Ibovespa fecha em leve queda com incertezas sobre precatórios pouco antes do Copom

Ânimo com balanços das empresas no terceiro semestre foi ofuscado na última hora de negócios

Mitchel Diniz

(Getty Images)

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SÃO PAULO – Faltando menos de uma hora para o fechamento do pregão, o Ibovespa zerou ganhos fechou próximo da estabilidade, com tendência de baixa. Assim terminou uma sessão que prometia ser de alento para o mercado acionário brasileiro. Incertezas sobre o andamento da PEC dos precatórios azedaram o humor dos investidores que, até então, aproveitavam um dia mais fundamentalista da Bolsa, repercutindo os balanços das empresas.

O mercado também virou faltando pouco mais de duas horas para o anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre a nova taxa de juros, que mesmo mais alta que o esperado, parecia já estar precificada nas negociações.

“A alta mais intensa no juros deveria prejudicar os investimentos de risco como renda variável, mas como já estava precificado um cenário ruim, o dia vinha sendo positivo”, observa Bruno Komura, da equipe de análise da Ouro Preto.

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A guinada nos negócios, porém, confirmou que as preocupações com a situação fiscal do país, a inflação e os juros mais altos permaneceram no radar dos investidores.

Segundo apuração do jornal Valor Econômico, a bancada do MDB na Câmara dos Deputados decidiu que vai obstruir a votação da PEC dos precatórios. A proposta de emenda à constituição prevê que o governo pague apenas uma parte das dívidas judiciais do ano que vem, abrindo espaço no Orçamento para outras despesas, como o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.

“Sem a PEC voltamos à estaca problemática que era anteriormente do benefício dentro de um Orçamento já apertado. A PEC precisa passar, mas estava claro que a oposição ia tentar barrar e prejudica o andamento. Acho difícil que não seja aprovada, mas vai ser esticada e ‘sangrada’ o máximo possível a ponto de que nós tenhamos esse stress no mercado”, afirma Rodrigo Franchini, diretor da Monte Bravo.

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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que poderá invocar um normativo para que o assunto vá direto ao plenário do Senado. “Diante da celeridade que precisa se dar essa solução dos precatórios e do Auxilio Brasil invocar normativo que existe hoje possibilidade de ir direto para o plenário do Senado. O importante é não prejudicar  a análise e o amadurecimento da proposta”, afirmou em coletiva.

O Ibovespa fechou em queda de 0,05% aos 106.363 pontos; o volume de negócios foi de R$ 27 bilhões. O ibovespa futuro recuava 0,20% aos 107.295.

O dólar comercial fechou em queda de 0,28% a R$ 5,553 na compra e R$ 5,554 na venda. O dólar futuro com vencimento em novembro de 2021 recuava 0,37% a R$ 5,550.

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Os juros futuros caem. O DI para janeiro de 2023 caía 34 pontos-base, a 11,38%; DI para janeiro de 2025 recuava 29 pontos-base 11,69%; e o DI para janeiro de 2027 tinha variação negativa de 20 pontos-base, a 11,79%.

Todas as atenções se voltam agora  à decisão do Copom. Cresce a expectativa de que o ajuste na taxa Selic, hoje em 6,25%, seja de 1,5 ponto percentual e algumas casas chegam a prever um aumento ainda maior. De toda forma, os juros mais altos impactam a maioria das empresas listadas na Bolsa, pois encarecem custos de capital, principalmente das companhias que estão em processo de expansão.

Nos Estados Unidos, os índices que vinham renovando máximas históricas quase que diariamente devolveram parte dos ganhos hoje. O Dow Jones fechou em queda pela primeira vez em quatro dias, recuando 0,74%. O S&P 500 fechou com queda de 0,51%. Já a bolsa de tecnologia Nasdaq subiu 0,12%, suportada por ações de empresas como Microsoft e Alphabet (dona do Google), que apresentaram resultados melhores que o esperado.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados