Tesouro Direto: taxas de títulos públicos têm alta na tarde desta terça-feira

Sessão foi marcada por aumento de aversão ao risco no exterior e no âmbito político doméstico

Mariana Zonta d'Ávila

(Rmcarvalho/Getty Images)

SÃO PAULO – Após o mercado ter ficado fechado ontem pelo feriado do dia da Independência, as taxas oferecidas pelos títulos públicos negociados via Tesouro Direto apresentam alta na tarde desta terça-feira (8), com os investidores de olho na cena política doméstica e com o aumento de aversão ao risco no exterior.

O título com retorno prefixado e vencimento em 2023 pagava uma taxa de 4,15% nesta tarde, ante 4,04% a.a. na sexta-feira (4). O prêmio pago pelo mesmo papel com prazo em 2026, por sua vez, subia de 6,40% para 6,51% ao ano.

Entre os títulos indexados à inflação, os papéis com vencimentos em 2035 e 2045 ofereciam uma taxa anual de 3,75%, frente 3,67% ao ano. Já o juro pago pelo Tesouro IPCA+ 2026 era de 2,39%, ante 2,34% a.a. anteriormente.

No câmbio, o dólar operava em alta de 0,9% ante o real, cotado a R$ 5,35 por volta das 15h50.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos nesta terça-feira (8):

Fonte: Tesouro Direto

Cena política

No Brasil, os investidores monitoraram hoje as sinalizações do governo a respeito do controle fiscal do país.

No final de semana, o senador Marcio Bittar (MDB-AC), que é relator da PEC do pacto federativo e do Orçamento para 2021, sinalizou que a proposta pode incluir pontos que foram atenuados na reforma administrativa, atingindo os salários mais altos do funcionalismo.

Ele disse ainda que a aplicação mínima de recursos em saúde e educação, prevista hoje na Constituição, será extinta no seu relatório. “É polêmico, mas tem que fazer”, afirmou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

Destaque ainda para a situação do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na noite de sexta-feira (4), a Folha de S.Paulo informou que o ministro decidiu se afastar da tarefa de negociar as reformas estruturantes apresentadas ao Congresso. O trabalho deve ser feito pela ala política do governo.

Antes disso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, havia dito que deixaria de tratar deste tema diretamente com o ministro. Neste sábado, foi noticiado pelo jornal O Estado de S.Paulo que a briga entre Maia e Guedes tem como motivo uma discussão sobre os recursos de um fundo bilionário de desenvolvimento regional.

Relatório Focus

Na agenda do dia, após nove semanas consecutivas de revisões para cima das projeções para a economia brasileira, o mercado financeiro voltou a ver uma contração maior do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, de 5,31%, levemente acima da queda de 5,28% esperada anteriormente.

De acordo acordo com o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central nesta terça-feira (8), passada a pandemia, a atividade brasileira deverá crescer 3,50% em 2021, sem mudanças em relação ao último levantamento.

Com relação às expectativas para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), estas ficaram praticamente estáveis para 2020, ao subir de 1,77% para 1,78%, se mantendo em 3,00% para 2021.

Já os demais indicadores não sofreram alterações no relatório do BC desta semana. Os economistas ouvidos pela autoridade monetária esperam que a taxa Selic encerre este ano em 2,00%, e suba para 2,88% em dezembro de 2021.

Quadro internacional

Na cena externa, as atenções recaíram sobre as tensões entre os Estados Unidos e a China, depois que o presidente americano Donald Trump prometeu reduzir drasticamente os laços econômicos entre os dois países.

Ontem, Trump sugeriu que os países não perderiam dinheiro se deixassem de fazer negócios. Além disso, ameaçou punir quaisquer empresas americanas que criem empregos no exterior, e proibir aquelas que fazem negócios na China de ganhar contratos federais.

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