Ibovespa engata alta após fala de Trump sobre acordo; DIs recuam antes de Copom

Mercado tem dia de movimento indefinido em antes das reuniões do Fed e do Copom, que ocorrem após a disparada do petróleo na véspera

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa vira para alta nesta terça-feira (17), puxado pelo desempenho positivo de B3 (B3SA3), Bradesco (BBDC3; BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), Itaú (ITUB4) e Vale (VALE3). Juntas, essas ações correspondem a 33,3% da carteira teórica do índice. 

Animando as ações está a fala do presidente norte-americano, Donald Trump, que afirmou que um acordo comercial com a China pode sair em breve. 

Por outro lado, Petrobras (PETR3; PETR4) segue em queda forte também acompanhando o petróleo, que recua mais de 5% diante de notícias de que a Arábia Saudita conseguirá repor o que perdeu de sua produção mais cedo do que se esperava. 

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Às 15h16 (horário de Brasília) o principal índice da B3 tem ganhos de 0,68% a 104.389 pontos. Ao mesmo tempo, o dólar comercial cai 0,17% a R$ 4,0819 na compra e a R$ 4,0837 na venda, o dólar futuro registra perdas de 0,18% a R$ 4,0775. 

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 vira para queda de sete pontos-base a 5,21%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 cai 11 pontos-base, a 6,26%.

Os DIs respondem às expectativas pela reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa hoje e amanhã deve trazer uma revisão na taxa básica de juros brasileira. A maioria dos economistas espera que haja uma redução de 0,5 ponto percentual na Selic. 

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Os investidores também monitoram o impacto da alta do petróleo da véspera sobre a política de preços da Petrobras.

Em comunicado, a companhia informou que não faria o reajuste imediato dos preços do petróleo nos combustíveis, uma vez que o ambiente é de volatilidade e que a reação súbita pode ser atenuada na medida em que maiores esclarecimentos aconteçam.

Ontem, em entrevista à RecordTV, o presidente Jair Bolsonaro havia antecipado que o aumento nos preços do petróleo não seria repassado ao consumidor imediatamente, citando conversa com o CEO Roberto Castello Branco.  

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Hoje, os preços do petróleo operam em queda após a disparada de quase 20% durante o pregão de ontem, como consequência direta do ataque à unidade da petroleira da Saudi Aramco, na Arábia Saudita, por um drone, no final de semana.

Esse foi o maior salto nas cotações em quase 30 anos. No entanto, o preço da commodity desacelerou o WTI fechou com alta de 14,67% e Brent de 16,61%.

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Depois do atentado, o presidente dos EUA, Donald Trump, comentou que “certamente parece” que o Irã foi o responsável pelos ataques de drones à planta de petróleo saudita.

Trump destacou ainda que as sanções contra o regime teocrático não serão retiradas e que não pretende entrar em guerra, mas que está preparado para uma eventualidade. 

No exterior, enquanto os investidores se mantém cautelosos, à espera da reunião do Federal Reserve (Fed), que começa hoje e vai até amanhã, que tenderá a reduzir os juros em 0,25 ponto porcentual, na avaliação majoritária do mercado, a boa notícia é retomada das conversas entre EUA e China, com negociadores comerciais de segundo escalão se reunindo na quinta-feira em Washington.

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Noticiário Corporativo

A Telefônica Brasil (VIVT4) enviou ofício à CVM em resposta à informações sobre um possível interesse na aquisição de ativos da Oi. Segundo a tele, “não há qualquer fato relevante a ser comunicado a respeito.”

“Nada obstante, a companhia informa que está tomando providências para averiguar junto à Telefónica S.A., acerca do conhecimento de informações a respeito do referido assunto que deveriam ser divulgadas ao mercado”, afirmou a Telefônica.

Já a Oi (OIBR4) afirmou, também em resposta à CVM, que “desconhece por completo a informação” de interesse da Telefônica na operadora.

A Oi informou ainda que a geração de caixa operacional líquida das recuperandas foi negativa em R$ 540 milhões em julho deste ano; que os investimentos atingiram o patamar de R$ 702 milhões (o maior valor desde o início do processo de recuperação judicial); e que o seu saldo final de caixa teve retração de R$ 524 milhões, somando R$ 3,621 bilhões.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRVE3 MRV ON 18,55 +6,55 +53,31 143,55M
 GOLL4 GOL PN N2 33,94 +5,90 +35,22 272,09M
 IRBR3 IRBBRASIL REON 111,97 +4,64 +37,65 275,90M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 18,93 +4,01 -27,04 79,79M
 AZUL4 AZUL PN N2 48,85 +3,94 +35,69 235,87M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN N2 27,44 -2,21 +22,17 1,43B
 PETR3 PETROBRAS ON N2 30,39 -1,97 +20,80 150,56M
 BRDT3 PETROBRAS BRON 27,08 -1,63 +15,69 77,09M
 QUAL3 QUALICORP ON 27,75 -1,56 +121,64 31,61M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 85,71 -1,37 +6,85 101,16M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Bolsas Internacionais

Os mercados futuros de Nova York, que abriram operando perto da estabilidade, ampliaram as perdas, em meio a um universo de incertezas geopolíticas. Se por um lado, a guerra comercial entre EUA e China traz preocupações em relação aos possíveis efeitos sobre a desaceleração econômica global, por outro a disparada das cotações do petróleo – elevando os preços da energia – amplia os receios quanto ao ritmo de velocidade de corte dos juros nos EUA por parte do Fed.

Segundo a CNBC, o aumento das cotações do petróleo ajudou a aumentar a percepção do mercado de que o Federal Reserve poderia não ter tanta pressa em cortar as taxas de juros.

Hoje, com o início da reunião do Fomc – que termina amanhã, com o anúncio do novo patamar de juros da economia norte-americana –, traders do mercado futuro de fed funds já consideram uma chance de 34% de que as de que o Fed mantenha as taxas inalteradas. Há um mês essa probabilidade era zero e há uma semana de apenas 5,4% há uma semana, segundo o CME.

De positivo, a informação sobre a retomada das conversas entre EUA e China para buscar um acordo comercial. O vice-ministro das Finanças da China, Liao Min, disse que vai visitar Washington na quarta-feira, 18, para “preparar o caminho” das negociações comerciais previstas para outubro entre as duas maiores economias do mundo. O anúncio da visita foi feito nesta terça-feira, 17, pelo governo chinês.

Liao vai chefiar uma delegação de autoridades chinesas, segundo a agência de notícias oficial Xinhua News, mas Pequim não detalhou a agenda do vice-ministro na capital dos Estados Unidos. Os dois países travam desde o ano passado uma guerra comercial que envolve a fixação de tarifas para a importação de produtos pelas duas partes.

Na semana passada, no entanto, líderes americanos e chineses acenaram com uma trégua, ao adiar ou cancelar o início de cobrança de tarifas de importação. A última rodada de negociações, realizada em Xangai, em julho, terminou em fracasso.

(Com Agência Estado, Agência Senado, Agência Brasil e Bloomberg)

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.