Dólar vai a R$ 4,18, no maior patamar desde setembro de 2018 com exterior; Ibovespa cai

Câmbio tem mais um dia negativo em meio a notícias de dificuldades para que EUA e China conciliem agendas para falar de guerra comercial e Argentina implementando controle de capital

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O dólar fechou em alta nesta segunda-feira (2) e superou os R$ 4,18, atingindo seu maior patamar desde setembro de 2018, antes da eleição do presidente Jair Bolsonaro.

Os fatores que influenciaram o câmbio foram principalmente externos, como a notícia de que Estados Unidos e China estão com dificuldades para marcar uma reunião para discutir a guerra comercial. O controle de capitais implementado na Argentina também impactou o desempenho das moedas de emergentes. 

Vale lembrar que hoje as bolsas norte-americanas estão fechadas por conta do feriado de Dia do Trabalho (Labor Day).  

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Enquanto isso, o Ibovespa teve uma leve queda corrigindo uma pequena parte dos ganhos da semana passada, quando subiu 3,55%. O desempenho da Vale impediu uma queda maior hoje, com a ação acompanhando o rali do minério de ferro que se seguiu aos dados da China no fim de semana. 

O Ibovespa caiu 0,5% a 100.625 pontos fechando na mínima do dia, com volume financeiro negociado de R$ 10,681 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial subiu 1% a R$ 4,1816 na compra e a R$ 4,1834 na venda. Foi o maior patamar de fechamento da moeda dos EUA sobre o real desde 13 de setembro do ano passado, quando o câmbio terminou o dia em R$ 4,1957. 

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O dólar futuro para setembro registra ganhos de 1% a R$ 4,189, com investidores atentos também ao cenário sobre a Argentina após o Banco Central do país proibir os argentinos de comprarem mais de US$ 10 mil por mês.

Também foi proibida a compra de dólares por empresas sem autorização do BC e as transferências da divisa das contas de companhias para o exterior da mesma forma precisarão de permissão. 

Márcio Appel, fundador da gestora Adam Capital, disse que o dólar pode chegar a R$ 4,50 neste ano. “O Brasil está buscando um novo equilíbrio, com juros baixos para estimular a atividade. Isso, combinado ao cenário externo mais complicado, deve levar à depreciação do real”, avaliou. 

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Ao mesmo tempo, os contratos futuros de juros no Brasil registravam ganhos, o DI para janeiro de 2021 avança quatro pontos-base a 5,57%, e para janeiro de 2023 registra variação positiva de sete pontos-base, a 6,66%.

Cenário externo

De acordo com notícia da Bloomberg, oficiais chineses e norte-americanos têm dificuldades para chegar a um acordo sobre quando ocorrerá o encontro planejado para este mês para continuar as conversas sobre a guerra comercial.

A briga teria origem na rejeição dos americanos ao pedido de Pequim para adiar as tarifas que começaram a valer este fim de semana. 

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Os EUA passaram a taxar em 15% uma variedade de produtos, como calçados, relógios inteligentes e televisores de tela plana, enquanto pelo lado chinês os alvos foram as compras de petróleo e soja, com taxas entre 5% e 10%.

Segundo CNBC, porém, apenas um terço dos cerca de 5 mil itens que a China espera taxar passaram a vigorar neste final de semana. A maioria entrará em vigor no dia 15 de dezembro, assim como os planos de restabelecer tarifas sobre automóveis e autopeças dos EUA.

Por outro lado, o dia foi de algum ânimo nas bolsas asiáticas e europeias impulsionadas pelos preços das commodities no mercado internacional, que sobem após dados positivos da China.

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Ontem, foi divulgado o Índice Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial chinês da Markit, que avançou em agosto para 50,4 pontos, de 49,9 pontos em julho. 

O dado da Markit contrariou o PMI do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) da China divulgado na sexta, e que havia registrado recuo de 49,7 pontos em julho para 49,5 em agosto.

Para o mercado contudo, o que importa é o dado de domingo. Tanto que o minério de ferro à vista com 62% de pureza no porto de Qingdao, na China, tem ganhos de 6,99% nesta segunda, atingindo US$ 90,58. 

No Brasil, os investidores seguiram acompanhando a agenda política no Congresso, que terá a votação essa semana do relatório da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Noticiário Corporativo

A Petrobras (PETR3; PETR4) informou, em relação à primeira fase dos processos de venda de ativos de refino e logística associada no país, que inclui as refinarias Abreu e Lima (RNEST), Landulpho Alves (RLAM), Presidente Getúlio Vargas (REPAR) e Alberto Pasqualini (REFAP) e seus ativos logísticos correspondentes, que, tendo em vista o interesse do mercado, estendeu o prazo de notificação para participar em tais processos para 16/09/2019.

