Ações de Lojas Americanas saltam 7,5% e Méliuz avança 9% com recomendações; siderúrgicas sobem até 4,5%

Confira os destaques da B3 na sessão desta terça-feira (15)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O maior otimismo em relação ao pacote de ajuda fiscal nos EUA e também o início da vacinação na maior economia do mundo levou a um novo dia de fortes ganhos para o Ibovespa, impulsionado por companhias de commodities, fazendo com que o índice zere as perdas de 2020.

A sessão teve como destaque a alta das ações de siderúrgicas, apesar de terem diminuído os ganhos de mais de 7% do início do dia ao longo do pregão.  Ações da CSN (CSNA3, R$ 28,15, + 3,45%), Usiminas (USIM5, R$ 13,82 3,91%), Gerdau (GGBR4, R$ 23,80, +4,34%) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4, R$ 10,83, +3,54%) tiveram ganhos entre 3% e 4,5%. Os papéis da Vale (VALE3, R$ 84,50, +1,14%) também subiram forte, ainda que com uma alta mais modesta, em meio aos dados da economia chinesa e sinais de aperto na oferta que fizeram o minério voltar a subir após a queda da véspera.

Ainda no radar do setor, em relatório, o Morgan Stanley destacou que a demanda sólida por aço no Brasil deve continuar em 2021 em meio à reestocagem e o cenário de juros baixos no país, apontando que a alta recente de 10% nos preços reforça o momentum positivo de curto prazo. Os analistas do banco elevaram a recomendação de GGBR4 para overweight (exposição acima da média do mercado), enquanto Usiminas ficou em equalweight (exposição em linha com a média do mercado).

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Também em destaque entre as recomendações do Morgan, mas no setor de varejo, estão os papéis da Lojas Americanas (LAME4, R$ 25,27, +7,49%), entre top picks do banco americano para o e-commerce em 2021 na América Latina.

Já a Suzano (SUZB3, R$ 53,50, +3,56%) registrou ganhos na esteira da informação do Valor Econômico de que ela elevou os preços da celulose na Europa e América do Norte, o que reforça a visão positiva para a commodity e, consequentemente, para o ativo.

A maior queda, por sua vez, ficou para os ativos da Cogna (COGN3, R$ 4,87, -2,79%), com o Investor Day realizado pela companhia na véspera reforçando a visão de uma companhia mais enxuta e digital no futuro, mas não ajudando a diminuir os temores de pressão dos resultados no curto prazo (veja mais clicando aqui).

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Fora do índice, quem avançou foi a ação da “novata” Méliuz (CASH3, R$ 14,70, 8,89%), em alta de quase 9%, com o início de cobertura de suas ações pelo Bradesco BBI e Itaú BBA com recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 20 (upside de 48% frente o fechamento de segunda-feira).

Também em destaque fora do Ibovespa, estão as ações da Oi (OIBR3, R$ 2,35, +6,82%;OIBR4, R$ 3,33, 5,05%) que, após caírem forte na véspera, dia do leilão da sua operação móvel, que foi arrematada por R$ 16,5 bilhões por TIM (TIMS3, R$ 14,39, -1,51%), Vivo (VIVT3, R$ 45,74, -0,33%) e Claro, tiveram expressiva alta nesta sessão. Veja mais sobre a operação clicando aqui. 

Confira os destaques:

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Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
LAME4 7.48618 25.27
CSAN3 6.15119 73.86
HYPE3 5.59375 33.79
RAIL3 5.12129 19.5
CPFE3 4.90454 31.87

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
COGN3 -2.79441 4.87
FLRY3 -1.74863 26.97
TIMS3 -1.50582 14.39
IRBR3 -1.36054 7.25
MRFG3 -1.19131 14.1

Vale (VALE3, R$ 84,50, +1,14%)

A Vale informou na segunda-feira a ocorrência de um incêndio em instalações da empresa na Nova Caledônia, um território do governo francês no Pacífico. Segundo a mineradora, o foco do incêndio, que teve início às 17h (horário local), foi localizado na mina e infraestrutura associada da empresa. Segundo o jornal Valor, foi causado por manifestantes que exigem a independência da ilha. Até o momento, o incêndio não foi atribuído a um grupo específico.

