Dólar sobe a R$ 4,17 com dificuldades para a reunião entre EUA e China; Bolsa opera volátil

Mercado opera sem direção em semana que começa sem o benchmark dos Estados Unidos devido a feriado

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O dólar já sobe mais de 0,5% com dificuldades para a reunião entre Estados Unidos e China, enquanto o Ibovespa segue entre perdas e ganhos nesta segunda-feira (2). O que impede o índice de uma correção mais forte após a alta de 3,55% na semana passada é o rali do minério de ferro que se seguiu aos dados da China no fim de semana. 

De acordo com notícia da Bloomberg, oficiais chineses e norte-americanos têm dificuldades para chegar a um acordo sobre quando ocorrerá o encontro planejado para este mês para continuar as conversas sobre a guerra comercial. A briga teria origem na rejeição dos americanos ao pedido de Pequim para adiar as tarifas que começaram a valer este fim de semana. 

Às 14h12 (horário de Brasília) o Ibovespa tinha leve baixa de 0,08% a 101.055 pontos. Enquanto isso, o dólar comercial sobe 0,67% a R$ 4,1692 na compra e a R$ 4,1699 na venda.

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O dólar futuro para setembro registra ganhos de 0,75% a R$ 4,1785, com investidores atentos também ao cenário sobre a Argentina após o Banco Central do país iniciar a partir de hoje uma intervenção de forma mais agressiva no mercado de câmbio para tentar conter a alta do dólar. 

Ao mesmo tempo, os contratos futuros de juros registravam perdas, o DI para janeiro de 2021 avança quatro pontos-base a 5,57%, e para janeiro de 2023 registra variação positiva de cinco pontos-base, a 6,64%.

Entre os riscos do dia, destaque para o cenário internacional, que tem a confirmação das tarifas que Estados Unidos e China impuseram contra o outro. 

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Os EUA passaram a taxar em 15% uma variedade de produtos, como calçados, relógios inteligentes e televisores de tela plana, enquanto pelo lado chinês os alvos foram as compras de petróleo e soja, com taxas entre 5% e 10%.

Segundo CNBC, porém, apenas um terço dos cerca de 5 mil itens que a China espera taxar passaram a vigorar neste final de semana. A maioria entrará em vigor no dia 15 de dezembro, assim como os planos de restabelecer tarifas sobre automóveis e autopeças dos EUA.

Vale lembrar que hoje as bolsas norte-americanas estão fechadas por conta do feriado de Dia do Trabalho (Labor Day).  

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Por outro lado, o dia é de algum ânimo nas bolsas asiáticas e europeias impulsionadas pelos preços das commodities no mercado internacional, que sobem após dados positivos da China.

Ontem, foi divulgado o Índice Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial chinês da Markit, que avançou em agosto para 50,4 pontos, de 49,9 pontos em julho. 

O dado da Markit contrariou o PMI do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) da China divulgado na sexta, e que havia registrado recuo de 49,7 pontos em julho para 49,5 em agosto.

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Para o mercado contudo, o que importa é o dado de domingo. Tanto que o minério de ferro à vista com 62% de pureza no porto de Qingdao, na China, tem ganhos de 6,99% nesta segunda, atingindo US$ 90,58. 

No Brasil, os investidores seguem acompanhando a agenda política no Congresso, que terá a votação essa semana do relatório da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Noticiário Corporativo

A Petrobras (PETR3; PETR4) informou, em relação à primeira fase dos processos de venda de ativos de refino e logística associada no país, que inclui as refinarias Abreu e Lima (RNEST), Landulpho Alves (RLAM), Presidente Getúlio Vargas (REPAR) e Alberto Pasqualini (REFAP) e seus ativos logísticos correspondentes, que, tendo em vista o interesse do mercado, estendeu o prazo de notificação para participar em tais processos para 16/09/2019.

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O prazo para assinatura do Acordo de Confidencialidade e dos demais documentos previstos nos Teasers permanece 27/09/2019.

Já a Petrobras Distribuidora (BRDT3) informou ter recebido valores referentes aos Instrumentos de Confissão de Dívidas – ICDs assinados com as Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobras (ELET6) e suas controladas distribuidoras de energia.

Até o presente momento, a companhia recebeu o montante de aproximadamente R$ 2,679 bilhões, dos quais R$ 125,9 milhões correspondem à 16ª parcela. A companhia informa que futuros pagamentos vinculados a estes ICDs serão tempestivamente divulgados ao mercado.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 IRBR3 IRBBRASIL REON 105,97 -2,33 +30,27 153,98M
 BRDT3 PETROBRAS BRON 28,18 -2,15 +20,39 129,55M
 CIEL3 CIELO ON 7,63 -1,55 -10,00 35,98M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 86,22 -1,53 +7,49 25,23M
 BBDC3 BRADESCO ON 29,84 -1,52 +6,68 59,48M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CYRE3 CYRELA REALTON 25,97 +3,10 +73,55 36,21M
 RAIL3 RUMO S.A. ON 22,76 +2,99 +33,88 124,30M
 VIVT4 TELEF BRASILPN 54,94 +2,37 +25,99 51,79M
 QUAL3 QUALICORP ON 29,25 +2,31 +133,62 20,30M
 CVCB3 CVC BRASIL ON 54,24 +2,20 -11,30 21,51M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Relatório Focus

Segundo o boletim Focus, pesquisa divulgada todas as semanas pelo Banco Central (BC), a previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – foi ajustada de 0,80% para 0,87% em 2019.

A estimativa de inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo caiu de 3,65% para 3,59%, este ano. Para os anos seguintes não houve alterações nas projeções: 3,85%, em 2020, 3,75%, em 2021, e 3,50%, em 2022.

Para o mercado financeiro, ao final de 2019 a Selic estará em 5% ao ano. Para o final de 2020, a estimativa segue em 5,25% ao ano. No fim de 2021 e 2022, a previsão permanece em 7% ao ano.

Argentina

O Banco Central da República Argentina (BCRA) começará a intervir a partir de hoje de forma mais agressiva no mercado de câmbio para tentar conter a alta do dólar, segundo o jornal La Nación.

A expectativa é de que a autoridade monetária utilize um esquema semelhante ao adotado há pouco mais de um ano, quando, em meio a uma depreciação do peso e a um novo acordo com o FMI fixou o valor da moeda americana com uma oferta diária de US$ 5 bilhões. A medida, que durou 20 dias, foi efetiva.

Dessa forma, o governo argentino também buscará recuperar a paz no mercado de câmbio mostrando um diálogo com a oposição no Congresso, disseram fontes oficiais ao La Nación.

A procura por dólares no país se intensificou na semana passada, após o governo de Mauricio Macri anunciar que não pagará a maior parte de sua dívida de curto prazo na data de vencimento, adiando uma parcela para daqui a seis meses.

Isso significa que a conta poderá ficar nas mãos de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, que formam a chapa da oposição e saíram vencedores nas eleições primárias para a presidência do país, em 11 de agosto. A eleição final será em 27 de outubro.

Caso o BC argentino mantenha a queima de reservas internacionais, para tentar segurar a desvalorização do peso, elas poderão se esgotar em menos de dois meses. Apesar de afirmar possuir US$ 57 bilhões em reservas, pouco menos de US$ 13 bilhões são líquidos.

O BC anunciou ainda que os bancos que operam no país terão de pedir autorização para distribuir seus resultados. A medida inviabiliza a remessa de lucros de bancos internacionais para suas sedes.

(Com informações da Agência Brasil)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.