Brasil teve alta de quase 33% nas tentativas de fraude com cartão de crédito no 1° semestre, mostra estudo

Consumidores estão comprando com mais frequências, e pedindo produtos mais caros. Criminosos estão de olho nas oportunidades

Giovanna Sutto

(William_Potter/ Getty Images)

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SÃO PAULO – O Brasil sofreu aumento de 32,7% nas tentativas de fraudes em e-commerce no primeiro semestre de 2021 na comparação com o mesmo período do ano passado, conforme mostra o estudo Mapa da Fraude, da consultoria Clearsale. Foram 2,6 milhões de tentativas observadas pelo estudo nos primeiros seis meses deste ano, considerando cerca de 182 milhões de transações via cartão de crédito.

“O e-commerce é o destaque dessas tentativas de fraudes, meio pelo qual os criminosos atuaram com força depois que a maior parte das pessoas entrou em isolamento social e passou a fazer mais compras pela internet”, explicou Omar Jarouche, diretor de marketing e soluções da Clearsale.

Em termos de valores, também foi observado um aumento: nos primeiros seis meses de 2021, a alta foi de 39,5% nos valores que sofreram tentativas de fraudes. Os valores médios das transações não foram revelados.

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Os considerados bons pedidos (que não sofreram nenhum tipo de tentativa de fraude) subiram 22,5%, patamar menor que as tentativas de golpes. “O crescimento do e-commerce, com mais pessoas comprando e gastando mais em cada pedido, está diretamente relacionado ao crescimento das tentativas de fraude”, avalia Jarouche.

A categoria de produto mais fraudado segue sendo a dos celulares, respondendo por 5,1% das tentativas de fraude, seguido por produtos eletrônicos (4,9%) e games (4,2%).

“O aparelho celular tem valor líquido muito grande no mercado secundário, podendo ser facilmente revendido para gerar lucro rápido. Por isso, ele costuma liderar a lista de produtos com mais tentativas de fraude”, explica Jarouche.

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Tipos de fraudes mais comuns

O estudo também identificou os três tipos de fraudes mais comuns no país. São a fraude efetiva, a fraude amigável e a autofraude.

No primeiro caso, o fraudador faz a compra na loja virtual e, na hora de pagar, us dados roubados de cartões de crédito de outros consumidores. Como os dados são verdadeiros, essa fraude é conhecida também como “fraude limpa”.

Já a segunda fraude acontece quando alguém próximo do titular, como um filho, por exemplo, usa os dados do cartão sem consentimento do dono. Sem saber que isso aconteceu, o titular não reconhece a compra e pede o estorno.

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Por fim, autofraude diz respeito a uma compra feita pelo próprio fraudador. O titular efetua a compra com o próprio cartão e, após receber o produto ou serviço, entra em contato com a administradora do cartão para contestar o lançamento na fatura como se não reconhecesse a dívida. O estudo não listou a ordem por quantidade de fraudes.

Fraudes em telecomunicações e finanças

A pesquisa também trouxe alguns dados sobre fraudes em outros segmentos. No setor de telecomunicações, foram mais de 8,5 milhões de transações analisadas no primeiro semestre. Segundo o estudo, 463 mil tentativas de fraudes foram identificadas pela empresa, ou 5,4% do total. Entre os golpes nessa área, destacam-se o uso indevido de dados, desvio de equipamentos, venda indevida de produtos ou serviços, redução indevida de fatura e upsell de serviços não contratados.

No mercado financeiro (transações relativas a bancos, financeiras, fintechs e administradoras de cartões de crédito), foram analisadas quase 21 milhões de transações e as tentativas de fraude chegaram a 667 mil. Ou seja, 3,2% de todas as transações nesse setor foram golpes tentados em processos como abertura de contas, emissão de cartões, empréstimo pessoal e CDC por meios digitais.

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Como se proteger?

Jarouche compartilhou algumas dicas básicas para evitar ser vítima de fraudes com cartões de crédito:

1. Sempre desconfie de links estranhos 

Ao fazer uma compra na internet, sempre se certifique de que o site é o original da loja. Se notar qualquer coisa fora do normal, evite finalizar a compra.

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2. Fuja das senhas fracas 

Sempre escolhas as chamadas “senhas fortes”, ou seja, com números, símbolos, letras e números e que não sejam facilmente adivinhadas, como aniversários ou datas importantes para você.

3. Promoções e phishing

O phishing nada mais é do que o meio mais usado pelos fraudadores para roubar senhas e dados de contas. Para realizá-lo, fraudadores costumam forjar links para oferecer produtos e serviços a preços muito baixos por meio de aplicativos de mensagens, e-mails e outros canais. A dica é: se realmente precisar do produto, vá até a página da loja e compre por lá. Isso evita que você caia em páginas falsas, pague pelo produto e nunca receba.

“O consumidor está mais esperto, mas o fraudador também se sofisticou mais. Por isso é preciso redobrar a atenção”, complementa Jarouche.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.