A Vale afirmou em comunicado que o corpo de bombeiros e forças militares (gendarmes) estiveram no local durante a noite.
“A planta, localizada a 7 km de distância, permanece segura e sob proteção dos Gendarme”, disse, acrescentando que “repudia os atos de violência e reafirma seu comprometimento com a segurança e proteção dos empregados da VNC e da comunidade”.

A companhia já havia comunicado na última quinta-feira a interrupção das operações da Vale Nouvelle-Calédonie (VNC), citando as manifestações pró-independência do território francês.

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Pouco antes do início dos protestos, a empresa havia anunciado a venda de sua planta de níquel no local. A venda foi fechada com um consórcio liderado pela atual administração e funcionários da Vale Nouvelle-Calédionie, com a Trafigura, multinacional com sede em Cingapura, como acionista minoritária. A Vale vinha tendo dificuldades em rentabilizar a operação.

Ao anunciar a venda, a Vale afirmou que a operação garantiria “a continuidade da exploração e do desenvolvimento da usina com o respeito de suas responsabilidades sociais e ao meio ambiente por uma nova empresa (que recebeu o nome) Prony Resources, na qual investidores locais controlam 50%”.

O anúncio da venda aconteceu depois de vários dias de bloqueios e confrontos com as forças de segurança.

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Independentistas da FLNKS (Frente de Libertação Nacional Socialista Kanak), do grupo “Usine du sud: usine pays” e do Ican (fórum de negociação autóctone) defendem o nacionalismo da área de mineração, e fazem oposição total à presença da Trafigura. Eles apoiavam uma oferta distinta, em associação com a Korea Zinc, que foi rejeitada pela Vale antes que o grupo coreano anunciasse na segunda-feira a saída da disputa.

Já no radar das commodities, os futuros do minério de ferro na China avançaram após uma sessão volátil nesta terça-feira, apoiados por persistentes preocupações com a oferta do material usado na fabricação do aço e com fortes dados sobre a produção industrial chinesa. O contrato mais ativo do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian DCIOcv1, para maio, encerrou com alta de 1,5%, a 994 iuanes (US$ 151,66) por tonelada, após ter chegado a superar a marca de 1.000 iuanes durante a sessão. A marca já havia sido atingida antes na sexta-feira.

Os embarques de minério de ferro da Austrália e do Brasil recuaram pela segunda semana entre 7 e 13 de dezembro, em 1 milhão de toneladas, ou 4,7%, para 22,7 milhões de toneladas, segundo a consultoria Mysteel.

(OIBR3, R$ 2,35, +6,82%;OIBR4, R$ 3,33, 5,05%), TIM (TIMS3, R$ 14,39, -1,51%), Vivo (VIVT3, R$ 45,74, -0,33%) e Claro

TIM, Telefônica Brasil e Claro, da América Móvil, venceram o leilão para comprar as operações de redes móveis da Oi por R$ 16,5 bilhões na segunda, afirmaram as empresas. As três companhias, que apresentaram uma proposta inicial em julho, planejam dividir os ativos da Oi assim que obtiverem aprovação antitruste. A Oi, que pediu recuperação judicial em 2016, está vendendo uma série de ativos para levantar fundos e pagar seus credores.

Caberá à TIM o maior desembolso, de 44% dos valores de Preço Base e Serviços de Transição, perfazendo aproximadamente R$ 7,3 bilhões. “Com relação ao financiamento desta aquisição, a TIM, considerando seu baixo endividamento e as condições de mercado atuais, entende ser possível financiá-la através do mercado de dívida local e de sua geração de caixa”, disse a empresa. O grupo abocanhará aproximadamente 14,5 milhões de clientes (40% da base total da UPI Ativos Móveis).

Já a Telefônica será responsável por 33% do Preço Base e Serviços de Transição, equivalente a aproximadamente R$ 5,5 bilhões, e terá aproximadamente 10,5 milhões de clientes (correspondendo a aproximadamente 29% da base total da UPI Ativos Móveis).

