Negociadores de petróleo se apressam em fechar acordo global

Diplomatas do petróleo tentam agendar uma reunião de ministros da Energia do G-20 para sexta-feira

Bloomberg

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(Bloomberg) — Arábia Saudita, Rússia e outros grandes produtores de petróleo correm contra o tempo para negociar um acordo que possa amenizar o colapso dos preços da commodity. Segundo diplomatas, as conversas no domingo mostraram algum avanço.

As negociações ainda enfrentam obstáculos significativos: uma reunião com produtores da Opep+ e de outros países – que já havia sido adiada – só deve acontecer na quinta-feira. Rússia e Arábia Saudita querem que os EUA participem, mas o presidente dos EUA, Donald Trump, por enquanto não se mostrou disposto.

Diplomatas do petróleo tentam agendar uma reunião de ministros da Energia do G-20 para sexta-feira como parte do esforço para trazer os EUA a bordo, segundo duas pessoas a par da situação. Até a Agência Internacional de Energia, que representa países industrializados, tem pedido ações.

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“Vemos um enorme excesso de oferta no mercado de petróleo”, disse Fatih Birol, presidente da AIE, em entrevista no domingo. “O G-20 precisa estar no banco do motorista”, liderado pela Arábia Saudita, que preside atualmente o grupo.

Os preços do petróleo acumulam queda de 50% neste ano, e os efeitos econômicos da pandemia de coronavírus atingem cerca de 30% da demanda global. A queda dos preços é tão acentuada que ameaça a estabilidade de países dependentes de petróleo, a existência de produtores de gás de xisto dos EUA e representa um desafio extra para bancos centrais. Autoridades do setor dizem que, se um acordo para cortar a oferta de maneira ordenada não for alcançado, o mercado simplesmente obrigará produtores a reduzir a produção já que há cada vez menos espaço de armazenamento.

O objetivo das negociações, revelado pela primeira vez por Trump na semana passada, é reduzir a produção de petróleo em cerca de 10%, o que seria o maior corte coordenado até hoje. A cotação do petróleo disparou após os comentários de Trump, mas os ganhos foram reduzidos quando os obstáculos diplomáticos vieram à tona.

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Rússia e Arábia Saudita estão “muito, muito próximas” de chegar a um acordo sobre cortes na produção de petróleo, disse Kirill Dmitriev, diretor-presidente do Fundo de Investimento Direto Russo, em entrevista à CNBC.

No entanto, mesmo que um acordo de 10 milhões de barris por dia seja fechado, esse volume dificilmente terá muito impacto sobre o excesso de oferta, estimado em 35 milhões de barris por dia. Em alguns segmentos do mercado físico, os preços já entraram em território negativo, e traders estocam petróleo em navios-tanque em ritmo recorde.

União

Arábia Saudita e Rússia querem que a participação dos EUA nos cortes, já que o país se tornou o maior produtor do mundo graças à revolução do gás de xisto. Mas Trump só tinha palavras hostis para a Opep no sábado, ameaçando impor tarifas sobre o petróleo estrangeiro, embora em reunião no final do domingo tenha dito que não esperava ter que recorrer a essa medida. O G-20 pode ser um fórum mais fácil para a participação dos EUA do que a Opep.

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“Se os americanos não participarem, o problema que existia antes para russos e sauditas permanecerá: enquanto cortam a produção, os EUA aumentam, e isso torna tudo impossível”, disse Fyodor Lukyanov, presidente do Conselho de Política Externa e de Defesa, um grupo de pesquisa que assessora o Kremlin.