Ibovespa Futuro cai forte com temor externo sobre nova cepa do coronavírus e queda do petróleo; dólar vai a R$ 5,20

Índice segue dia de temor no exterior com casos de Covid na Europa e restrições contra o Reino Unido, que ajudam a derrubar o petróleo em mais de 5%

Rodrigo Tolotti

(Getty Images)

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro segue o dia de maior temor no exterior e cai nesta segunda-feira (21) em meio ao surgimento de uma nova cepa do coronavírus no Reino Unido. No sábado (19), o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que a nova variante pode ser até 70% mais transmissível, segundo análise preliminar de cientistas.

Ele também anunciou que os planos de aliviar as restrições à circulação durante o Natal, que permitiriam o encontro entre membros de mais do que um lar, estão suspensos. A transmissão acelerada de Covid, impulsionada pela nova variante, contribui para lockdowns em Londres e em outras áreas do sudeste da Inglaterra.

A notícia apaga o impacto positivo da aprovação de uma nova vacina nos Estados Unidos e do acordo para um novo pacote de estímulos à economia no país.

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O líder da maioria republicana no Senado dos EUA, Mitch McConnell, afirmou no domingo que o Congresso americano chegou a um acordo final sobre um pacote fiscal de aproximadamente US$ 900 bilhões para auxiliar no combate aos efeitos econômicos da Covid-19.

Além disso, a preocupação com essa nova cepa do coronavírus faz com que o preço do petróleo desabe mais de 5% no exterior, não só pelo fato em si, mas também pelas maiores restrições adotadas na Europa, levantando temores de uma recuperação mais lenta na demanda por combustíveis.

“Notícias de uma nova cepa do coronavírus pesaram sobre o sentimento de risco e o petróleo. Novas restrições à mobilidade pela Europa também não estão ajudando, uma vez que a demanda europeia vai sofrer”, disse o analista do UBS, Giovanni Staunovo. “Os investidores precisam estar cientes de que o caminho rumo a uma demanda maior e preços mais elevados seguirá instável”, acrescentou.

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Às 09h05 (horário de Brasília), o índice futuro para fevereiro de 2021 tinha queda de 1,71%, aos 116.000 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial tinha forte variação positiva de 2,50% a R$ 5,2096 na compra e a R$ 5,2101 na venda. O dólar futuro com vencimento em janeiro de 2021 registrava alta de 2,12%, a R$ 5,209.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe oito pontos-base a 3,05%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de 13 pontos-base a 4,53%, o DI para janeiro de 2025 avança 15 pontos-base a 6,05% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de 14 pontos-base a 6,83%.

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Por aqui, o Brasil segue tendo um aumento no número de casos do vírus. A média móvel de mortes por Covid em um período de 7 dias encerrado no domingo foi de 765, alta de 27% frente 14 dias antes. Apenas no domingo foram registradas 408 mortes.

Na política, em meio ao debate sobre a MP que autorizaria o pagamento do 13º salário a beneficiários do Bolsa Família este ano, que acabou caducando no Congresso, o presidente Bolsonaro reafirmou a posição do ministro da Economia em seu governo.

Em vídeo publicado na internet, no qual é entrevistado por seu filho, Eduardo Bolsonaro, o presidente disse que o ministro só deixará o governo no fim do mandato, e que não teria demonstrado interesse em abandonar o cargo.

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Na Ásia, por sua vez, o Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) decidiu deixar inalteradas suas taxas de juros de referência para empréstimos de curto e longo prazos pelo oitavo mês consecutivo. A chamada LPR de um ano permaneceu em 3,85% e a LPR para empréstimos de cinco anos ou mais longos ficou em 4,65%.

Agenda de indicadores

Nesta segunda são divulgados dados sobre coleta de impostos em novembro no Brasil.

Às 10h30, o Fed de Chicago divulga o índice de atividade relativo a novembro.

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Às 12h são divulgados dados sobre a confiança do consumidor na União Europeia e na Zona do Euro, em dezembro.

Às 15h é divulgada a balança comercial semanal no Brasil, relativa a 20 de dezembro.

Recorde na média móvel de mortes e aproximação do fim do auxílio

O consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil divulgou, às 20h de domingo, o avanço da pandemia em 24h no país. Ficaram de fora dados de Goiás e São Paulo.

Mesmo sem esses dados, a média móvel de novos casos em 7 dias chegou a 47.909 diagnósticos, um recorde, e alta de 15% frente a média móvel registrada 14 dias antes. Apenas no domingo foram confirmados 24.680 novos casos.

A média móvel de mortes por Covid em um período de 7 dias encerrado no domingo foi de 765, alta de 27% frente 14 dias antes. Apenas no domingo foram registradas 408 mortes.

Sobre a falha no envio de dados, São Paulo voltou a alegar problemas no sistema do Ministério da Saúde, como fizera na sexta. Na ocasião, o Ministério negou qualquer problema. A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás também afirmou que “pode ter ocorrido algum problema com este serviço disponibilizado pelo Ministério da Saúde”.

