Ibovespa zera ganhos entre ânimo com Itaú e apreensão diante da cessão onerosa

Mercado busca novas máximas diante de um exterior mais tranquilo e repercutindo resultados das empresas

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa zera ganhos nesta terça-feira (5) entre o ânimo dos investidores com as ações do Itaú Unibanco (ITUB4), que chegaram a disparar 4,2% diante do resultado do terceiro trimestre, e a apreensão antes do megaleilão da cessão onerosa nesta quarta (6).

O mercado também acompanha o desempenho das bolsas internacionais após notícias de que os Estados Unidos estariam dispostos a voltar atrás na tarifas bilionárias que impuseram sobre mercadorias importadas da China. A ideia é garantir o desfecho da primeira fase do acordo comercial com os asiáticos.

Às 10h26 (horário de Brasília) o principal índice da B3 tinha leve alta de 0,13% a 108.917 pontos.

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Já o dólar comercial tem queda de 0,15% a R$ 4,0054 na compra e a R$ 4,0061 na venda.

O câmbio reflete as preocupações com o megaleilão de petróleo da cessão onerosa. Três das 14 empresas que mostraram interesse nas quatro áreas da Bacia de Santos que serão leiloadas já desistiram do negócio por conta dos preços muito altos. Foram elas, BP, Total e Repsol Sinopec.

Duas das áreas, Atapu e Sépia podem até mesmo não terem interessados, o que reduz a possibilidade de haver um grande ingresso de dólares no País.

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Por aqui, após o último comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) desarmar as apostas de quem esperava baixas mais ousadas da taxa Selic, a ata da reunião reforçou a visão, uma vez que apontou que o Banco Central recomenda cautela em eventuais novos ajustes estímulos.

Se por um lado, “a combinação do nível de ociosidade elevado e da potencial propagação da inflação corrente, por mecanismos inerciais, pode continuar produzindo trajetória prospectiva (da inflação) abaixo da esperada”; por outro, uma inflação maior que a projetada, pode ser consequência do “atual grau de estímulo monetário, que atua com defasagens sobre a economia, aumenta a incerteza sobre os canais de transmissão e pode elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária”.

O Banco Central acrescentou que “a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir um ajuste adicional” da Selic, de 0,50 ponto porcentual – avaliação que já constava no comunicado publicado pelo colegiado na semana passada, quando anunciou o terceiro corte consecutivo dos juros, que chegaram a 5% ao ano.

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A agenda do dia seguirá intensa com a entrega, prevista para as 11h no Senado, das próximas propostas de reformas que o governo quer ver aprovadas. Está prevista em seguida uma entrevista coletiva para detalhar as ações do governo.

O esforço é uma sequência à aprovação da reforma da Previdência, ocorrida no fim de outubro. Além do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Casa Civil, Oxyx Lorenzoni, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, deverão estar presentes.

Noticiário Corporativo

O Itaú Unibanco registrou lucro líquido recorrente de R$ 7,156 bilhões no terceiro trimestre deste ano, elevação de 10,9% em relação ao visto em idêntico intervalo de 2018, de R$ 6,454 bilhões. Em relação aos três meses imediatamente anteriores, cresceu 1,7%. O lucro reportado ficou pouco acima das expectativas do consenso da Bloomberg, de R$ 7,11 bilhões.

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O presidente Jair Bolsonaro assina hoje o projeto de lei que estabelece as novas regras para a privatização da Eletrobras (ELET3). Segundo o jornal O Globo, o governo espera arrecadar R$ 16,2 bilhões. O texto será apreciado ainda pelo Congresso.

No agro, os EUA mantiveram o veto à compra da carne brasileira, decretado em 2017, frustrando as expectativas do governo do presidente Bolsonaro e de pecuaristas, que davam praticamente como certa a liberação.

Estão previstos para hoje ainda a divulgação dos resultados de BTG Pactual (BPAC11), Omerga Geração (OMGE3), AES Tietê (TIET11), TIM (TIMP3), Engie (EGIE3), CTEEP (TRPL4), Eneva (ENEV3) e Sanepar (SAPR11).

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Pré-sal

Um grupo de petroleiros entrou com uma ação popular pedindo a suspensão do megaleilão do pré-sal, marcado para esta quarta-feira (6), no Rio de Janeiro. A petição enviada à Justiça Federal de São Paulo em 30 de outubro fala em danos ao patrimônio público e falta de suporte legal ao leilão. Segundo os autores, a Lei de Cessão Onerosa e a Lei 12.351 – Marco do Pré-Sal – não tratam, por exemplo, da possibilidade de entrada de novas empresas nas áreas cedidas à Petrobras em 2010.

“O prejuízo ao País é absolutamente incalculável. É inusitado que qualquer nação do planeta tenha leiloado petróleo encontrado. Isso é como jabuticaba: só o Brasil está fazendo”, disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, João Antonio Moraes, dirigente da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo. Os autores ressaltam que o contrato de cessão onerosa foi criado para capitalizar a Petrobras e que o contrato de cessão onerosa não prevê a transferência de participação em ativos a outras empresas.

“Assim, o Contrato não prevê a revisão da titularidade da cessionária, mesmo porque seria um contrassenso. O processo de cessão onerosa foi concebido para capitalizar a Petrobras, oferecendo exclusivamente à estatal as vantagens decorrentes desse processo”, diz a petição. Segundo os autores, também não há previsão legal que permita a licitação de blocos coincidentes com campos já declarados comerciais sob o regime de cessão onerosa.

No pedido de liminar, os advogados solicitam a suspensão da rodada até o julgamento do mérito da ação e a fixação de multa de R$ 1 milhão por dia em caso de descumprimento da medida. O objetivo final da ação é que seja declarada a ilegalidade de resoluções do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que definiram as regras do leilão e tornado nulo o edital do megaleilão do pré-sal.

(Com Agência Estado, Agência Brasil, Agência Senado e Bloomberg)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.