A Claro será responsável pelo pagamento de R$3,7 bilhões (aproximadamente 22% do preço de compra). O grupo terá ainda 32% da base total de clientes da UPI Ativos Móveis, de acordo com a base de acessos da Anatel de abril/2020.

O Credit Suisse avalia que a compra da Oi Móvel pelo consórcio formado por suas concorrentes não surpreende, mas deve ser bem recebida pelos investidores. O banco avalia que todos os atores envolvidos devem se beneficiar, com os clientes da Oi sendo divididos entre as participantes do consórcio. Menos competição e mais escala devem ampliar a lucratividade das empresas.

A Vivo deve recuperar sua posição como líder em termos de espectro, absorvendo 47% do total da Oi e chegando a 185 MHz, levemente à frente de Claro. Deve receber também 10,5 milhões de subscrições, 29% do total, mantendo sua posição como líder de mercado. O banco diz acreditar que a empresa vai bancar a compra por meio de contração de dívida.

A TIM deve reduzir significativamente a diferença de espectro frente à concorrência, recebendo 49 MHz, ou 53% do total. Assim, ficará com 12% a menos do que a líder Vivo, frente os 34% de diferença anteriores. Também receberá 14,5 milhões de subscrições, 40% total, um número relevante, aumentando em 6 pontos percentuais sua participação no mercado.

A Claro deve aumentar sua participação no mercado, recebendo 11,6 milhões de subscrições, ou 32% do total, ampliando em 5 pontos percentuais sua participação no mercado. Mas não receberá nenhum espectro, devido à aquisição recente da Nextel, que já a aproximou do limite legal no Brasil.

E a Oi deve receber um valor superior ao pedido mínimo, de R$ 15 bilhões, o que dará espaço para executar mudanças definidas no plano de recuperação judicial, diz o Credit Suisse.

Cogna (COGN3, R$ 4,87, -2,79%)

A Cogna Educação prepara o lançamento de um marketplace de educação voltado para jovens e adultos que vai integrar produtos próprios com outros oferecidos por terceiros, na expectativa de preservar seus negócios em meio à crise gerada pela pandemia, afirmou na segunda o presidente-executivo da empresa, Rodrigo Galindo, em apresentação on-line.
“A plataforma (de marketplace) pode ser no médio e longo prazos transformadora para nossa organização”, disse Galindo. Ele não mencionou o cronograma de lançamento.

Segundo o executivo, o marketplace vai permitir expandir o mercado da Cogna no Brasil dos atuais R$ 56 bilhões para R$ 121 bilhões em 2025.

O marketplace oferecerá produtos como cursos de ensino superior, livres, técnicos e de idiomas, além de serviços como orientação vocacional e até financeiros, disse o executivo. Ele afirmou que o marketplace já tem 16 vendedores parceiros incluindo nomes como Saraiva Jur, Cursos Livres e Consultoria da Educação.

Ultrapar (UGPA3)

A Ultrapar, em esclarecimento à CVM após notícia de que estuda vender a Oxiteno por mais de R$ 1 bilhão, afirmou em comunicado que  está avaliando alternativas estratégicas para seu negócios Oxiteno, que incluem potencial desinvestimentos.

De acordo com a empresa, o movimento tem como contexto a restruturação e consolidação na indústria química global e busca viabilizar a continuidade da expansão e do fortalecimento da Oxiteno, desenvolvida pelo grupo há mais de 40 anos.

EzTec (EZTC3, R$ 23,60, -0,34%)

A EzTec anunciou o lançamento da torre residencial Signature by Ott, localizado na Zona Sul da cidade de São Paulo, a 900 metros do Parque da Aclimação. A torre possui 104 unidades de alto padrão, com áreas que variam de 120 a 176 m² gerando um Valor Geral de Vendas (VGV) total de R$ 194,5 milhões com 50% de participação da EZTEC, resultando em R$ 97,3 milhões de VGV para a companhia.

