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TC x Empiricus: O barulho dos shorts

As posições vendidas dão o que falar no Brasil e no mundo

Josué Guedes

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Texto originalmente enviado aos assinantes da newsletter Stock Pickers no sábado, 30 de outubro de 2021. Para os próximos, clique aqui.

Apesar de ser uma operação legal no mercado, o short geralmente é visto com maus olhos por muitos agentes do mercado — geralmente a empresa shorteada, seus donos e gestores.

Os short-sellers, operadores que abrem posições vendidas (apostam na queda de um ativo), são tachados em alguns casos de impostores ou até mesmo malucos.

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Em 2005, Michael Burry, gestor do Scion Asset Management, abriu uma das operações contra o mercado mais famosas do século XXI. Ele acreditava que o setor imobiliário dos Estados Unidos tinha virado uma grande bolha e que a qualquer momento poderia estourar.

Levando o princípio talebiano de skin in the game ao extremo, Burry chegou a ter US$ 1 bilhão empenhados na sua aposta short. Olhando pelo retrovisor, engenheiros de obra pronta apontam que existiam claros sinais de que algo estava errado na economia americana, mas apostar contra o mercado imobiliário naquela época era algo tão inimaginável que não existiam nem instrumentos para tal operação.

Burry precisou ir até grandes bancos e solicitar a criação de instrumentos (“credit-default swaps”) que possibilitassem ficar vendido nos títulos hipotecários subprime

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A tese de Burry levou um bom tempo para se concretizar. Enquanto isso, ele aguentou a desconfiança dos cotistas que prometeram processá-lo, as risadas de  banqueiros que vendiam os contratos, e a incredulidade das agências de rating, que no filme são acintosamente representadas por uma mulher que usa uma espécie de venda nos olhos.

O desfecho da história veio em 2008 como uma avalanche no setor financeiro dos EUA e no mundo. Bancos e até países quebraram por conta da alavancagem do setor imobiliário americano. Com isso, o short rendeu somente ao gestor US$ 100 milhões e mais US$ 750 milhões para seus investidores.

Mas engana-se quem acha que só nos EUA existem boas histórias de short. Como não lembrar da carta da Squadra sobre o case de IRB (IRBR3) que rendeu até declaração fake do Buffett e grupo no Telegram para tentar fazer um short-squeeze no papel. Ou do caso Empiricus vs. Marfrig que resultou numa recomendação de venda.

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Atualmente, com o cenário macro dominando o mercado brasileiro e curva de juros virando quase uma reta vertical, estava até difícil algum evento micro roubar a cena, mas na terça-feira (26/10) a Empiricus, maior research independente do Brasil, soltou um relatório recomendando short numa empresa que abriu capital recentemente, TC (TRAD3).

Com sócios bem atuantes nas redes sociais, o TC nasceu de um grupo de WhatsApp de traders criado em 2015 e hoje é uma companhia listada em bolsa com valor de mercado de R$ 1,6 bilhões.

A divulgação do relatório escrito por Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, Cristiane Fensterseifer e Matheus Spiess, analistas CNPI, roubou a cena e se tornou assunto nos dias seguintes por conta das diversas reações nas redes e grupos de WhatsApp.

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Sem nada combinado, Miranda e Rodolfo Amstalden, sócios-fundadores da Empiricus, vieram ao Stock Pickers anteontem para contar a história da empresa com todos os erros, acertos e polêmicas que envolvem a trajetória da research (veja aqui).

Foram mais de duas horas de conversa franca e com perguntas diretas que irão render, sem dúvida, ótimos cortes e boas conversas nos corredores da Faria Lima (teve até pedido de desculpas do Miranda). A tese short comentada e explicada pelo próprio Miranda você confere aqui.

Durante a gravação, o diretor educacional do TC, Felipe Pontes, divulgou um relatório educativo (apesar do Miranda ter dito que nunca viu uma empresa listada fazer isso)  elucidando o que ele considera criticável na tese da Empiricus sobre TRAD3.

Pontes, que inclusive já veio no Stock Pickers, apontou que, em sua visão, a tese da Empiricus não levou em consideração o estágio do ciclo de vida do TC, desconsiderrou o pontencial de geração de receita das novas aquisições que o TC poderá fazer e pecou na comparação do TC com a XP.

Não sabemos qual será o desfecho dessa história, mas com certeza já é mais um capítulo no repertório de shorts que tiveram grande repercussão no mercado brasileiro.

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Josué Guedes
CMO do Stock Pickers