Bradesco BBI inicia cobertura de Grendene (GRND3) com recomendação neutra: crescimento baixo, mas altos dividendos

Para analistas, ainda é muito cedo para ter uma visão mais otimista sobre o crescimento da companhia

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – O Bradesco BBI iniciou nesta terça-feira (23) a cobertura das ações da Grendene (GRND3) com recomendação neutra e preço-alvo de 11,00 – o que implica potencial de valorização de 23,6% em relação à cotação do fechamento anterior.

Em relatório, o banco afirma que a companhia é eficiente e de baixo custo, com custo dos produtos vendidos (COGS) e Despesas com Vendas, Gerais e Administrativas (SG&A) abaixo dos pares locais.

O crescimento, contudo, tem sido baixo, avalia o time de análise, com receita líquida estável e queda do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) parcialmente impulsionado pelo maior foco em dividendos do que no crescimento.

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Para o BBI, trata-se de uma estratégia perfeitamente legítima, mas não que se preste a múltiplos de valorização elevados (como é o caso da Alpargatas (ALPA4).

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Segundo os analistas, Grendene já possui uma participação de mercado “decente”, com fatia de 20% do volume em 2020 – o que limita um crescimento maior.

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O time destaca que a empresa tem desenvolvido diversas iniciativas para maximizar o crescimento, como a expansão da rede de lojas do Clube Melissa e a internalização da operação do e-commerce.

“Esperamos que o mercado local continue a oferecer margens e retornos elevados, mas o crescimento terá que ser encontrado no exterior”, escreve o Bradesco BBI. A questão chave, segundo o time de análise, recai, contudo, se – ou quando – o mercado começará a colocar no preço das ações o progresso e o sucesso no mercado internacional.

O banco também destaca que grande parte dos lucros (42% em 2021) vem de incentivos fiscais, reduzindo a sua qualidade, mas que há risco limitado desses incentivos não serem renovados.

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Neste contexto, ainda é muito cedo para assumir uma mudança radical no crescimento, escreve o banco, crescimento este que dependerá da extensão que a nova joint venture possibilitará com relação a ganho de participação no mercado internacional.

“A criação da JV é um passo na direção certa, mas acreditamos que a visibilidade sobre como será o negócio internacional nos próximos anos e os resultados que ela trará é limitada. O sucesso dependerá do desenvolvimento do brand equity e do reconhecimento da marca Melissa, e isso é algo que não pode ser apressado.”

Portanto, acrescentaram, “é muito cedo para ter uma visão mais otimista sobre o crescimento da Grendene e achamos que isso significa que as ações provavelmente continuarão a ser avaliadas com base em um crescimento relativamente baixo, com altos pagamentos de dividendos.”

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