5 BDRs para 2021, segundo gestores que têm skin in the game

De uma operadoras de cruzeiro a fabricantes de chips, estes cinco BDRs chamam a atenção da Faria Lima.

Josué Guedes

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BDRs entraram no radar e nas carteiras de investidores comuns apenas no último trimestre do ano passado. Antes restritos a profissionais e investidores qualificados, que têm mais de R$ 1 milhão investidos, os Brazilian Depositary Receipts funcionam como um vale-ação estrangeira. Você compra aqui e o banco emissor garante ela lá fora, assim papéis como Facebook, Netflix, Berkshire Hathaway e tantos outros podem estar na sua carteira.

Pedimos para gestoras de fundos de ações internacionais selecionarem cinco papéis que, na opinião deles, devem ter boas performances em 2021. Confira abaixo:

Disney (DISB34)

por GeoCapital

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Disney é detentora de um vasto acervo de patentes e segue numa crescente busca por geração de conteúdo, com o desenvolvimento de personagens e lançamento de filmes. Essa coleção, combinada a um sistema de monetização extremamente diversificado e eficiente — parques de diversão, brinquedos, roupas, streaming, entre outros — faz com que o que ela ofereça a seus consumidores seja irreplicável por concorrentes.

Sua principal vertente de crescimento é justamente seu acervo de conteúdo e a geração de cada vez mais opções e ganho de escala no segmento DTC, que consiste basicamente dos seus canais de distribuição direta, como o Disney+, ESPN+ e Hulu.

Sua entrada no segmento de streaming comprovou a capacidade da empresa de se adaptar muito rapidamente à nova realidade e entender a necessidade de acelerar a geração de conteúdo proprietário para seus canais DTC atingindo um resultado muito acima do esperado e contribuindo para os números da empresa durante a pandemia.

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Por fim, ela conta com um time de executivos forte e alinhado com o crescimento sustentável para o médio-longo prazo. A transição de CEOs que aconteceu recentemente de forma tranquila denota que a cultura da empresa é forte e consolidada.

Nos próximos anos, Disney deve materializar ótimos resultados. Acreditamos que parte deles deve ser proveniente do próprio segmento DTC, que ainda tem muito a crescer e consequentemente expandir as margens, e pela volta à normalidade, que deverá trazer retornos dos segmentos que foram muito afetados com a crise, como parques temáticos, resorts e eventos esportivos.

MasterCard (MSCD34)

por IP Capital Partners

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Junto à Visa, a Mastercard é um elo essencial em uma cadeia que conecta mais de 3 bilhões de detentores de cartões, 60 milhões de lojistas e 20 mil bancos, gerando um dos efeitos de rede mais poderosos que já vimos.

Esse efeito de rede cria uma barreira de entrada praticamente intransponível, conferindo um duopólio global para as duas empresas. Prova dessa vantagem competitiva está no fato de que todos os negócios mais disruptivos criados no setor de pagamentos na última década, como Paypal, Square, Stripe, Adyen, Apple Pay, Google Pay e Facebook Pay utilizam a rede da Mastercard. São, portanto, fortes aliados que aceleram a transição secular para pagamentos digitais.

O verdadeiro competidor da Mastercard é o dinheiro físico, que ainda representa 80% do número de transações globais de consumo e metade do volume. Se por um lado a recessão global causada pela pandemia gera um impacto negativo de curto prazo para a empresa, por outro vem causando uma forte aceleração nos ganhos de penetração de pagamentos digitais, liderados por uma aceleração brutal do e-commerce, o crescimento exponencial de fintechs e mudanças no comportamento dos consumidores, cada vez mais reticentes a usar papel moeda. Essas tendências devem se provar bem mais duradouras que o impacto de curto prazo no consumo, impulsionando o crescimento da empresa.

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Se fôssemos desenhar do zero o negócio dos sonhos, é bem possível que acabássemos com algo muito parecido com a Mastercard: um capital-light compounder com uma vantagem competitiva quase imbatível, que deverá crescer seu fluxo de caixa por volta de 20% ao ano nos próximos 5 anos com baixíssima necessidade de capital e que está surfando uma tendência secular extremamente longa.

Mastercard atualmente negocia a cerca de 28 vezes o fluxo de caixa que projetamos para 2022. Para a maioria dos negócios, seria um preço relativamente alto. Para um negócio como a Mastercard, é uma barganha.

Micron (MUTC34)

por Kinea

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Micron é uma empresa de chips de memória que atua nos mercados de DRAM, a memória RAM dos nossos computadores, e celulares (cerca de 70% de sua receita). Ao longo dos anos, o mercado de DRAM passou por uma consolidação permitindo que as três líderes obtivessem maior controle do mercado e retornos econômicos mais atraentes.

