atualização das 15h20 desta terça-feira. Nesse horário, o recuo é maior entre papéis prefixados, como é o caso do Tesouro Prefixado 2024 – que oferece retorno de 11,61% ao ano, contra 11,68%, no início do dia. Ou seja: 18 pontos-base (0,18 ponto percentual) a menos do que o valor visto na sessão anterior, de 11,79%.

A última vez que o juro do Tesouro Prefixado 2024 tinha ficado abaixo de 11,7% ao ano foi em 25 de outubro de 2021, quando atingiu 11,69%.

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Da mesma forma, a rentabilidade oferecida pelo Tesouro Prefixado 2026 era de 11,46%, abaixo dos 11,59% ao ano registrados no começo desta terça-feira e dos 11,69% vistos um dia antes.

Entre os títulos atrelados à inflação, atenção também para as taxas reais oferecidas pelo Tesouro IPCA+ 2026, que eram de 5,03% ao ano, frente aos 5,07% da abertura dos negócios. Na sessão de ontem (29), o juro oferecido era 14 pontos-base (0,14 ponto percentual) maior.

O Tesouro IPCA+ 2055, com pagamento semestral de juros, por sua vez, oferecia retorno real de 5,29% ao ano, contra 5,32% ao ano registrados na tarde de segunda-feira.

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O recuo mais expressivo entre papéis curtos tem a ver com a leitura do mercado de que Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, sinalizou, durante evento na semana passada, a vontade do BC de manter a velocidade de ajuste de 1,5 ponto percentual para a Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que termina na quarta que vem (8).

“A partir da fala do presidente do Bacen na semana passada o mercado interpretou que o juro pode ter uma alta mais suave até o fim do ciclo no próximo ano, principalmente se não ocorrer nenhum novo choque de oferta como o ocorrido durante a pandemia”, ponderaram os analistas do Bradesco BBI em relatório divulgado ontem.

Na avaliação dos especialistas do banco, a curva dos títulos atrelados à inflação também mostra certa particularidade, com uma diferença maior entre a parte curta e a longa. Ou seja: os títulos de vencimento menor (2026) estão oferecendo juros cada vez menores em relação aos papéis de vencimento maior, como é o caso do Tesouro IPCA+ 2055, o que costuma ser o mais intuitivo.

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Na atualização da tarde, a diferença entre o papel 2026 e o 2055 era de 26 pontos-base. Na última sexta-feira (26), a distância entre os dois títulos era de 15 pontos-base.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta terça-feira (30): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Pnad e Caged

No radar local dos investidores estão os dados de emprego divulgados hoje. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego recuou para 12,6% no terceiro trimestre deste ano, uma redução de 1,6 ponto percentual frente ao segundo trimestre.

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Com isso, o número de pessoas em busca de emprego no País caiu para 13,5 milhões, um recuo de 9,3% em relação ao trimestre anterior. O número de ocupados, por sua vez, chegou a 93 milhões, uma alta de 4%.

“No terceiro trimestre, houve um processo significativo de crescimento da ocupação, permitindo, inclusive, a redução da população desocupada, que busca trabalho, como também da própria população que estava fora da força de trabalho”, disse Adriana Beringuy, coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE.

A expectativa, segundo o consenso Refinitiv era que a taxa de desocupação encerraria o terceiro trimestre em 12,7%.

A partir desta edição, o IBGE terá uma nova série histórica da Pnad Contínua, por conta da mudança no processo de expansão da amostra da pesquisa, que inclui a calibração dos dados por sexo e idade. Um dos motivos para a alteração está a nova forma de coleta da pesquisa durante a pandemia de Covid-19, por telefone.

Ainda na agenda econômica, o Ministério do Trabalho e Previdência apresentou agora à tarde mais números de emprego – desta vez do mercado formal. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostraram que o Brasil registrou a abertura de 253.083 mil postos de trabalho com carteira assinada em outubro. Um mês antes, o saldo líquido tinha ficado em 312.066.

O resultado do mês passado está ligado a 1,760 milhão de admissões e 1,507 milhão de demissões. No acumulado do ano, o saldo de abertura de empregos formais ficou em 2.645.974.

O mercado financeiro esperava um novo avanço no emprego no mês, e o resultado veio dentro do intervalo das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, levemente abaixo do consenso. As projeções eram de abertura líquida de 206.121 a 470.065 vagas em outubro, com mediana positiva de 260.000 postos de trabalho.

PEC dos Precatórios

Na agenda política, as atenções estão todas voltadas para a aprovação do texto-base da PEC dos Precatórios na CCJ do Senado agora à tarde, por 16 votos a 10.

O relatório, apresentado pelo senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que também é líder do governo na casa legislativa, contém mudanças em relação à versão aprovada pela Câmara dos Deputados.

O texto agora segue para análise do plenário do Senado Federal, onde é necessário apoio mínimo de 3/5 dos senadores (ou seja, 49 dos 81) em dois turnos de votação.

Cena internacional

Enquanto isso, no cenário externo, o mercado repercute a fala de Jerome Powell, presidente do banco central americano, sobre a aceleração do tapering – programa de redução de compra de títulos da autoridade monetária.

Em audiência do Comitê Bancário do Senado americano, ele disse que “neste ponto, a economia está muito forte e as pressões inflacionárias estão altas”.

“Portanto, é apropriado, a meu ver, considerar encerrar a redução das nossas compras de ativos – que de fato anunciamos na reunião de novembro – talvez alguns meses mais cedo, e espero discutir isso em nossa próxima reunião, dentro de duas semanas”, avaliou Powell.

O Fed, que é o banco central americano, começou a reduzir o tapering neste mês. O programa foi introduzido no começo de 2020 para proteger a economia americana.

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