O prazo para assinatura do Acordo de Confidencialidade e dos demais documentos previstos nos Teasers permanece 27/09/2019.

Já a Petrobras Distribuidora (BRDT3) informou ter recebido valores referentes aos Instrumentos de Confissão de Dívidas – ICDs assinados com as Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobras (ELET6) e suas controladas distribuidoras de energia.

Até o presente momento, a companhia recebeu o montante de aproximadamente R$ 2,679 bilhões, dos quais R$ 125,9 milhões correspondem à 16ª parcela. A companhia informa que futuros pagamentos vinculados a estes ICDs serão tempestivamente divulgados ao mercado.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 IRBR3 IRBBRASIL REON 104,70 -3,50 +28,71 234,61M
 BBDC3 BRADESCO ON 29,62 -2,24 +5,89 100,11M
 CIEL3 CIELO ON 7,59 -2,06 -10,47 64,16M
 RADL3 RAIADROGASILON 90,20 -2,00 +58,56 58,05M
 B3SA3 B3 ON 43,94 -1,92 +65,99 189,39M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 QUAL3 QUALICORP ON 29,50 +3,18 +135,62 40,58M
 RAIL3 RUMO S.A. ON 22,76 +2,99 +33,88 197,34M
 EQTL3 EQUATORIAL ON 98,20 +2,54 +33,25 73,71M
 CYRE3 CYRELA REALTON 25,82 +2,50 +72,55 52,67M
 BRML3 BR MALLS PARON 13,80 +2,37 +12,70 98,81M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 46,01 +0,97 574,04M 1,03B 25.541 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 25,30 -0,78 479,56M 1,31B 23.754 
 BBDC4 BRADESCO PN 32,61 -1,03 306,81M 697,64M 25.713 
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 36,61 +0,88 236,93M 349,70M 13.376 
 BBAS3 BRASIL ON ERJ 45,65 -1,28 236,91M 470,74M 14.409 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 33,50 -1,25 236,01M 734,74M 23.883 
 IRBR3 IRBBRASIL REON 104,70 -3,50 234,61M 277,09M 10.740 
 GNDI3 INTERMEDICA ON 57,00 +1,64 219,59M 198,35M 19.250 
 RAIL3 RUMO S.A. ON 22,76 +2,99 197,34M 186,63M 24.189 
 VVAR3 VIAVAREJO ON 7,79 +0,78 193,02M 281,61M 38.891 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Relatório Focus

Segundo o boletim Focus, pesquisa divulgada todas as semanas pelo Banco Central (BC), a previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – foi ajustada de 0,80% para 0,87% em 2019.

A estimativa de inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo caiu de 3,65% para 3,59%, este ano. Para os anos seguintes não houve alterações nas projeções: 3,85%, em 2020, 3,75%, em 2021, e 3,50%, em 2022.

Para o mercado financeiro, ao final de 2019 a Selic estará em 5% ao ano. Para o final de 2020, a estimativa segue em 5,25% ao ano. No fim de 2021 e 2022, a previsão permanece em 7% ao ano.

Argentina

O Banco Central da República Argentina (BCRA) começará a intervir a partir de hoje de forma mais agressiva no mercado de câmbio para tentar conter a alta do dólar, segundo o jornal La Nación.

A expectativa é de que a autoridade monetária utilize um esquema semelhante ao adotado há pouco mais de um ano, quando, em meio a uma depreciação do peso e a um novo acordo com o FMI fixou o valor da moeda americana com uma oferta diária de US$ 5 bilhões. A medida, que durou 20 dias, foi efetiva.

Dessa forma, o governo argentino também buscará recuperar a paz no mercado de câmbio mostrando um diálogo com a oposição no Congresso, disseram fontes oficiais ao La Nación.

A procura por dólares no país se intensificou na semana passada, após o governo de Mauricio Macri anunciar que não pagará a maior parte de sua dívida de curto prazo na data de vencimento, adiando uma parcela para daqui a seis meses.

Isso significa que a conta poderá ficar nas mãos de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, que formam a chapa da oposição e saíram vencedores nas eleições primárias para a presidência do país, em 11 de agosto. A eleição final será em 27 de outubro.

Caso o BC argentino mantenha a queima de reservas internacionais, para tentar segurar a desvalorização do peso, elas poderão se esgotar em menos de dois meses. Apesar de afirmar possuir US$ 57 bilhões em reservas, pouco menos de US$ 13 bilhões são líquidos.

(Com informações da Agência Brasil)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.