Receita da Alphabet, dona do Google, cresce 23% e bate recorde no 4º trimestre de 2020

Um dos destaques do balanço da big tech foi o prejuízo com serviços de nuvem, que passou de US$ 1 bilhão no quarto trimestre de 2020

Priscila Yazbek

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – A Alphabet, grupo que detém a gigante de tecnologia Google (GOOGL34), reportou, nesta terça-feira (2), uma geração de receita recorde de US$ 56,9 bilhões no quarto trimestre do ano passado, um avanço de 23% sobre o mesmo período do ano anterior.

Além da receita recorde nos últimos meses de 2020, outros destaques do balanço foram: a recuperação dos ganhos com publicidade após o tombo no início da pandemia; e do lado negativo, o prejuízo com os serviços de nuvem, que pela primeira vez foram desmembrados nos resultados.

A receita no quarto trimestre ficou dentro das expectativas dos analistas consultados pela Refinitiv, mas acima das projeções do provedor de dados FactSet, que previa uma receita de US$ 52,7 bilhões. As ações da Alphabet chegaram a subir cerca de 6% no after market, logo após a divulgação dos resultados, por volta das 18h30.

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O lucro líquido da gigante de tecnologia também avançou no quarto trimestre de 2020, para US$ 15,7 bilhões, ante US$ 9,3 bilhões do mesmo período do ano passado. Analistas do FactSet esperavam um lucro menor, de US$ 11,9 bilhões.

“Nossos fortes resultados no trimestre refletem a utilidade de nosso produtos e serviços para pessoas e empresas, bem como a transição acelerada para serviços online e para a nuvem. O Google tem sucesso quando ajudamos nossos clientes e parceiros a ter sucesso e vemos oportunidades significativas para firmar parcerias à medida que as empresas buscam cada vez mais um futuro digital”, disse Sundar Pichai, CEO do Google e da Alphabet, no comunicado divulgado pela holding sobre os resultados.

Ruth Porat, CFO do Google e Alphabet, também comentou o balanço, destacando as receitas provenientes do segmento de buscas, o core da empresa, e também do YouTube: “Nosso forte desempenho no quarto trimestre, com receitas de US$ 56,9 bilhões, foi impulsionado pelo mecanismo de buscas e pelo YouTube, com a recuperação das atividades de consumo e negócios no início do ano”.

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As receitas obtidas com publicidade no YouTube somaram US$ 6,9 bilhões no quarto trimestre, acima da expectativa do mercado, de US$ 6,22 bilhões.

O lucro por ação (LPA), importante medida de lucratividade da empresa, ficou em US$ 22,30 no último trimestre de 2020, também acima das expectativas de analistas consultados pela Refinitiv, que esperavam um LPA de US$ 15,57.

Os ganhos com publicidade foram outro destaque positivo do balanço. Eles somaram US$ 46,2 bilhões no ano fiscal de 2020, quase 22% acima do ano anterior.

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Resultados de nuvem desmembrados

No comunicado sobre o balanço, a Alphabet informou que os resultados da holding passarão a separados em três segmentos: serviços, nuvem e outras apostas, que inclui negócios como Verily, Waymo e outras empresas da Alphabet.

No ano fiscal de 2020, a receita total da empresa totalizou US$ 182,5 bilhões, aumento de 12,77% em relação ao ano fiscal de 2019.

O serviço de nuvem, que teve seus resultados apresentados isoladamente pela primeira vez, registrou perda de US$ 5,6 bilhões durante o ano fiscal de 2020 e de US$ 1,24 bilhão no quarto trimestre, mostrando que o negócio ainda não atingiu o break even e está em modo de investimento.

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Apesar do prejuízo operacional (que considera entradas e saídas), ao observar apenas as receitas geradas, o Google Cloud apresentou o maior crescimento entre os três principais pilares da empresa, subindo 44,43% do ano fiscal de 2019 para 2020, e atingindo US$ 13,1 bilhões.

A receita com serviços de busca, que é a mais representativa, subiu 11,07% do ano fiscal de 2019 para 2020, atingindo US$ 168,6 bilhões. E as receitas com o segmento de novas apostas recuaram 0,3%, para US$ 657 milhões.

Ao comentar as receitas geradas em 2020, Ruth Porat destacou os resultados do serviço de nuvem. “A receita do Google Cloud foi de US$ 13,1 bilhões em 2020, com impulso contínuo significativo. Continuamos focados em entregar valor em todas as oportunidades de crescimento que vemos”.

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O avanço do braço de armazenamento do Google é um reflexo das mudanças provocadas pela pandemia, com empresas passando a digitalizar suas operações e pessoas no mundo todo adotando o trabalho remoto, o que gerou uma demanda maior pelo serviço de nuvem.

Desafios

Apesar dos resultados majoritariamente positivos, o Google tem desafios pela frente. Um conjunto de ações judiciais antitruste alega abusos de poder da big tech sobre o comércio online e as informações digitais.

Além disso, recentemente um grupo de funcionários do Google formou um sindicato, que defende o direito de colaboradores poderem falar sobre a empresa sem enfrentar represálias na carreira.

Na segunda-feira (1), o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos também disse que o Google concordou em pagar mais de US$ 3,8 milhões para encerrar processos relacionados a discriminação em contratações e remunerações na Califórnia e em Washington.

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Priscila Yazbek

Editora de Finanças do InfoMoney.