Tecnisa (TCSA3, R$ 10,19, + 2,62%)

A Tecnisa anunciou o lançamento de dois empreendimentos residenciais na cidade de São Paulo, com um total R$ 254 milhões em VGV.

O primeiro, chamado de Auguri Mooca, é localizado no bairro da Mooca, Zona Leste da cidade, e possui uma torre, com 68 unidades residenciais de 3 ou 4 suítes, entre 152 e 179 metros quadrados de área privativa e VGV de R$ 125 milhões, com participação de 100% da Tecnisa.

O segundo empreendimento está localizado na Vila Romana, Zona Oeste da cidade, composto por uma única torre residencial, com 140 unidades entre 80 e 132 metros quadrados, com VGV de R$ 139 milhões e participação de 100% da Tecnisa.

Méliuz (CASH3, R$ 14,70, 8,89%)

O Bradesco BBI e o Itaú BBA iniciaram a cobertura das ações da Méliuz, startup de cupons de descontos, com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) e com preço-alvo de R$ 20 (potencial de alta de 48% frente o fechamento da véspera).

O BBI avalia que a empresa tem uma “clara vantagem competitiva” no sentido de contratar quadros especializados, o que deve permitir que continue a inovar em um ritmo mais rápido, tornando-a sua “top pick” no setor de tecnologia na América Latina.

O banco avalia que a Méliuz enfrenta riscos e oportunidades ao entrar em novos segmentos por meio de fusões e aquisições, e destaca que entre os clientes da empresa estão gigantes brasileiros, como Magalu, Submarino e VVAR. A empresa já entrou no segmento financeiro, oferecendo cartões de crédito em parceria com o Banco Pan, e o Bradesco diz que espera que avance sobre outras frentes, como empréstimos.

Atualmente, a Méliuz contabiliza 13 milhões de clientes, dos quais 3,6 milhões são usuários ativos. Além disso, apesar de ser o maior ator em seu setor, sua participação no mercado deve ser de apenas 2,9% em 2020, o que o Bradesco BBI interpreta como sinal de que há espaço para crescer. O banco espera crescimento da receita total de 40% entre 2020 e 2023, e destaca que ela cresceu 213% nos últimos três anos.

Já o BBA destaca a liderança e a boa execução da companhia na plataforma de cashback, posicionada com uma proposta de valor atrativa para parceiros de e-commerce e um nível de retenção de clientes respeitável em seu ecossistema, conforme evidenciado pelo GMV da empresa dos últimos anos.

Camil (CAML3, R$11,35 -2,32%)

O Bradesco BBI iniciou cobertura da empresa de alimentos Camil com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 11,62, o que configura um potencial de valorização de 3% em relação ao fechamento da véspera. O banco afirma que a empresa está realizando uma boa estratégia de diversificação, mas diz que sua valorização se encontra em um patamar “justo”.

Até o momento neste ano, a empresa registrou valorização em 30 pontos percentuais acima da média da Bovespa, à medida que investidores compraram de acordo com o aumento do preço do arroz. Mas o Bradesco BBI avalia que, assim como ocorreu em 2008 e 2009, os maiores fatores a impulsionarem a alta dos preços são temporários -choques de oferta e compras feitas pela população em pânico. Os estoques devem aumentar em 2021 no Brasil, avalia o Bradesco BBI.

Ecorodovias (ECOR3)

A Ecorodovias registrou queda de 7,4% no volume de tráfego consolidado de suas rodovias de 16 de março a 13 de dezembro, frente a período similar de 2019, de acordo com dados divulgados pela empresa de concessão nesta terça-feira.

O período leva em conta a data em que foram anunciadas as primeiras medidas de isolamento social no país para tentar conter a pandemia da Covid-19.

A performance representa uma pequena melhora frente ao declínio apurado entre 16 de março e 6 de dezembro (-7,7%). Na rodovia dos Imigrantes, um dos principais ativos da empresa, a redução no tráfego passou de 9,2% para 8,9% na mesma base de comparação.

(Com Agência Estado e Reuters)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.