Ibovespa fecha no maior nível desde julho com fala de Trump e à espera de “super quarta”

Mercado tem dia de movimento indefinido em antes das reuniões do Fed e do Copom, que ocorrem após a disparada do petróleo na véspera

Ricardo Bomfim

(Divulgação)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira (17), voltando ao seu maior patamar desde julho. Quem liderou as altas do índice foram as ações de empresas do setor financeiro como B3 (B3SA3), Bradesco (BBDC3; BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú (ITUB4). Juntas, essas ações correspondem a 25% da carteira teórica do índice. 

Animando as ações esteve a fala do presidente norte-americano, Donald Trump, que afirmou que um acordo comercial com a China pode sair em breve. 

Por outro lado, a Petrobras (PETR3; PETR4) encerrou a sessão em queda em meio a preocupações com a política de preços da companhia e também acompanhando o petróleo, que recuou 6% diante de notícias de que a Arábia Saudita conseguirá repor o que perdeu de sua produção mais cedo do que se esperava. 

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O principal índice da B3 teve ganhos de 0,9% a 104.616 pontos com volume financeiro negociado de R$ 15,738 bilhões. Com a alta, a Bolsa fechou em seu maior patamar desde 18 de julho, quando o Ibovespa terminou o pregão cotado a 104.717 pontos. 

Ao mesmo tempo, o dólar comercial caiu 0,31% a R$ 4,0773 na compra e a R$ 4,078 na venda, o dólar futuro registra leves perdas de 0,07% a R$ 4,082. 

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 registrou queda de oito pontos-base a 5,20%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 cai 17 pontos-base, a 6,20%.

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Os DIs respondem às expectativas pela reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa hoje e amanhã deve trazer uma revisão na taxa básica de juros brasileira. A maioria dos economistas espera que haja uma redução de 0,5 ponto percentual na Selic. 

Os investidores também monitoram o impacto da alta do petróleo da véspera sobre a política de preços da Petrobras.

Em comunicado, a companhia informou que não faria o reajuste imediato dos preços do petróleo nos combustíveis, uma vez que o ambiente é de volatilidade e que a reação súbita pode ser atenuada na medida em que maiores esclarecimentos aconteçam.

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje que quem resolve o preço de petróleo é a Petrobras. 

Ontem, em entrevista à RecordTV, o presidente Jair Bolsonaro havia antecipado que o aumento nos preços do petróleo não seria repassado ao consumidor imediatamente, citando conversa com o CEO Roberto Castello Branco.  

Hoje, os preços do petróleo tiveram queda após a disparada de quase 20% durante o pregão de ontem, como consequência direta do ataque à unidade da petroleira da Saudi Aramco, na Arábia Saudita, por um drone, no final de semana.

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Depois do atentado, o presidente dos EUA, Donald Trump, comentou que “certamente parece” que o Irã foi o responsável pelos ataques de drones à planta de petróleo saudita.

Trump destacou ainda que as sanções contra o regime teocrático não serão retiradas e que não pretende entrar em guerra, mas que está preparado para uma eventualidade. 

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No exterior, enquanto os investidores se mantém cautelosos, à espera da reunião do Federal Reserve (Fed), que começa hoje e vai até amanhã, que tenderá a reduzir os juros em 0,25 ponto porcentual, na avaliação majoritária do mercado, a boa notícia é retomada das conversas entre EUA e China, com negociadores comerciais de segundo escalão se reunindo na quinta-feira em Washington.

Noticiário Corporativo

A Telefônica Brasil (VIVT4) enviou ofício à CVM em resposta à informações sobre um possível interesse na aquisição de ativos da Oi. Segundo a tele, “não há qualquer fato relevante a ser comunicado a respeito.”

“Nada obstante, a companhia informa que está tomando providências para averiguar junto à Telefónica S.A., acerca do conhecimento de informações a respeito do referido assunto que deveriam ser divulgadas ao mercado”, afirmou a Telefônica.

