Adam: Bolsa não está barata e momento não é de aumentar o risco

Para André Salgado, sócio da Adam, cenário ainda é muito incerto para ter posição direcional comprada na Bolsa brasileira

Mariana Zonta d'Ávila

SÃO PAULO – Enquanto uma parcela de investidores tem apostado na queda do Ibovespa, que chega a 31,6% no ano, para aumentar suas posições em Bolsa, André Salgado, sócio-fundador da gestora Adam Capital, defende que este não é o momento de ampliar o risco dos portfólios e que as correções de preços até o momento parecem pequenas caso a situação de deterioração econômica se estenda por mais tempo.

“Eu não faria uma posição direcional muito grande em nenhum ativo, por mais barato que pareça estar. A gente nem acha que está barato. Achamos que tem coisas que estão no preço e tem coisas que estão caras”, afirmou em live promovida pela Icatu Seguros nesta quinta-feira (7).

A ideia de pechinchas na Bolsa partiria, segundo ele, de uma análise puramente da dinâmica de preço, sem considerar os dados e a situação político-econômica.

“O 80 [80 mil pontos do Ibovespa] de hoje são muito diferentes dos 80 mil de antes da aprovação de reformas. A gente tinha um potencial de crescimento gigantesco da economia, reformas para passar, ou seja, tinha um ambiente político mais estável, e não temos mais nada disso”, afirma, destacando o ambiente de tensões políticas e os gastos no combate à pandemia.

Para entrar na Bolsa, a Adam precisa vislumbrar um upside mínimo de 50%. Se for para ganhar só 10% ou 15%, que são as oscilações recentes, não vale uma posição estrutural de longo prazo, diz.

“Se tivéssemos a convicção de que o pior já passou, em tese, poderíamos sair comprando Bolsa, ativos que já se depreciaram. Acho que o risco ainda é alto para utilizar essa estratégia, principalmente quando ainda temos distorções de preços que permitem que você continue gerando retorno, de maneira mais equilibrada, sem tomar nenhuma posição direcional muito importante neste momento, dado que a incerteza é muito grande”, diz.

Previdência

No multimercado“Adam Icatu Previdência”, Salgado conta que o fundo estava comprado em dólar contra real e que começou a se desfazer da posição quando o câmbio chegou na casa dos R$ 5,30. Em moedas, a preferência hoje é pela compra do real contra dólar.

A avaliação é de que os números da balança comercial favorecem a valorização da divisa local por um motivo ruim, ou seja, de que a economia doméstica não irá se recuperar tão rápido como esperado, e, por isso, as importações devem despencar e as exportações, se manter no mesmo nível.

Dito isso, Salgado afirma que, na Bolsa, prefere ficar em setores que ainda vê valor, como Petrobras e Vale. Por outro lado, está vendido no índice por achar que setores como varejo, consumo e bancos ainda estão um pouco mais caros quando comparados com aqueles voltados para a exportação, principalmente para a China.

Na renda fixa, o fundo está bem distribuído na curva de juros, com preferência pelos papéis indexados à inflação, como o Tesouro IPCA+, e vencimentos mais longos, como em 2050.

Preferência por liquidez

Já a Vinci Partners tem preferido, em meio à crise, aumentar a liquidez das carteiras, optando pela compra de Ibovespa, de forma a ganhar mais agilidade nas operações.

“Tem várias vantagens [de se investir via] índice. É mais fácil de entrar e sair, você consegue fazer hedge, comprar proteção de maneira eficiente e permite mais agilidade. Em um momento em que tivermos mais conforto e visibilidade, voltamos a ter exposição maior em papéis”, afirmou André Simões, sócio da Vinci Partners, na live da Icatu.

Hoje, além da posição comprada em índice, o fundo “Vinci Equilíbrio Icatu Previdência” possui posições em juros reais na parte intermediária da curva e uma posição levemente vendida no índice americano S&P 500.

Quer viver do mercado financeiro ou ter renda extra? Experimente de graça o curso do Wilson Neto, um dos melhores scalpers do Brasil