A junção de um cenário macro favorável com tendências de crescimento secular nos deixam otimistas com empresa para 2021.

No estrutural, a empresa se beneficia de tendências como a implementação do 5G, Inteligência Artificial, a crescente demanda por Cloud e as novas fronteiras automobilísticas como veículos elétricos e autônomos. Essas novas tecnologias geram demanda por chips de memória.

O mercado de DRAM também possui um componente cíclico de demanda que enfrentou um período mais difícil nos últimos dois anos com a desaceleração da economia global, fazendo com que os preços caíssem em virtude da maior oferta e menor demanda.

Entrando em 2021 temos os ingredientes corretos para a reversão de ciclo: uma demanda impulsionada pela recuperação do PIB global e uma oferta equilibrada após dois anos de investimentos disciplinados, culminando em prováveis aumentos nos preços de memória que beneficiariam a Micron.

Royal Caribbean (R1CL34)

por Guilherme Giserman (Estrategista Global na XP Inc)

No contexto setorial, acreditamos que o dano dos confinamentos nas linhas de cruzeiros será passageiro. A ampla vacinação da população, principalmente nos países desenvolvidos, que são os principais mercados dos cruzeiros, trará a retomada das operações e a recuperação da demanda. De acordo com a Cruise Market Watch, navios cruzeiros deverão atingir 90% da capacidade ainda em 2021.

Para frente, enxergamos uma longa avenida de expansão: Se utilizarmos toda a capacidade da frota global de cruzeiros durante 365 dias, o número de passageiros seria equivalente a apenas 50% do número de visitantes anual de Las Vegas. E os riscos? Pouco risco de sofrer disrupção, afinal, cruzeiros virtuais não seriam um bom substituto.

Apenas três companhias têm mais de 75% do mercado e a Royal Caribbean é quem trabalha com as maiores margens de lucro: impressionantes 17,5% sobre um faturamento anual de US$ 11 bilhões. Navegando por todos os continentes e mais de 125 países, a Royal Caribbean é a segunda maior companhia do setor de cruzeiros. Além disso, possui dois navios em operação em Singapura e na China, e, comparada a seus concorrentes (Carnival e Norwegian), é a empresa que menos queima caixa atualmente.

No curto prazo, a companhia enfrenta aumento de endividamento para sustentar seus custos durante a crise global, bem como atrasos na retomada das operações. Porém, se olharmos para uma janela de tempo maior, é uma empresa sólida, geradora de caixa, com capacidade de aquisição e expansão, e que está bem preparada para capturar a “volta ao normal” de um mundo pós-pandemia.

TSMC (TSMC34)

por Verde Asset

A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) é a maior empresa de semicondutores do mundo.

Ela fabrica chips que são utilizados em diversos equipamentos, como smartphones, vídeo games, computadores, carros elétricos e até caças de guerra.

Foi fundada em Taiwan em 1987 por Morris Chang, doutor em engenharia pelo Massachussets Institute os Technology (MIT). Em meio a uma indústria muito competitiva, Chang estabeleceu alguns princípios que fez a TSMC se destacar da concorrência.

Ela se diferencia da indústria por não ter produtos próprios, como no modelo de integração vertical adotado pelas concorrentes Intel e Samsung.

A TSMC realiza somente a manufatura final dos chips que são projetados pelos seus clientes, como Apple, AMD, Nvidia e Qualcomm.

Dessa forma ela consegue ter uma base de clientes mais diversificada, com mercados finais diferentes e assim atravessar melhor os ciclos de oferta e demanda de cada segmento. Por ter menos volatilidade nas suas receitas e lucro, ela também consegue reinvestir mais rápido no próprio negócio, sempre atualizando suas fábricas para as tecnologias mais avançadas e entregando os chips com melhores performances a preços competitivos.

Por tamanha excelência na execução, a TSMC ultrapassou a Intel na corrida estabelecida pela Lei de Moore, que, a grosso modo, postula que a performance dos chips deve dobrar a cada cada anos. Por esse feito recente, mais clientes devem migrar para a TSMC (como a Microsoft) e a própria Intel avalia utilizar as fábricas da TSMC para produzir seus processadores de ponta. Essa mudança deve ajudar as receitas da companhia a crescerem acima de 15% ao ano pelos próximos quatro anos.

Por atender as melhores empresas de tecnologia do mundo e que estão expostas às verticais de maior crescimento (Internet das Coisas, Inteligência Artificial, 5G, Criptomoedas, etc), a TSMC negocia a um desconto em relação ao que consideramos justo. Um múltiplo preço-lucro de 25 vezes ainda é 20% abaixo do setor de tecnologia.