Já a Oi (OIBR4) afirmou, também em resposta à CVM, que “desconhece por completo a informação” de interesse da Telefônica na operadora.

A Oi informou ainda que a geração de caixa operacional líquida das recuperandas foi negativa em R$ 540 milhões em julho deste ano; que os investimentos atingiram o patamar de R$ 702 milhões (o maior valor desde o início do processo de recuperação judicial); e que o seu saldo final de caixa teve retração de R$ 524 milhões, somando R$ 3,621 bilhões.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRVE3 MRV ON 18,65 +7,12 +54,14 238,27M
 GOLL4 GOL PN N2 33,83 +5,55 +34,78 333,08M
 IRBR3 IRBBRASIL REON 112,73 +5,36 +38,58 431,35M
 CYRE3 CYRELA REALTON 22,83 +4,72 +52,57 115,33M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 19,02 +4,51 -26,69 166,61M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PETR3 PETROBRAS ON N2 30,52 -1,55 +21,32 223,20M
 BRDT3 PETROBRAS BRON 27,16 -1,34 +16,04 190,03M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 85,75 -1,32 +6,90 172,87M
 PETR4 PETROBRAS PN N2 27,69 -1,32 +23,29 1,85B
 CSAN3 COSAN ON 53,88 -1,26 +64,55 80,87M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o Índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 27,69 -1,32 1,85B 1,37B 57.958 
 VALE3 VALE ON 48,90 +0,64 704,50M 913,97M 29.664 
 BBDC4 BRADESCO PN 33,90 +2,67 603,64M 598,84M 28.102 
 JBSS3 JBS ON 29,55 -0,64 499,20M 325,29M 30.893 
 IRBR3 IRBBRASIL REON 112,73 +5,36 431,35M 185,34M 20.410 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 35,36 +0,37 428,76M 708,11M 24.054 
 CMIG4 CEMIG PN 14,42 +2,20 360,92M 138,02M 26.803 
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 34,85 -0,06 357,55M 383,23M 28.688 
 GOLL4 GOL PN N2 33,83 +5,55 333,08M 139,78M 24.853 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,43 +1,46 327,82M 342,97M 24.982 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Exterior

Se por um lado, a guerra comercial entre EUA e China traz preocupações em relação aos possíveis efeitos sobre a desaceleração econômica global, por outro a disparada das cotações do petróleo – elevando os preços da energia – amplia os receios quanto ao ritmo de velocidade de corte dos juros nos EUA por parte do Fed.

Segundo a CNBC, o aumento das cotações do petróleo ajudou a aumentar a percepção do mercado de que o Federal Reserve poderia não ter tanta pressa em cortar as taxas de juros.

Hoje, com o início da reunião do Fomc – que termina amanhã, com o anúncio do novo patamar de juros da economia norte-americana –, traders do mercado futuro de fed funds já consideram uma chance de 34% de que as de que o Fed mantenha as taxas inalteradas. Há um mês essa probabilidade era zero e há uma semana de apenas 5,4% há uma semana, segundo o CME.

De positivo, a informação sobre a retomada das conversas entre EUA e China para buscar um acordo comercial. O vice-ministro das Finanças da China, Liao Min, disse que vai visitar Washington na quarta-feira, 18, para “preparar o caminho” das negociações comerciais previstas para outubro entre as duas maiores economias do mundo. O anúncio da visita foi feito nesta terça-feira, 17, pelo governo chinês.

Liao vai chefiar uma delegação de autoridades chinesas, segundo a agência de notícias oficial Xinhua News, mas Pequim não detalhou a agenda do vice-ministro na capital dos Estados Unidos. Os dois países travam desde o ano passado uma guerra comercial que envolve a fixação de tarifas para a importação de produtos pelas duas partes.

Na semana passada, no entanto, líderes americanos e chineses acenaram com uma trégua, ao adiar ou cancelar o início de cobrança de tarifas de importação. A última rodada de negociações, realizada em Xangai, em julho, terminou em fracasso.

(Com Agência Estado, Agência Senado, Agência Brasil e Bloomberg)

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.