Ibovespa fecha em alta de 3% em meio a alívio com o coronavírus, mas petróleo preocupa; dólar cai a R$ 5,22

Mercado teve um dia de ânimo em meio à desaceleração da pandemia e o dólar caiu a R$ 5,22

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em forte alta nesta terça-feira (7), mas se afastou das máximas enquanto Wall Street zerou ganhos no fim do pregão. As dúvidas acerca de quanto um acordo entre Rússia e Arábia Saudita pode compensar a queda na demanda por petróleo acabou pesando, e o barril Brent caiu 1,63% a US$ 32,51. O barril do WTI recuou 5,87% a US$ 24,55.

No entanto, não foi o bastante para desanimar totalmente o mercado brasileiro, que seguiu forte devido à desaceleração do crescimento de casos de coronavírus. Pela primeira vez desde janeiro a China não registrou nenhuma morte pela Covid-19. Os sinais são de que a pandemia do coronavírus está em declínio também na Espanha, Itália e Áustria – que será o primeiro país europeu a reabrir o comércio, em 14 de abril.

Apesar de o primeiro-ministro britânico Boris Johnson estar hospitalizado com coronavírus na UTI de um hospital londrino, o sentimento é que a Covid-19 entrou agora numa curva declinante. Alguns países como a Itália já projetam voltar à reabertura gradual do comércio e de outras atividades, a chamada “Fase 2” da quarentena. Na Itália a “Fase 2” deve começar em 4 de maio, informa o jornal Corriere della Sera.

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Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, anunciou um pacote de US$ 999 bilhões para reativar a economia nipônica.

O Ibovespa registrou ganhos de 3,08%, aos 76.358 pontos com volume financeiro negociado de R$ 26,6 bilhões, depois de já ter subido 6,52% na véspera.

Já o dólar futuro para maio cai 1,09% a R$ 5,238. O dólar comercial, por sua vez, caiu 1,2%, a R$ 5,2267 na compra e R$ 5,2283 na venda.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu sete pontos-base a 4,13%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de nove pontos-base a 5,36% e o DI para janeiro de 2025 recuou seis pontos-base a 6,95%.

Entre os indicadores, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça que as vendas do varejo brasileiro em fevereiro cresceram 1,2% na comparação com o mês anterior. A expectativa mediana dos economistas compilada no consenso Bloomberg era de uma queda de 0,4%. Na série sem ajuste sazonal, houve aumento de 4,7% na comparação com fevereiro de 2019. No acumulado no ano, contra igual período do ano anterior, o avanço foi de 3,0%.

De acordo com a equipe de análise do Goldman Sachs, os dados de janeiro a fevereiro não são representativos das perspectivas para o setor de varejo e para a economia em geral, uma vez que não capturam o grave impacto recessivo esperado por conta da pandemia de Covid-19. “No futuro, dado o crescente número de infecções por Covid-19, esperamos que as vendas no varejo sejam severamente impactadas pelas medidas para restringir o movimento e promover o distanciamento social”, avaliam os analistas.

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Política 

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, declarou na noite de ontem que permanecerá no cargo, após um dia inteiro de especulações sobre a sua saída do governo. “Vamos continuar enfrentando o nosso inimigo, que tem nome e sobrenome: Covid-19”, afirmou.

O pronunciamento aconteceu após uma reunião descrita com tensa com o presidente Jair Bolsonaro e outros ministros no Palácio do Planalto, informa a Folha de S. Paulo.

Bolsonaro insiste no uso da cloroquina no combate ao coronavírus. Mandetta rebateu que não existe protocolo seguro para o uso do medicamento contra a Covid-19. Integrantes do chamado “grupo moderado” tentaram convencer Bolsonaro a não demitir Mandetta. Já em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) estendeu a quarentena até 22 de abril.

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Dívidas e bancos 

Um levantamento feito pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) indica que a crise provocada pela epidemia do coronavírus levou dois milhões de clientes a procurar os cinco maiores bancos do país para renegociar R$ 200 bilhões em empréstimos. O valor que foi discutido por Banco do Brasil, Bradesco, Caixa e Santander, contudo, não foi divulgado. O Itaú Unibanco informou que aceitou apenas 5% dos 302 mil pedidos que recebeu, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.

Noticiário corporativo 

A Lojas Renner informou que emitirá debêntures simples no valor de R$ 500 milhões. A soma levantada será usada pela empresa como capital de giro e fortalecerá o caixa.

Já a JBS comunicou na noite de ontem que concluiu a aquisição da Empire Packing Company nos Estados Unidos. A transação, feita pela filial americana do frigorífico brasileiro, envolveu US$ 238 milhões – ao redor de R$ 1,14 bilhão pelo câmbio de fevereiro – e deu à empresa o controle da marca Ledbetter e cinco plantas.

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A BRF informou ontem que a alfândega chinesa autorizou o seu frigorífico em Dourados (MS) a exportar carnes de aves para a China.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.