Após IPCA, economistas revisam inflação para mais de 10% em 2021; Goldman vê 20% chance de Selic subir além de 1,5 ponto

Além disso, cenário de alta de preços deve se estender para o próximo ano; Goldman vê chance pequena de inflação chegar à meta em 2022

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Mais uma vez, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) surpreendeu para cima ao subir 1,25% na comparação mensal (ante projeção Refinitiv de avanço de 1,05%), levando analistas revisarem novamente para cima as suas projeções para a inflação e traçarem cenários de até aceleração do ritmo da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), de 8 de dezembro.

Conforme destaca Tatiana Nogueira, economista da XP, a surpresa foi de magnitude semelhante na prévia da inflação de outubro, medida pelo IPCA-15. Mas, na ocasião, o destaque foi a aceleração nos serviços enquanto que, na divulgação desta quarta-feira (10), a surpresa foi mais generalizada, sendo os preços industriais os que mais se desviaram.

A inflação de serviços subiu 1,04% em outubro, acima da projeção da XP de 0,91%, após alta de 0,64% em setembro. E os serviços básicos, medida monitorada pelo BC, acelerou de 0,37% para 0,68%. Os preços dos bens industriais registraram aceleração significativa no mês, de 1,04% para 1,39%, acima da projeção da equipe econômica de alta de 1,05%. Os núcleos da inflação saltaram para 0,95% em outubro, após alta de 0,68% em setembro.

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“A surpresa do mês acima do projetada confirma leitura desafiadora da inflação, pressionada tanto pelos repasses em curso dos elevados custos de produção quanto pelo efeito da aceleração dos preços dos serviços”, aponta.

Agora, a expectativa da XP é de que o IPCA avance 10,1% em 2021, contra projeção anterior de 9,5%. Para o ano que vem, foi mantida a estimativa de 5,2%.

Na mesma linha, após o dado, o Bank of America e o Citi revisaram para cima as suas projeções para o IPCA.

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O BofA espera agora que o índice avance 10,1% neste ano, ante projeção anterior de 9,1%. “Esperamos agora que o pico (da alta do IPCA) seja de 10,74% em comparação com o mesmo período do ano anterior em novembro, mas os riscos ainda são altistas, devido à volatilidade dos preços das commodities e ruídos políticos e fiscais”, escreveu David Beker, economista e estrategista para Brasil do BofA.

O Citi elevou a estimativa para este ano do IPCA de 9,5% para 10,4%. Além disso, apontaram os analistas, as leituras mais fortes do que o esperado “adicionam riscos altistas para nossa projeção de 4,3% para a alta do IPCA ao final de 2022 e taxa Selic terminal de 11,0%”.

O Bradesco BBI destaca que, com outro número decepcionante na divulgação do IPCA de outubro, acima de todas as expectativas do mercado e acima de setembro, parece que a inflação ainda não atingiu o pico. Desta vez, todas as métricas indicam que a inflação está disseminada entre os itens que compõem o índice.

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“Com base nesse cenário, esperamos uma resposta mais forte do BC, e estamos revisando a projeção da taxa Selic ao final do ano de 9,25% para 9,5%; para o ano de 2022, projetamos a taxa Selic em 10,5%. Quanto à inflação, com as novas informações, estamos atualizando nossas projeções de IPCA para 10% no acumulado do ano e 5,0% em 2022”, aponta a equipe de análise.

A taxa Selic está atualmente em 7,75% ao ano, após o Banco Central promover aumento de 1,5 ponto percentual no último encontro do Copom.

O BC sinalizou na última reunião um novo ajuste da mesma magnitude de 1,5 p.p. mas, após o IPCA, o Goldman Sachs destacou ver a chance de uma alta mais expressiva. Assim, o banco espera uma alta de pelo menos 1,5 ponto na Selic, para 9,25% na próxima reunião, mas destaca  que há 20% de chance de um aumento ainda maior.

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Alberto Ramos, economista-chefe para a América Latina do banco, destacou ainda ver que, em um cenário de intensas pressões inflacionárias e piora do balanço de riscos, a probabilidade de o BC conseguir conduzir a inflação para a meta de 3,50% em 2022 é muito baixa.

Leia também: [Guia] O que é inflação e por que ela impacta no seu bolso?

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.