Mesmo com os indícios de aceleração da propagação do vírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou no sábado, por meio de vídeo publicado na internet, que a pandemia estaria chegando ao fim.

“A pandemia realmente está chegando ao fim, os números têm mostrado isso, estamos com pequena ascensão agora, chama-se pequeno repique, que pode acontecer, mas a pressa da vacina não se justifica porque você mexe com a vida das pessoas”, afirmou em entrevista ao filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

O presidente voltou a levantar dúvidas sobre a vacina. “Você vai inocular algo e você, seu sistema imunológico, pode reagir de forma ainda de forma imprevista e você não pode, sem que passe pela Anvisa, sem que tenha certificação, que você bote a vacina no mercado”, afirmou.
Além disso, pesquisa Datafolha realizada por telefone entre 8 e 10 de dezembro com 2.016 pessoas, indica que o auxílio emergencial pago pelo governo é a única fonte de renda para 36% das famílias que receberam ao menos uma parcela do benefício em 2020. Em agosto, 44% apontavam o auxílio como única fonte de renda.

O benefício deve deixar de ser pago em 29 de dezembro pelo governo.

Inicialmente, o valor de referência do benefício era de R$ 600, reduzidos para R$ 300 ao mês. Com a retomada parcial da economia, muitas pessoas saíram em busca de outras fontes de renda, afirma reportagem do jornal Folha de S. Paulo.

Além disso, 51% das pessoas afirmaram que a renda familiar diminuiu com a pandemia, frente 60% que responderam desta forma em agosto.

Bolsonaro reafirma Guedes no cargo, em meio a risco de mais gastos da União

Na quinta-feira (17), Bolsonaro acusou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de ter deixado caducar a MP que autorizaria o pagamento do 13º salário a beneficiários do Bolsa Família este ano. A fala abriu uma crise com Maia, que afirmou que o presidente mentiu. O presidente da Câmara ensaiou colocar em votação o pagamento do benefício.

Para aplacar os ânimos, o ministro da Economia Paulo Guedes reconheceu que foi a equipe econômica do próprio governo que pediu que a medida não fosse votada porque não haveria recursos para o pagamento.

Guedes vem sendo criticado publicamente por Maia, que afirma que a agenda do ministro não tem prestígio no governo, resultando em incapacidade de aprovar as reformas anunciadas.

Em meio à crise, o ministro da Economia interrompeu no sábado o período de férias que iria tirar a partir do fim de semana até 8 de janeiro. As férias haviam sido publicadas no Diário Oficial na semana passada.

Também no sábado, o presidente Bolsonaro reafirmou a posição do ministro da Economia em seu governo. Em vídeo publicado na internet, no qual é entrevistado por seu filho, Eduardo Bolsonaro, o presidente disse que o ministro só deixará o governo no fim do mandato, e que não teria demonstrado interesse em abandonar o cargo.

“Lógico que a gente vê que, de vez em quando, ele fica irritado, porque certas medidas dependem de votações. Eu sei como funciona o Parlamento, ele está aprendendo ainda (…) Ele quer resolver e fica chateado. No tocando a sair, ele falou que vai sair comigo quando acabar o meu mandato”, disse o presidente.

Além disso, reportagem publicada nesta segunda em O Globo afirma que a equipe econômica estaria preocupada com o avanço no Congresso de duas emendas constitucionais que ampliariam repasses aos fundos de participação nos estados e municípios e um terceiro projeto que reduziria os juros cobrados pela União em operações de refinanciamento de dívidas dos entes federados.

As propostas têm inclusive apoio de deputados e senadores governistas, e poderiam causar um rombo de R$ 589 bilhões aos cofres públicos.

Radar corporativo

O alvará de funcionamento da Vale e de suas empresas terceirizadas foi suspenso, por meio do Decreto nº 210, de 18 de dezembro de 2020, da prefeitura de Brumadinho, em Minas Gerais, publicado no Diário Oficial do Município dessa sexta-feira (18).

O ato, assinado pelo prefeito Avimar de Melo Barcelos, foi em decorrência da morte de um operário da empresa contratada pela Vale Verde, que trabalhava na Mina Córrego do Feijão. Ele estava na cabine de uma máquina escavadeira, quando um talude desmoronou sobre a máquina.

Em fato relevante divulgado nesta segunda, a holding Cogna Educação informou que seu conselho de administração e o da Saber, que integra a holding, receberam a renúncia do diretor financeiro, Jamir Saud Marques, que “decidiu trilhar novos desafios pessoais”. Ele atuava na Cogna desde 2015, e permanece no cargo até 4 de janeiro de 2021.

Cogna e Saber também informam que seus conselheiros elegeram como novo membro da diretoria estatutária Frederico da Cunha Villa. A partir de 4 de janeiro ele ocupará o cargo de vice-presidente financeiro da Cogna e diretor financeiro da Saber. Seu último cargo foi como diretor financeiro e de relações com investidores da BRMalls.

A Ser Educacional fechou acordo para compra da Beduka, plataforma educacional voltada principalmente a estudantes do ensino médio que auxilia na preparação para o vestibular e escolha de faculdades. O valor não foi divulgado.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.