Geração de empregos nos bancos cai 83% no primeiro trimestre

A Caixa Econômica Federal teve o maior número, com mais de 1,3 mil postos de trabalho nesse período. Sem ela, o saldo seria negativo

Luiza Belloni Veronesi

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SÃO PAULO – A geração de empregos nos bancos diminuiu nesse primeiro trimestre. O sistema financeiro nacional gerou 1.144 novos empregos, uma queda de 83% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

É o que revela a 13ª edição da Pesquisa de Emprego Bancário realizada trimestralmente pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômico), com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego.

A pesquisa mostra que houve um fechamento de postos de trabalho em grandes bancos, como o Itaú e Banco do Brasil. A rotatividade de mão de obra também continua em alta nas instituições e é para conter a expansão da massa salarial. O salário médio dos trabalhadores contratados foi 38,2% inferior ao dos desligados. E as mulheres continuam ganhando menos que os homens nas instituições financeiras.

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De janeiro a março, os bancos demitiram mais de 10 mil profissionais e contrataram 11,14 mil. No mesmo período do ano passado, o saldo positivo de contratações foi de mais de 6,8 mil. A queda é quase três vezes maior que a desaceleração do emprego na economia como um todo, com 27,5% de redução de crescimento de vagas de trabalho nos primeiros meses do ano.

A Caixa Econômica Federal gerou mais de 1,3 mil postos de trabalho nesse período, o maior número do sistema. Sem a Caixa, o saldo de empregos no setor seria negativo. Pelo balanço, os que mais fecharam postos de trabalho foram o Itaú, com 1.964, e o Banco do Brasil, com 406.

O saldo de 1.144 novos postos de trabalho representa uma expansão de apenas 0,22% no emprego bancário. Em comparação com o saldo de 321.241 vagas criadas em todos os setores da economia no primeiro trimestre, as instituições bancárias contribuíram com 0,35% do total.

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“O setor de maior lucratividade da economia, exceto Vale e Petrobras, não pode ter uma contribuição tão pequena para a geração de empregos e o desenvolvimento do País. Não podemos aceitar essa falta de compromisso dos bancos com a sociedade brasileira”, critica o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

Salários diminuidos
A pesquisa também fez uma média salarial dos desligados com os admitidos. Os admitidos tiveram uma média salarial de R$ 2.656,92 e a dos demitidos era de R$ 4.299,27, isso é, uma diferença de 38,2%. em comparação com a média salarial dos contratados na economia brasileira, que é 7% inferior à média salarial dos demitidos, esse índice é ainda mais impactante.

“Isso demonstra claramente mais uma vez a estratégia cruel dos bancos de utilizar a rotatividade para reduzir a despesa de pessoal”, afirma Cordeiro. “É uma violência, porque o sistema financeiro não enfrenta nenhuma dificuldade. Pelo contrário, só os cinco maiores bancos registraram um lucro líquido de R$ 50,7 bilhões no ano passado e de R$ 11,8 bilhões apenas nos primeiros três meses de 2012”, acrescenta.

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Quando analisado o saldo de empregos por faixa de remuneração, essa política se torna mais clara. O resultado foi positivo somente para as faixas de até tres salários mínimos, enquanto as faixas salariais acima desse patamar apresentaram saldos negativos. O maior saldo aconteceu na faixa de remuneração entre dois a três mínimos, que teve crescimento de 5.184 vagas.

O estudo também afirma que as mulheres ganham menos que os homens nos bancos. A média salarial das bancárias demitidas, de R$ 3.545,66, é 29% inferior à dos bancários, com R$ 4.978,80, que saíram. As mulheres também já entram ganhando menos que os homens. O salário médio delas, no ingresso, é de R$ 2.291,98 e o dos homens de R$ 3.014,91, uma diferença de 24%.