Para este gestor, BC deveria esperar mais para subir juros (mas não vai)

Para Guilherme Abbud, da Persevera, Banco Central não precisa subir juros agora

Josué Guedes

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Na quarta-feira (17) o Condado vai parar, e não é por menos: tem decisão do Copom (Comitê de Política Monetária). Esse é o comitê do Banco Central (BC) que se reúne a cada 45 dias para definir a taxa básica básica de juros da economia, a Selic, e amanhã pode ser o começo do fim dos juros a 2% ao ano no Brasil.

O assunto, como quase toda questão que envolve o mercado, divide o mundo da gestão de recursos. Para alguns, o BC passou do ponto (já deveria ter subido a Selic), mas, para outros, o BC não deveria iniciar um ciclo de alta na próxima reunião.

E essa última visão, fora do consenso, é exatamente a mesma do nosso convidado do Coffee & Stocks de hoje, Guilherme Abbud, da Persevera (saiba mais sobre a Persevera clicando aqui).

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Confira abaixo os principais trechos.

O que esperar da próxima reunião

Escrevemos uma carta em fevereiro, “Coragem para aguardar”, em que mostrávamos porque o Banco Central deveria aguardar e não aumentar o juros em março, pois exatamente num momento transição após as ajudas fiscais gigantescas no mundo inteiro. Quando ocorreram as restrições, ano passado, a demanda despencou, mas a oferta também desabou. Só que as pessoas começaram a comprar muito pela internet e quem recebeu cheque de ajuda fiscal também gastou bastante. Então o que o ocorreu foi uma rápida retomada da demanda, que não foi acompanhada pela oferta. Isso criou um vácuo de estoque e agora a indústria está correndo atrás para suprir. Essa é a grande pegadinha no mundo inteiro: um repique inflacionário.

Repique ou processo inflacionário?

Na nossa visão, é que estamos passando por um repique inflacionário. Na visão do Fed também. Em 2018 aconteceu algo muito semelhante com o que está acontecendo agora devido à desvalorização do câmbio. O que estamos vendo agora é uma versão “turbinada” daquele movimento com desvalorização forte do câmbio, alta de commodities e coronavoucher. Estamos vendo hoje repique de preços de artigos como alimentos, móveis, eletrodomésticos, etc. Mas que está contido.

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Nossa visão versus o que irá acontecer

Naquela carta, acreditávamos que o Banco Central ganharia bastante informação se ele tivesse a firmeza de aguardar novos dados. Sairá uma nova leva de informações desse novo mundo (pós-auxílio) que será impressionante: varejo despencando, inflação acomodando e provavelmente com reapreciação do câmbio. Mas achamos que o Banco Central não vai esperar, porém não acreditamos que o BC irá engatar numa sequência de altas.

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Dá para esperar

O Brasil não tem demanda explodindo e está com o maior desemprego de todos os tempo. Por isso, me parece muito precoce e muito fruto dos nossos “fantasmas” (hiperinflação) o mercado pedir choque de juro numa economia que está caindo pelas tabelas. A situação é complexa, mas a grande questão é separar o que é repique inflacionário do que é processo inflacionário. E, nos últimos cinco anos, no Brasil, os repiques não se tornaram processos.